A saída da ViaBahia: promessa em meio às eleições ou realidade?

No momento você está vendo A saída da ViaBahia: promessa em meio às eleições ou realidade?

Por Victor Pinto

A recente declaração do ministro da Casa Civil, Rui Costa, sobre a saída da ViaBahia da concessão das BRs 116 e 324 até o final de dezembro de 2024 traz uma mistura de alívio e ceticismo. Após anos de reclamações sobre a negligência da concessionária em cumprir suas obrigações contratuais, como a duplicação e manutenção das rodovias, muitos baianos esperam ver finalmente uma mudança concreta. No entanto, a história nos ensina a manter os pés no chão. Ou conviver com a máxima de São Tomé: “só acredito vendo”.

A ViaBahia falhou em garantir a segurança e qualidade das estradas sob sua administração. A falta de manutenção adequada colocou em risco a vida de milhares de motoristas que dependem dessas rodovias, enquanto a promessa de duplicação, essencial para melhorar o fluxo e segurança, ficou apenas no papel nesses tantos anos. É indiscutível que a concessionária tratou o contrato com descaso, deixando as BRs em condições deploráveis. A declaração de Rui Costa, afirmando que a empresa “vai embora sem deixar saudades”, não poderia ser mais precisa.

Porém, o anúncio feito em Vitória da Conquista, em meio a um contexto eleitoral, levanta questionamentos sobre a real concretização dessa saída. A promessa de que a ViaBahia deixará o controle até o final do ano soa, para mim, com uma dificuldade em confiar plenamente nos prazos apresentados. Durante seus anos à frente do governo da Bahia, Rui Costa foi alvo de críticas justamente por anunciar projetos e obras que demoraram a sair do papel, ou nem chegaram a se concretizar.

Os senhores deputados estaduais e federais já se mobilizaram para denunciar o péssimo serviço. Apesar de não ter competência, a ALBA pautou discursos, principalmente do deputado Eduardo Salles. Na Câmara, buscou-se até uma CPI, via deputado Leur Lomanto, mas alguns parlamentares, de conluio, por ligações escusas, fizeram questão de atrapalhar o desenvolvimento disso. O alinhamento do governo estadual e federal, até então, ainda não demonstrou nada substancial.

Será que, desta vez, a mudança realmente acontecerá conforme anunciado? O histórico de atrasos e promessas não cumpridas nos faz manter uma postura crítica. A retirada da ViaBahia é um passo necessário, mas o que virá depois? É essencial que a transição para uma nova concessionária ou a implementação de obras emergenciais seja conduzida de maneira ágil e transparente.

Assim, apesar do alívio em ver o contrato da ViaBahia à beira de um encerramento, resta a dúvida: o Tribunal de Contas da União dará vez à resolução do caso em benefício ao contribuinte baiano? O tempo dirá. O que a população da Bahia realmente precisa é de ação imediata e melhorias concretas, não apenas mais uma promessa em meio a uma campanha. Se assim o fizer, comemoraremos, mas não será nada mais do que uma obrigação.