Por Alcione Bastos
As fantasias sexuais, além de muitos benefícios, também rendem algumas boas histórias como essa que vou contar para vocês. Parte importante da terapia sexual, que poucas pessoas exploram com maestria, pois, se assim fosse, não haveria um casal com queixa de vida sexual fraca ou insatisfatória.
As fantasias alimentam nossos desejos. São como água de um poço artesiano, à medida que vamos cavando, ela vai brotando. Se tivermos um recipiente raso, a água extravasa e se perde e se não tivermos capacidade para absorvê-la, ela pode nos afogar.
São ótimas quando compartilhadas com a parceria e melhor ainda quando entendemos que nem sempre são passíveis de serem realizadas. Algumas fantasias são melhores do que a realidade. Quando o casal decide realizar uma fantasia, precisa definir vários detalhes, fazer combinados, falar sobre situações hipotéticas e fazer simulações. Só então recomendo que partam para a realização.
Meu paciente que chamarei de Alfredo, após algumas sessões de terapia, quis experimentar uma das suas fantasias mais picantes. Demorou um tempo maturando, depois tomou coragem e compartilhou com a esposa. Inicialmente houve alguma resistência de ambos já que ela aproveitou o ensejo para inserir também algumas ideias que já vinham lhe ocorrendo. A imaginação é bicho que corre solto pelo mato. Por fim, chegaram a um acordo sobre como, onde, quando e com quem, iriam se lançar nessa empreitada.
A esposa, que chamarei de Dora, era uma mulher na casa dos sessenta anos, em muito boa forma, tinha seus dotes e predicados que ele conhecia muito bem.
Fantasia combinada e aceita, lá se foram os dois, buscar os apetrechos num sexshop da cidade. Mesmo eu dizendo que poderiam adquirir tudo através das lojas virtuais, ele declinou e disse: me desculpe doutora, mas eu gosto de ver e de pegar nos brinquedos e Dora também prefere assim.
Nem os melhores filmes eróticos teriam conteúdo para inspirar aquele casal. Foram quase seis meses de combinação daquela fantasia, com riqueza de detalhes e muitos pactos assumidos. Cada vez que um trazia uma ideia, o outro argumentava sobre algum detalhe que poderia causar problemas na relação, que àquela altura estava indo de vento em popa.
Chegaram ao local que ficava numa sala num prédio comercial no centro executivo da cidade. A mocinha que os atendeu era bem jovem e simpática. Os dois entraram meio calados, querendo ver de tudo um pouco. A moça bem que tentou extrair deles alguma informação mais consistente, em vão. Eles não iriam revelar nada que identificasse a fantasia para ela.
Dora começou olhando os lubrificantes, verificando para que serviam, sua composição e preços. Alfredo ficava um passo atrás, observando o movimento da esposa, com medo de dar um passo em falso ou soltar uma palavra errada que colocasse a perder, seus planos tão bem arquitetados. Como quem não quer nada específico, ela começou a olhar os brinquedos, vibradores de todos os tamanhos e formatos, ora comentando uma coisinha tola aqui e outra ali. Depois ela virou para a mocinha e perguntou se ela teria algumas peças de lingerie ao que a moça assentiu, se dirigindo para uma outra parte da sala, onde havia um computador em cima de uma mesinha. Alfredo seguiu atrás delas e ficou um pouco atrás de Dora, vendo tudo calado. A atendente ia mostrando no monitor, as várias peças que estavam nas modelos e perguntava: Assim? e Dora ia dizendo, não, não, pode ir passando. Se eu ver algo parecido com o que estou buscando, lhe aviso. – Você tem todas essas peças no estoque, Dora perguntou. A moça respondeu: sim, temos todas!
Depois de passarem várias páginas de modelos jovens e lindas, vestidas com os mais diversos tipos de lingerie, Dora deu uma pista. Será que tem alguma com o busto vazado, sem o bojo? Você me entendeu? Gostaria de uma daquelas em que o soutien fica só nos contornos e o peito fica de fora. A moça bem que tentou, mas as peças mais ousadas que havia ali, era com algum tipo de desenho no bojo, no lugar do mamilo, tipo uma estrela, um coração e assim por diante.
Alguns deles eram bonitos, mas atrás a calcinha ainda estava muito comportada. Eles buscavam um modelo mais picante ainda.
Resolveram voltar para a sala principal e ver se achavam outros apetrechos. Alfredo começou a buscar as peças que estavam penduradas no display, enquanto Dora via os plugs anais que estavam na bancada. Perguntava uma coisa aqui e outra ali. Eles viram alguns modelos de Plug com vibrador e Alfredo ficou interessado.
Passaram a separar alguns ítens em cima do balcão.
Dois tipos de lingerie, sendo um body preto de renda com fio dental; dois tipos de plug anal com e sem vibro, um gel lubrificante apimentado. A atendente perguntou pra Dora se ela achava que daria “na moça” e Dora entendeu que ela pensava que seria para alguém, certamente bem mais jovem que ela. Ela queria saber se a moça era alta ou baixa e Dora disse por fim, sim, ela tem o meu número e a mocinha insistiu querendo saber se “ela” teria o seu tamanho. Nesse momento, Dora viu dentro do balcão de vidro, um Kit de dominador/dominatrix todo na cor rosa claro, onde se via: 01 máscara, um chicote, uma coleira, dois prendedores de punho e dois para o tornozelo e uma mordaça com bolinha no meio. Eles se entreolharam. Ela perguntou: “Só tem essa cor?. A moça disse que havia também um preto e um roxo. O preto não era tão completo e eles optaram pelo roxo. Quase sussurrando, Dora disse a Alfredo: o rosa vai tirar o meu tesão.
Escolheram 01 kit dominador – dominatrix roxo; 01 lingerie preta; 01 lubrificante japonês e 01 pulg anal preto, com vibrador.
A atendente tinha certeza de que aquele casal de meia idade estava comprando aqueles acessórios para alguém bem mais jovem.
Eles tiraram de letra e na saída ainda fizeram o comentário: Acredito que “ela” vai gostar do presente não é?
Saíram satisfeitos com as comprinhas, agora estavam preparados para realizar sua fantasia que envolvia uma dominatrix num estilo “ménage à trois” com um garoto de programa escolhido a dedo pelo casal.
Querem saber como foi a fantasia? Aguardem até a próxima história!
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Médica e Sexóloga