Por Joaci Góes
Ao jovem historiador Álvaro Pinto Dantas de Carvalho Júnior!
O processo de empobrecimento e degradação da qualidade de vida na Bahia é de tamanha gravidade que só não provoca pânico porque, ao que parece, sua população está como anestesiada, de tal modo reage com indiferença a seus índices de IDH, situados entre os mais baixos de todo o Continente Americano, como se infere de dados alarmantes como: maior número de analfabetos, de desempregados, de subempregados, de subhabitações, de morféticos, chagásicos, tuberculosos e leprosos, além dos mais altos níveis de criminalidade, assumindo, também, a primeira posição na presença do crime organizado, presente em cada um dos 417 municípios. Ufa!
Não é de estranhar que da posição número 1, no contexto da Federação, ao longo de séculos, a Bahia vem caindo, sistematicamente, de posição, ocupando, atualmente, o 7° lugar, abaixo, respectivamente, dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A tudo isso, a população do estado reage com indiferença bovina, não obstante figurar como a unidade federada há mais longo tempo vivendo sob governos estaduais petistas, sendo, também, a que mais larga margem de vitória eleitoral tem assegurado aos governos nacionais do PT. Nas últimas eleições, mais uma vez, a Bahia deu a maior vitória a Lula. Como sempre vem acontecendo nos governos petistas, nenhum benefício a Bahia tem sido capaz de assegurar para melhorar as condições de vida do seu povo, cada dia mais atordoado com o avanço de índices alarmantes.
Nesses 20 anos de dominação petista, estadual e federal, nada há de marcante para lembrá-la, quando continuamos a ostentar, desgraçadamente, os piores índices de saneamento básico do País.
Aos observadores mais cultos, não escapa uma dimensão adicional desse descaso: a ausência de baianos na cúpula do Poder Judiciário. Como prova cabal dessa verdade palmar, a última vez que conterrâneos de Ruy Barbosa e de Castro Alves ocuparam vagas no STF – Supremo Tribunal Federal foi na década de 1960, quando compuseram a Suprema Côrte os juristas baianos Adalício Nogueira e Aliomar Baleeiro, ambos patrocinados pelo Governador Juracy Magalhães. Aos apressados em apontar equívoco nessa informação, mencionando a exceção do Ministro Ilmar Galvão, lembramos que esse ilustre baiano, apesar de nascido em Jaguaquara, na Bahia, fez carreira jurídica fora de nosso Estado, tendo sido indicado para ocupar o elevado posto por lideranças do Acre.
A impressão que fica é a de que os donos do poder, em nosso estado, não querem ninguém que lhes possa fazer sombra ou concorrência de prestígio, ao ocupar posição de tanto relevo. Mais grave, ainda, é o uso do argumento solerte de que faltam, em nosso Estado, quadros aptos a exercer tão elevadas atribuições, mentira deslavada ofensiva à reputação de reconhecidos detentores de notável saber jurídico a integrantes do nosso Judiciário, Ministério Público e Universidades.
Convidados para integrar um pequeno círculo de pensadores veteranos, dedicados a propor mudanças em nossa Constituição, apresentamos os argumentos que imponham a proporcionalidade da presença de representantes das diferentes regiões do País, como mecanismo de preservação do equilíbrio federativo. Até lá, pensamos que o atual momento, quando se cogita da possibilidade do Ministro Luís Roberto Barroso, antecipar sua aposentadoria, os baianos que apoiam o atual Governo Federal poderiam cobrar do Presidente Lula a presença de um baiano no STF, como meio de quebrar esse longo jejum, ao tempo em que Sua Excelência poria fim à crescente e insultuosa equiparação do eleitorado baiano com o pejorativo conceito de mulher de malandro que quanto mais apanha, mais adula e serve o seu ofensor.