Por Victor Pinto
A independência da Bahia ainda reverbera, e não apenas a nível local. Recentemente, em uma declaração pública, o presidente Lula (PT) sugeriu que o Brasil deveria adotar duas datas para celebrar a Independência: 7 de setembro e 2 de julho. Esta última, focada na independência da Bahia, traz à tona uma perspectiva muitas vezes negligenciada da nossa história nacional. De acordo com os livros históricos, a verdadeira independência aconteceu em 2 de julho de 1823, com a expulsão dos últimos portugueses de Salvador, graças à bravura de homens e mulheres, incluindo heroínas, que lutaram pela liberdade. A proposta de oficializar ambas as datas não é apenas um exercício de revisitar a história, mas um reconhecimento das facetas da nossa trajetória rumo à independência.
É fundamental entender o contexto histórico para apreciar plenamente essa proposta. Enquanto o grito do Ipiranga em 7 de setembro de 1822, proclamado por Dom Pedro I, é amplamente reconhecido como o marco da independência brasileira, a luta pela liberdade na Bahia continuou por mais dez meses. A resistência baiana culminou em 2 de julho de 1823, quando as forças brasileiras finalmente derrotaram os portugueses em Salvador, marcando o fim do domínio colonial naquela região. Essa vitória não foi apenas militar, mas também um símbolo poderoso da determinação e coragem do povo baiano.
A celebração do 2 de julho como feriado nacional representaria um passo e tanto na valorização da diversidade de experiências que compõem a história brasileira. Além disso, essa data destaca a participação ativa de mulheres na luta pela independência, figuras como Maria Quitéria e Joana Angélica, cujas histórias de bravura são inspirações duradouras.
A proposta de Lula também pode ser vista como um aceno estratégico para uma importante base eleitoral. A Bahia, um estado de grande peso no cenário político, sempre foi um reduto significativo para o PT. Transformar o 2 de julho em feriado nacional não só reconhece a importância histórica da data, mas também reforça o vínculo do governo com a população baiana.
Resta saber se essa proposta será concretizada. Se Lula estabelecer essa transformação como uma meta prioritária, há uma boa chance de sucesso. A oficialização do 2 de julho como feriado nacional seria um tributo merecido à resistência baiana.
É um reconhecimento de que a independência do Brasil foi um processo complexo e multifacetado, que merece ser celebrado em toda a sua diversidade. E assim, ao honrar o 2 de julho, estamos, na verdade, honrando a verdadeira essência da nossa independência.
Um adendo: aproveitar esse texto cívico e abraçar minha querida Conceição do Coité, no interior da Bahia, que completou ontem 91 anos de emancipação política.