Por Clara Iana Rezende Ferreira
As pessoas sempre dizem para seguirmos nossos corações, não termos medo e fazermos o que sentimos. Dizem para nos permitirmos sentir, amar e sermos amados… e que, se der errado, elas estarão aqui.
Uma vez, me disseram: “Vai lá, vive. Se der errado, eu estou aqui.”
Isso realmente pode ser reconfortante para muitas pessoas, mas, para mim — alguém que não consegue sentir sem calcular o risco daquele sentimento —, não é.
Não é reconfortante. É bonito, sim, saber que terei alguém caso tudo dê errado. Mas isso não me dá mais coragem. Não aumenta o desejo de seguir o meu coração.
Se der errado — o que, na minha visão pessimista, significa que vai dar —, apenas eu irei lidar com isso.
Eu irei sentir a dor, o medo e a perda — não aquele que estará lá apenas para me ouvir. Ele apenas me escutará, não sentirá.
Quem sentirá serei eu, e mais ninguém. E todas as memórias, lindas e dolorosas, estarão na minha mente, na minha pele, porque apenas eu fui marcada.
Então… dizer para eu seguir sem medo, e que, quando eu voltar, você estará aqui, não me dá forças. Pelo contrário, me traz um imenso desespero.
Porque sei que minha dor, agora, irá virar um palco para alguém que não a sente.
—————————————————————————-
Articulista e formanda em psicologia