Por Joaci Góes
À querida amiga Zita Magalhães Alves!
Em tese, toda realidade humana pode melhorar ou piorar, no universo, próximo ou remoto, de uma ou mais pessoas. Este é o caso do Brasil e dos seus 220 milhões de habitantes, cujo futuro tem sido objeto de acaloradas discussões, dentro e fora do País. Se o atual Governo continuar atuando, movido pelo interesse dominante de ganhar as próximas eleições, o futuro do País será o da continuidade do nosso declínio, em termos absolutos e relativos. Se atuar, como fez Michel Temer, inspirado no interesse das futuras gerações, ganhará o reconhecimento da posteridade, independentemente do resultado eleitoral de 2026.
Além do seu declarado descompromisso com a verdade, o problema central de Lula consiste em confundir poder de autoridade com poder de competência. Enquanto o poder de autoridade deriva da posse ou da propriedade, o poder de competência deriva do conhecimento ou saber. Algo como a diferença entre o proprietário de um avião, que não sabe pilotar, e o seu piloto. Enquanto o proprietário tem o poder de fazer com o avião o que quiser, deixá-lo no hangar, emprestá-lo ou desmontá-lo, o piloto é quem dispõe da competência para conduzi-lo e aos seus passageiros com segurança. Lula não segue este modelo, seja porque pensa que sabe o que é melhor para cada Ministério, seja porque não se esmera na escolha de nomes competentes, com raras exceções, como fez Jair Bolsonaro, para ocupar cada uma das diferentes pastas.
No panorama de desalento que domina o País, as expectativas oscilam entre a esperança de uma melhoria que evite o desastre e um realismo cru que antevê desdobramentos que levarão o Brasil à quadra mais difícil de sua oscilante história. Por isso, cresce, nos bastidores, o movimento pelo pedido de licença do Presidente, para legítimo gozo do outono de uma biografia rocambolesca, passando o País ao comando do vice-Presidente Geraldo Alckmin, inquestionavelmente preparado para suceder o titular, bastando mencionar sua rica experiência como médico, professor universitário, vereador, vice-prefeito e prefeito de sua cidade natal, Pindamonhangaba, deputado estadual, deputado federal, inclusive constituinte, vice-governador e governador de São Paulo, ao longo de 16 anos, atualmente, Ministro da Indústria e Comércio e vice-Presidente da República. Não há vice presidente, na história do Brasil, com tamanha e bem sucedida experiência, para ocupar o comando geral da Nação.
Com a lhaneza que lhe é peculiar, Geraldo Alckmin saberá organizar uma maioria parlamentar que elimine o toma-lá-dá-cá que dificulta quando não inviabiliza governos destituídos de maioria congressual estável, como é o caso do atual.
Tudo isso sem levar em conta a difícil posição em que o populismo lulista colocou o Brasil, neste momento novo da ordem econômico-política mundial, em que se aguarda um protagonismo sem precedentes do novo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, gratuitamente hostilizado pelo presidente Lula, com palavras que colocaram em polvorosa a experiente diplomacia brasileira. Sem falar na sua postura anti-OTAN e anti-iluminista, e pró Hamas e Hezbollah, terroristas empenhados em destruir Israel.
Explica-se, portanto, a pesquisa que conclui pelo elevado índice de pessimismo do povo brasileiro, relativamente ao ano que se inicia.
Se Lula, milagrosamente, se deixar possuir por alma de verdadeiro estadista, fará o óbvio: esquece a reeleição e mobiliza a nação para suas grandes prioridades, sem as quais não avançaremos ao patamar dos povos maduros: 1- educação pública de alta qualidade, libertando-a do tolo gramscismo que imbeciliza a juventude pobre do Brasil. Veja-se nosso último e mendicante IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica; 2- universalização do acesso a saneamento básico, cujas carências adoecem e comprometem o corpo e a inteligência dos pobres brasileiros; 3- põe fim ao ostensivo e obsceno flirt com os segmentos marginais que assaltam e infelicitam o Brasil, inclusive sua população carcerária.
Numa palavra: grandeza de postura, em lugar da ominosa desfaçatez que rebaixa o Brasil aos olhos do Mundo.