O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou uma mudança significativa em seu ministério ao decidir substituir Nísia Trindade por Alexandre Padilha no Ministério da Saúde. Agora, Lula volta sua atenção para a escolha de um novo secretário de Relações Institucionais, a vaga deixada por Padilha. A definição sobre o futuro do cargo ainda está em aberto, com a possibilidade de ser preenchido por um nome do PT ou de políticos do Centrão, em uma tentativa de ampliar o apoio do governo no Congresso.
Fontes próximas ao presidente revelaram que Lula já discutiu a troca com interlocutores dos dois ministros e a expectativa é de que o anúncio oficial ocorra em breve. A escolha por Padilha, que já ocupou a pasta anteriormente, se dá pelo seu histórico de articulação com o Legislativo. Um dos principais objetivos da nova gestão na Saúde é acelerar programas como o “Mais Acesso a Especialistas” e a campanha contra a dengue, buscando evitar surtos semelhantes ao da epidemia do ano passado.
Entre os candidatos para a Secretaria de Relações Institucionais, destaca-se Silvio Costa Filho, atual ministro de Portos e Aeroportos e fiel da balança no cenário político, já que é membro do Republicanos, partido do atual presidente da Câmara, Hugo Motta. Essa conexão com o Centrão é vista como uma vantagem na articulação política do governo.
Outros nomes considerados incluem o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), e o senador Jaques Wagner (PT-BA). Contudo, tanto Wagner quanto o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), já expressaram preferência por manter suas atuais funções.
Integrantes do governo sugerem que Silvio Costa Filho teria mais condições de coordenar a agenda política do que um nome do próprio PT. Apesar de já ter diluído ministérios entre partidos aliados, o Palácio do Planalto ainda enfrenta desafios para solidificar uma base aliada robusta no Congresso.
Esperam-se mudanças na equipe ministerial ao longo desta semana, uma ação que surge em meio a uma crise do Pix e a preocupações com os recentes números desfavoráveis nas pesquisas de opinião. Em um evento na semana passada, Lula não hesitou em criticar a falta de comunicação entre os ministérios, ressaltando a necessidade de maior coesão no governo.
Na celebração dos 45 anos do PT, realizada no Rio de Janeiro, onde Nísia esteve presente, Lula fez questão de destacar a importância de seu time, mas também apontou falhas que precisam ser resolvidas. “Fiz uma reunião ministerial há 20 dias e descobri que um ministério do governo não sabe o que nós estamos fazendo. Se o ministério não sabe, o povo muito menos”, afirmou, em uma crítica velada à gestão de algum dos ministérios.
Em uma despedida simbólica, Lula compareceu à reabertura da emergência do Hospital Federal de Bonsucesso, em um gesto interpretado por aliados como uma forma de reconhecer o trabalho de Nísia antes de sua saída do governo. Em declarações à imprensa, a ministra expressou frustração com os rumores que a cercam, mas reafirmou seu compromisso com a gestão, destacando sua segurança em conduzir seu trabalho.
Essa troca de ministros e o cenário político atual sinalizam uma nova fase no governo Lula, que se mostra disposto a ajustar sua equipe para enfrentar os desafios que estão por vir.