A lavagem do Bonfim já começou em Salvador

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Por Claudio Magnavita*

O Correio da Manhã tem denunciado os bastidores de negócios envolvendo a Prefeitura de Salvador, inclusive a não explicada negociação de um crédito contra a cidade que pertencia à Construtora Norberto Odebrecht e à Paraguaçu.

O cenário de impunidade com o silêncio de parte da imprensa baiana tem levado alguns personagens a perderem o pudor nas articulações que miram os cofres públicos .

Salvador acordou neste dia 10 de dezembro com a alvorada contra a impunidade e a prisão de José Marcos Moura, mais conhecido como “Rei do Lixo”, apontado pelo especialista em corrupção Geddel Vieira como o “grande financiador e articulador financeiro dos projetos do Netto”, destacou.

Marcos Moura foi preso nesta terça-feira (10) durante a Operação Overclean, da Polícia Federal, e a sua empresa tem uma parcela da coleta do lixo soteropolitano, na gestão de ACM Neto e de Bruno Reis.

A imagem de gestão impoluta da Prefeitura de Salvador envolve também os contratos milionários para as estruturas de shows e contratação de empresas que possuem a mesma relação íntima das relações de Marcos Moura com o lixo.

Nas últimas semanas, o Brasil assistiu ao avanço das investigações da Lava Jato com o indiciamento em série de baianos encabeçados por Marcelo Odebrecht. A denúncia da existência de um negócio obscuro da venda de R$ 850 milhões de créditos da Odebrecht contra a Prefeitura de Salvador e agora a Operação Overclean, envolvendo políticos e empresários que se consideravam acima da lei.

O Correio da Manhã tem se debruçado sobre estes assuntos e nas nossas apurações chovem denúncias e documentos de temas que precisam ser explicados  e que estão sendo apurados com rigor. Entre eles está um movimento atípico da Prefeitura de Candeias na criação da Companhia Docas de Candeias, que leva o município a ser protagonista e agente de negócios portuários. Aliás, nesta área portuária envolvendo Candeias e o Porto de Aratu surge a questão de renúncias de direitos sobre áreas da União, sem ouvir a SPU e o MPF, de formas muitos céleres feitas por dirigentes públicos que deveriam zelar pelo patrimônio federal. Nesta relação de temas que estão sendo investigados pela mídia independente, está a indústria de desapropriação de terrenos para serem vendidos nas bacias das almas e ainda a venda de áreas públicas para empreendimentos imobiliários.

O mês de dezembro está sendo histórico. A lavagem do Bonfim, que ocorrerá em 16 de janeiro de 2025, parece ter sido antecipada para os baianos.
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*Diretor de Redação do Correio da Manhã