Por Victor Pinto
As eleições municipais se aproximam e, como de costume, a batalha nos bastidores já começou dentro e fora dos tribunais, diga-se de passagem. Além dos marqueteiros e pré-candidatos, os advogados estão na ativa e cumprem um papel de destaque na arena política da capital do interior. A guerra jurídica se intensificou e nos mostra, mais uma vez, que as disputas eleitorais não ficaram limitadas nos palanques.
Recentemente algumas decisões judiciais agitaram ainda mais o cenário político. O embate entre o Novo, o MDB e o União Brasil sobre as inserções partidárias com imagens de pré-candidatos trouxe à tona divergências que prometem ecoar ao longo da campanha. É sabido que a luta pelo espaço na mídia audiovisual é crucial para a exposição das propostas e a construção da imagem dos candidatos e, apesar do advento da internet e das redes sociais, cada segundo de tempo televisivo pode fazer a diferença.
Vimos também outros contornos que envolvem o dito fogo amigo entre partidos da própria base. É o caso do PSD de Ilhéus versus o líder do governo, deputado Rosemberg Pinto (PT). O caso destaca a sensibilidade em torno da divulgação de pesquisas eleitorais não registradas no TRE-BA. Rosemberg no seu afã de mostrar substância na pré-candidatura de Adélia Pinheiro (PT), durante uma entrevista, deu números de um levantamento interno. Foi a deixa que Marão (PSD) e equipe queriam para começar a guerra jurídica.
Esses são só alguns exemplos das disputas judiciais. Essas batalhas nos tribunais revelam não apenas a acirrada competição entre os partidos, mas também a importância estratégica que os advogados têm assumido nas eleições. Se antes a batalha era travada principalmente nas ruas e nos debates públicos, agora ela se estende para o jurídico, cujos argumentos do entendimento legal se confrontam na busca por vantagem política.
Entretanto, é preciso refletir sobre o impacto desse embate nas eleições e na própria democracia. Por um lado, a atuação rigorosa dos advogados pode garantir o cumprimento das regras eleitorais e a lisura do processo. Por outro lado, a judicialização excessiva pode enfraquecer a confiança no sistema político, transformando a disputa eleitoral em uma batalha meramente técnica, afastando os eleitores das questões essenciais.
Se faz fundamental, penso, que os atores políticos encontrem um equilíbrio entre a defesa de seus interesses legítimos e o respeito às regras do jogo democrático. A justiça eleitoral tem o papel crucial de mediar esses conflitos, assegurando que as eleições ocorram de forma transparente e justa.
À medida que os advogados se tornam peças-chave nesse tabuleiro político, é essencial que a sociedade acompanhe de perto essas disputas, cobrando transparência, ética e compromisso com o bem comum por parte de todos os envolvidos. A democracia só será fortalecida quando as batalhas políticas forem travadas não apenas nos tribunais, mas também no campo das ideias e dos valores.
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Jornalista/ twitter: @victordojornal