Por Lílian Andrade
No último final de semana fiquei muito feliz com a possibilidade de assistir o documentário sobre a vida de DORIVAL CAYMMI no Circuito Saladarte pois o mesmo estava passando às 13h no Cinema do Museu (aquele do corredor da Vitória). Logo convidei uma amiga (sou PDL e não me arrisco a andar sozinha em Salvador). Convocação aceita, ingressos comprados e aí começou a minha constatação:
A CIDADE DE SALVADOR NÃO DISPÕE NEM OFERECE QUALQUER ALTERNATIVA PLAUSÍVEL PARA PDL – PESSOA COM DIFICULDADE DE LOCOMOÇÃO – IMAGINA CADEIRANTE!!!
Ao chegar ao Museu, depois de enfrentar o calçamento irregular e as “crateras” no passeio do corredor da Vitória, me deparei com uma ladeira íngreme e de calçamento irregular ou, como alternativa, uma escadaria de corrimão e degraus bastante irregulares. Ah! E ABSOLUTAMENTE NINGUÉM PRA NOS ATENDER.
A minha amiga resolveu levar meu andador pela ladeira abaixo, enquanto eu me equilibrava entre, pelo menos, uma centena de degraus e corrimão malfeitos. Novamente NINGUÉM, nem pra conferir os nossos ingressos.
Assistimos o filme (MARAVILHOSO) e, ao final, pedi a minha amiga que se informasse sobre a saída para que eu não precisasse passar por outro calvário. Depois de muito procurar ALGUÉM, ela me apareceu com um “casal” querendo me “carregar” pelo braço até o topo da ladeira. Me recusei:
“Eu sei andar e trago comigo um andador para me auxiliar na marcha”.
Negativas aceitas, o casal deu meia volta e desapareceu; antes disso eu perguntei:
– Não existe um elevador? Uma saída pra deficientes?
Eles deram de ombros e sumiram… Eu voltei pelo mesmo caminho que fui.
Indignada, ao chegar em casa, escrevi para O CIRCUITO SALA DE ARTE – que semanalmente me envia a programação de todos os cinemas da cidade, e para minha surpresa obtive resposta. Vejam só o que ela me respondeu:
Prezada Líliam,
“Agradecemos sua mensagem e lamentamos que sua experiência no Cinema do Museu não tenha atendido às suas expectativas. Gostaríamos de esclarecer sua observação para podermos melhor direcionar sua demanda. Quando menciona a falta de acessibilidade, refere-se à acessibilidade física (como rampas, elevadores, etc.) ou à acessibilidade dos filmes (legendas, Libras ou audiodescrição)?
Em relação à acessibilidade física, informamos que temos uma entrada alternativa pelo Vale do Canela, destinada a clientes com dificuldades de locomoção. Do estacionamento, há rampas que levam tanto ao local do show quanto à sala de exibição. Nossa equipe está sempre à disposição para auxiliar na orientação e no acesso, caso necessário.
Quanto à acessibilidade dos filmes, gostaríamos de esclarecer que ela é fornecida pelos próprios distribuidores dos filmes. Quando disponível, é possível acessar por meio de aplicativos próprios para audiodescrição, libras ou legendas descritivas.
Estamos à disposição para qualquer esclarecimento adicional e desejamos que sua próxima visita seja mais satisfatória”.
ORA, ORA, se é verdade que existe um acesso para cadeirantes e/ou PDL, porque não havia ninguém para informar?
Será que a PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVADOR não deveria EXIGIR este tipo de acesso? Não existe uma LEI DE ACESSIBILIDADE?