Por Lilian Andrade
A família do meu pai festejou, com muito entusiasmo, a notícia e homenagem feita pelo governo federal a Anísio Teixeira, que desde ontem, Dia do Professor, foi declarado patrono da escola pública brasileira. Fundador da Escola Parque, em Salvador, Anísio tornou-se personagem importante na história da educação no Brasil. O entusiasmo na nossa família não era pra menos, nossos pais, tios e tias de alguma forma, estiveram ligados a ele, seja por frequentar a escola pública (todos) seja pela proximidade do trabalho com o grande educador baiano considerado um dos personagens centrais na criação da escola pública no Brasil. E esse entusiasmo contagia outras gerações, como o primo Edu, que elegeu a Escola Parque seu objeto de estudo no Doutorado.
Nosso Tio Hildérico Pinheiro trabalhou com ele na Secretaria de Educação no setor de construção de escolas e participou ativamente no projeto e construção da Escola Parque até o INEP. À época e segundo ele, o projeto de Anisio Teixeira era construir 10 Escolas Parque em Salvador. Durante sua passagem pela Secretaria de Educação da Bahia, em 1950, fundou a Escola Parque (Centro Educacional Carneiro Ribeiro), nos bairros da Liberdade, Caixa D’água, Pero Vaz e Pau Miúdo, em Salvador. As Tias Jove e Aldegundes e o tio “Paizinho” foram professores do Carneiro Ribeiro e se orgulhavam disso.
Triste realidade, lamentam as primas no grupo da Família É Tudo (que precedeu a novela), “as exceções são raríssimas”. “No nosso tempo ainda estudamos em escolas públicas de qualidade”, se queixa Rosa. Adilson (outro primo) foi diretor da escola Parque, Classe Quatro e Duque de Caxias; desde a implantação eram escolas de ensino integral onde, além da parte acadêmica, os alunos tinham aula de vários ofícios como marcenaria, corte e costura, pintura, teatro, mecânica e os esportes que formavam atletas. Hoje são escolas sucateadas, os alunos entram sem saber e saem mestres em coisas que nunca deviam ter aprendido. A UFBA, apesar da nota 10 no curso de Administração, é uma vergonha, com instalações precárias, pichadas, sem segurança, onde o mato toma conta ou seja: administração zero.
“Hoje as escolas públicas são uma vergonha, falo com propriedade, pois tenho um neto, que cursa o 8°série e quase não tem aula. Os professores têm os piores salários entre as profissões diplomadas do país e o que se vê é o tráfico, as drogas e o medo dentro das instituições de ensino. Essa é a realidade que impera em todo nosso país, salvo algumas exceções, claro!
Mas, nem tudo parece perdido. Com o reconhecimento de Anísio Teixeira como patrono da escola pública brasileira, vamos torcer para que o modelo sonhado por ele de “uma educação construtivista, que pensava os alunos como agentes transformadores da sociedade” se torne realidade a partir de “uma rede de ensino que atenda a todos, desde os primeiros anos escolares até a formação universitária”, este era o sonho do Patrono.
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Jornalista e articulista
