“Salvador é a capital mais feminina e uma das mais desiguais” segundo Aladilce

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Mais de 1200 mulheres atenderam à convocação da ex-vereadora Aladilce Souza (PCdoB) e lotaram a Casa Rosa (Rio Vermelho), na tarde desta quinta-feira (18), provando que estão dispostas a lutar “pela Salvador que queremos”. A plenária traduziu a insatisfação diante das desigualdades observadas na capital mais feminina do Brasil, com 54,4% de sua população formada por mulheres, aproximadamente 1,3 milhão de habitantes. Apesar disso, é também a que apresenta alguns dos piores índices de desenvolvimento humano (IDH), segundo o Instituto de Cidades Sustentáveis (2023).

Pré-candidata a vereadora, Aladilce lamentou que a capital baiana amarga, por exemplo, os piores índices de renda, emprego, segurança e desnutrição infantil. “É uma cidade com grande desigualdade. Uma pequena parcela da população vive em elevado nível de qualidade de vida, enquanto a maioria vive em bairros de grande densidade populacional, sem saneamento básico, fornecimento de água e luz adequados, precários serviços de saúde, transporte e educação, esporte e cultura”, resumiu.

Voltar ao parlamento

A sub-representação das mulheres na política foi o que estimulou Aladilce a se candidatar a um novo mandato na Câmara Municipal, depois de ter exercido quatro consecutivos. “As mulheres precisam de voz na busca por direitos e espaços condizentes com a nossa presença na população, tanto no parlamento quanto nos espaços de poder e nos cargos de melhor remuneração”, defendeu. Entre os indicadores que considerou alarmantes, apontou: em 2021 salvador foi a capital com a segunda maior taxa de homicídios (332,75 / 100 mil habitantes), sendo a primeira causa de morte de jovens de 15 a 29 anos, sobretudo negros; das 316.760 famílias registradas no Bolsa Família, 85% são lideradas por mulheres, também aí majoritariamente negras.

As mulheres continuam sendo as maiores vítimas de violência doméstica, física, patrimonial, assédio sexual e moral. De acordo com levantamento do Centros de Referência de Atendimento à Mulher, órgão municipal, em 2023 foram registrados 840 casos de agressões contra mulheres, mostrando crescimento em relação aos 600 notificado no ano anterior. Com o agravante de que a mesma mulher é sempre vítima de mais de um tipo de violência. Importante notar, segundo Aladilce, que as identificadas como pardas representaram 45,71% do total (384) e as pretas 42,8 (360). “Esses dados são estarrecedores e evidenciam a necessidade, e a coragem, de propor políticas públicas para enfrenta-los”, defendeu.

Em todos os pronunciamentos da plenária, em comum a importância da representatividade feminina combativa no Legislativo, garantindo que as demandas populares terão voz e vez na Casa, onde a bancada governista, sempre em maioria, tem a prática de passar o rolo compressor e evitar o debate de projetos fundamentais para a cidade. É o caso do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), do IPTU e do Plano Plurianual de Aplicações (PPA), além de proposições de políticas públicas que façam a diferença para a população mais desassistida de serviços públicos.

Entre os depoimentos em vídeo foi exibido o de Fabya Reis, pré-candidata a vice-prefeita de Salvador na chapa da frente liderada por Geraldo Júnior (MDB), que no mesmo horário promovia mais uma edição do Programa de Governo Participativo (PGP), no Subúrbio Ferroviário.
Prestigiaram o evento as deputadas federais Alice Portugal (PCdoB) e Lídice da Mata (PSB); as deputadas estaduais Olívia Santana (PCdoB) e Fabíola Mansur (PSB); a titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi), ngela Guimarães; a vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Mulher (CDDM), Samêhy Pataxó; a presidenta do SindSaúde, Ivanilda Souza; a presidente da UBM Bahia, Jéssica Baiano; Rosa Souza, da CTB; Daniela Costa, secretária nacional de Mulheres do PCdoB, e Marina Duarte, do Negros e Negras pela Igualdade.

Os movimentos sociais foram representados por várias lideranças, como Fátima Lima, do Quilombo do Alto do Tororó; Fátima Souza, da Associação de Mulheres 8 de Março; e Elisleide Bonfim, da Luta Antimanicomial.

A baiana de acarajé Miracy, popular no Centro Histórico de Salvador, fez questão de também manifestar apoio a Aladilce.
Foto: Divulgação/Uise Epitácio