Eleições de 2026, 5

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Por Joaci Góes

            Para o amigo e cronista Durval Ramos Neto!

            Segundo a equipe médica que cuida do Presidente Lula, ele caminha para uma recuperação que, brevemente, trá-lo-á de volta ao gabinete presidencial, na plenitude de sua saúde física e mental. Apesar do esforço em contrário da junta médica, ficou a impressão de que a transferência para o Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, decorreu da inferioridade técnica da filial de Brasília, como é característica dos países do segundo e terceiro mundos, onde a qualidade de vida, em geral, é superior nos centros econômicos mais importantes.

            A súbita e temida sequela do acidente sofrido a 19 de outubro teve, como consequência política de maior efervescência, a discussão, entre gregos e baianos, sobre quem será o substituto de Lula para concorrer às eleições presidenciais de 2026, em face da inevitável expectativa de novas recaídas, acentuada pelo fato de Lula já, então, haver ultrapassado a marca Joebidiana dos oitenta anos de uma vida predominantemente sedentária.

            Sem Lula, eleitoralmente maior do que toda a declinante esquerda terceiro-mundista brasileira, uma vitória dependeria, cada vez mais, do apoio de elevadas frações da centro-esquerda, crescentemente motivada para chegar à curul do poder com candidatura própria, sobretudo diante do provável impedimento de Jair Bolsonaro, cuja incontinência verbal atrai tantos seguidores como inconciliáveis opositores, causa de sua derrota nas últimas eleições.

            A hospitalização de Lula criou um ambiente de fim de governo, antes mesmo de completar-se a metade do mandato, como se infere das crescentes reivindicações por partidos aliados de fatias cada vez maiores de participação no poder, onde não há mais o que dividir entre tantos e vorazes comensais. Nesse caldo de cultura, vem se fortalecendo a percepção de que a melhor alternativa seria uma licença presidencial, para tratamento de saúde, passando o poder à juventude e experiência do Vice Geraldo Alckmin, avalizada por 14 anos de boa gestão, à frente do Governo de São Paulo, segunda maior economia da América do Sul, superada, apenas, pelo próprio Brasil.

            Dentro do PT, até por falta de alternativas, o nome que, praticamente, esgota as especulações é o do Ministro da Fazenda Fernando Haddad, em razão da baixa quantidade e popularidade de militantes de um quadro crescentemente reduzido pela aposentadoria ou abandono da sigla por desencanto com os desvios operacionais de um partido que cresceu sob a denúncia de más práticas, nas quais viria a ser a expressão mais escandalosamente alta na história da corrupção dos povos.

            Entre os inteligentes que compõem o status quo do poder, que pugnam por sua manutenção, para quem o que importa é ganhar as eleições, a qualquer preço, cresce a compreensão da importância de assegurar a elegibilidade de Jair Bolsonaro, por sua inassessorabilidade comportamental promover o dissenso, ensejando a manutenção do apoio de frações expressivas da centro-direita brasileira, hoje detentora de mais de dois terços do eleitorado.

            Em vários estados, como na Bahia, as especulações abundam com os mais insólitos esquemas de alianças, quase sempre cabendo ao PT uma posição secundária diante da percepção que se generaliza segundo a qual será de cisne o seu próximo canto.

            O potencial efeito Trump-Musk, ainda desconhecido, está a aconselhar, à saciedade, que, para Lula, o melhor é aproveitar a quadra final da existência, no far niente e gozo de uma vida remansosa.