A cassação do mandato de Deltan Dallagnol (Podemos-PR), deliberada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), subiu em poucos minutos para o primeiro lugar dos assuntos mais comentados do Twitter. Quinze minutos depois da notícia, mais de 30 mil publicações sobre o episódio foram feitas.
O julgamento durou cerca de 1h30, mas, entre o fim da leitura do voto do relator, ministro Benedito Gonçalves, e a proclamação do resultado, passou-se um minuto e seis segundos. Todos os ministros acompanharam Gonçalves, sem manifestações. O ministro Alexandre de Moraes, que proclamou o resultado, determinou imediato cumprimento, independente de publicação no Diário de Justiça.
Dallagnol comentou a cassação por meio da sua assessoria. “Uma única canetada, ao arrepio da lei e da Justiça. Meu sentimento é de indignação com a vingança sem precedentes.”
Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi preso no âmbito da Operação Lava Jato, comemoraram a decisão contra o opositor político, em manifestações que vão desde ironias com PowerPoint a versículos bíblicos. Por sua vez, o senador e ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil-PR), antigo companheiro de trabalho de Dallagnol na Lava Jato, se disse “estarrecido” com a decisão.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse “Agora Deltan Dallagnol tem um PowerPoint para chamar de seu! Cassado!”
Outro aliado de Lula, Renan Calheiros (MDB-AL), disse que Dallagnol “delinquiu no MP ávido pelo poder”, em referência à atuação do ex-procurador da República em Curitiba.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, usou um versículo bíblico para comentar a cassação. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.”
Mais tarde, Dino relembrou que, em 2010, foi autor do projeto de lei que estendia a aplicação da Lei da Ficha Limpa para magistrados e membros do Ministério Público – dispositivo que foi usado pelo TSE para cassar o mandato de Dallagnol.
Os dois já trocaram farpas em diversas ocasiões. O ex-procurador da Lava Jato insinuou que o ministro da Justiça teria ligações com o crime organizado, por ter feito uma visita ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro. Como resposta, Dino apresentou uma queixa-crime contra Dallagnol no Supremo, acusando-o dos crimes de calúnia, difamação e racismo.
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, também foi a público comentar a cassação de Dallagnol. “Uma mentira só dura até que a verdade chegue. Que a justiça continue a ser feita a todos que lucraram com a destruição da democracia.”
Sérgio Moro lamentou a perda do cargo de Dallagnol. “Perde a política. Minha solidariedade aos eleitores do Paraná e aos cidadãos do Brasil.”
O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) abriu uma live para comentar o episódio. “Deixo aqui minha solidariedade ao Deltan. Não sei o que fazer. Eles monopolizaram o poder para calar nossa oposição.” Nas redes, ele reiterou que a cassação Dallagnol seria uma manobra feita pelo governo.
Leia a íntegra da nota enviada pela assessoria de Deltan Dallagnol:
Nota sobre o julgamento do TSE
344.917 mil vozes paranaenses e de milhões de brasileiros foram caladas nesta noite com uma única canetada, ao arrepio da lei e da Justiça. Meu sentimento é de indignação com a vingança sem precedentes que está em curso no Brasil contra os agentes da lei que ousaram combater a corrupção. Mas nenhum obstáculo vai me impedir de continuar a lutar pelo meu propósito de vida de servir a Deus e ao povo brasileiro.
Deltan Dallagnol
Do Estadão/MSN