Por Victor Pinto
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), poderia incluir em seu capital político uma formação ou uma tentativa de formação para atuar no esquadrão antibombas. Sim, caro leitor, pois o que estamos vendo em quase nove meses de governo é justamente isso que o petista tem buscado fazer em suas ações governamentais: desarmar diversas bombas dos últimos oito anos da gestão Rui Costa (PT) que têm caído, todas elas, no seu colo com arranhões consideráveis à gestão.
A bomba da segurança pública é uma delas. Se soma também à bola de neve desde os idos de Jaques Wagner (PT). Com mais de 16 anos no poder, pelo desgaste que isso carrega, faz o grupo político sofrer uma pressão violenta de repercussão nacional sobre uma área “Calcanhar de Aquiles”. O avanço de facções criminosas, o aumento do número de homicídios em um curto espaço de tempo, a crise instaurada por uma falha em um projeto de proteção de defensores dos Direitos Humanos, que deveria ser de responsabilidade do Estado, mas resultou na morte de Mãe Bernadete, são alguns dos exemplos. Mas os índices atuais, que colocam a Bahia em um cenário de insegurança, caem na conta do atual chefe do Palácio de Ondina.
Na mobilidade, duas grandes bombas para Jerônimo desarmar: o início das obras da faraônica prometida ponte Salvador-Itaparica e o VLT ou monotrilho ou seja lá o que seria feito no subúrbio de Salvador em substituição aos obsoletos trens, desativados, cuja promessa de Rui foi comprar uma Hilux com valor de Fusca e deu no que deu no sobrepreço da obra, com previsão de entrega em dois anos depois do anúncio em 2019, e agora resultou no cancelamento da licitação com a Metrogreen Skyrail Concessionária da Bahia S.A. (Skyrail Bahia), empresa ligada à BYD.
O Estaleiro do Paraguaçu, a Fiol e o Porto Sul eram marcas da era Jaques Wagner, praticamente abandonadas por RC e agora o governo federal via presidente Lula (PT) quer colocar para frente, mas o planejamento e a execução estão muito aquém daquilo esperado.
O Planserv, plano de saúde do servidor, é outro tema delicado e de grande apreensão por setores internos da governadoria. A briga da troca de empresa da administração tem sacudido os bastidores político e jurídico, mas, para além disso, o aporte de investimento do Estado na Era Rui caiu de 5% para 2% e agora o professor tem tentado resolver o caso do cobertor pequeno que cobre a cabeça, mas deixa os pés de fora.
De igual modo, como me narrou neste fim de semana uma fonte palaciana, os contratos de empresas prestadoras de serviço sem reajustes. Se o esqueleto sair do armário dará muita dor de cabeça ao atual chefe do Executivo. Sem falar da administração do emaranhado de convênios da Conder assinado pelo antecessor na boca da eleição passada e a gestão das Policlínicas, assuntos que devem ser recorrentes nos próximos meses e agora estão na batuta do filho de Aiquara.
Jerônimo sabia o que enfrentaria, sem sombra de dúvidas, pois sua gestão se trata de um governo de continuidade. Apesar de ter mudado drasticamente a forma de fazer política do antigo governador, questões da seara técnica também precisam ser revistas e de igual modo aos quadros que servem a dois senhores sem focar no que realmente importa. Se não fosse o companheirismo petista, o professor poderia utilizar de um jargão perfeito dos sucessores: aquela história de herança maldita. Como está dentro de casa, assim não o fará, apesar de um espólio bastante espinhoso deixado pelo ministro.