Um desfecho previsível

  • Post category:ARTIGOS
No momento você está vendo Um desfecho previsível

Por Joaci Góes

            Ao jornalista Guilherme Reis!

Apontar a relação causal entre as execuções determinadas pelo STF para Bolsonaro e mais sete réus, acusados de tentativa de golpe contra as instituições, e a concessão de anistia geral pelo Congresso Nacional parece-nos constituir tarefa que se inscreve no contexto do futuro presente ou do futuro que já aconteceu, de tal modo os fatos analisados conduzem a uma previsível reação dos valores inerentes à dignidade humana.

            O mundo jurídico mais qualificado do País conclui, majoritariamente, que a sentença condenatória de Bolsonaro já foi definida pelo seu acusador, desde o momento em que decidiu vingar-se, apesar de sua ostensiva suspeição, em face de sua odienta inimizade com o réu, reconhecida pelos próprios julgadores, testemunhada e proclamada pela consciência nacional. Alguns dos justiçados, a exemplo do Almirante Garnier, sequer, deveriam ser objeto de julgamento, de tal modo gritante é sua inocência, quanto mais a inaceitável e odiosa pequenez de condená-los.

            Diante de tão brutal ofensa aos padrões mínimos de dignidade da justiça, Bolsonaro e os demais parceiros de infortúnio serão anistiados pelo Congresso Nacional, com a conivência envergonhada do Executivo, de um modo que dê, também, aos sucessores do inquisidor espanhol Tomás Torquemada a possibilidade de continuarem desfilando, ainda que com o rabo entre as pernas, sua impudicícia judicante.

            Avançamos a predição de que a anistia ocorrerá ainda no presente ano, tendo em vista a crescente intensidade da crise diplomática que faz do Brasil um pária da diplomacia internacional,  produzido pela inimaginável irresponsabilidade do Presidente Lula, de criá-la e cultivá-la como mecanismo criminoso de reduzir sua rejeição e elevar sua aprovação pelo eleitorado brasileiro, parcela ponderável do qual constituída por analfabetos e fundamentalistas ideológicos, sem falar na maioria esmagadora das populações carcerárias  e militantes do crime organizado, como tem sido revelado por respeitáveis instituições de pesquisa da opinião pública.

            Queimados os primeiros trinta bilhões de Reais, suficientes para retirar três milhões de brasileiros do sofrimento de viverem em casebres miseráveis e sem saneamento básico, recursos destinados a socorrerem os que se dedicam ao comércio afetado pelo tarifaço americano, novos valores já são reclamados, sem que o Governo saiba de onde extraí-los, de tal modo nossas finanças públicas estão comprimidas pela irresponsabilidade fiscal decorrente de um populismo obsceno que, crescentemente, clama por medidas corretivas de rumo, entre as quais o impeachment do Presidente Lula ou a transmissão do Governo ao vice Geraldo Alckmin.

            Surfando a onda dos inquisidores, a partir de uma verdadeira volúpia acusatória, o Procurador Geral atua como a demonstrar incontrastável fidelidade canina por haver chegado ao elevado posto, habilitando-se, desde já, a ocupar a vaga de Gilmar Mendes, numa improvável reeleição de Lula.

            Aturdidos pela encrenca em que se meteram, que tanto prejuízo, crescentemente, vem ocasionando ao Brasil, os inquisidores de toga não terão alternativa que não seja a legitimação de uma anistia consentânea com a tradição brasileira. O cerco norte-americano a Nicholas Maduro, que vai cair de podre, ainda que a operação consuma este final de ano e metade do próximo, será legitimado, inclusive pelas duas maiores nações do BRICS, China e Rússia, para desespero do irresponsável fanfarrão presidente brasileiro, cada vez mais isolado, dentro e fora do Brasil.

            Tudo é apenas uma questão de tempo. Pouco tempo, para quem vive na bonança; um doloroso castigo, porém, para quem vive de transferir do bolso para a boca o mínimo com que garantir a continuidade de uma vida sofrida e insegura. Este Sete de Setembro foi palco, no Brasil e no exterior, da reação contra a reiterada e despudorada ditadura judicial que está com os dias contados. Em seu histórico voto, ontem proferido, o Ministro Luiz Fux transformou em subnitrato de pó de fezes os fundamentos dos votos do Relator e do ministro Flávio Dino, além de denunciar, como nulo, todo o processo contra os oito réus, por incompetência de foro, fornecendo argumentos de excepcional qualidade para caracterizar, perante o mundo, o processo, em curso, de um voluntarismo jurisdicional que pode desembocar numa, a todos os títulos indesejável, ditadura do Judiciário, no Brasil.