A semana decisiva para o PSD: obediência ou protagonismo?

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Por Victor Pinto

A semana que se inicia promete ser um divisor de águas para o PSD na Bahia. O partido, maior aliado do governador Jerônimo Rodrigues, enfrenta um momento crucial: decidir se mantém a candidatura de Adolfo Menezes à presidência da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) ou se assume uma postura diferente do jogo do protagonismo político, demarcando território dentro da aliança governista, optando pelo mesmo nome fazendo valer também da cadeira da primeira vice-presidência ou selar de vez o nome de Ivana Bastos (PSD).

Adolfo Menezes, atual presidente da ALBA, busca um terceiro mandato consecutivo, mas enfrenta um entrave jurídico quase insuperável: o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), que já barrou reeleições consecutivas em Casas Legislativas. Apesar disso, setores do PT, principal partido da base, têm incentivado a permanência de Adolfo como candidato, em uma aparente manobra que visaria, na queda do atual presidente, facilitar a ascensão de um petista ao comando da ALBA – algo inédito na história recente da política baiana.

Há sinais claros também de que o PT, sob a liderança estratégica de Jaques Wagner, tem tentado limitar a expansão do PSD, criando cenários que favorecem o domínio petista nas principais esferas de poder do estado.

A candidatura de Adolfo Menezes com a possível vice-presidência sob controle ou mesmo a de Ivana Bastos funcionam como um teste de força. O PT, por exemplo, já posiciona Rosemberg Pinto como vice na chapa de Adolfo Menezes, de olho em uma eventual vacância. O regimento da ALBA permite interpretações que favorecem uma sucessão automática, caso o presidente não possa continuar no cargo, isso se não for alterado. Eu já havia escrito sobre isso aqui mesmo em março de 2024 com o título “Uma cadeira de vice cortejada”, pois já pressentia que essa disputa seria inevitável.

Essa manobra envolvendo o PT tem gerado descontentamento em outras siglas da base governista, que enxergam no movimento petista uma tentativa de centralizar ainda mais o poder. O senador Angelo Coronel (PSD), por exemplo, já lançou a candidatura de seu filho, Angelo Filho, como uma resposta para neutralizar as ações do petistas e garantir que o PSD mantenha sua relevância na ALBA.

O papel do senador Otto Alencar será determinante nessa semana. Ele já declarou que a proporcionalidade da Casa deve ser respeitada e que o PT tem direito à vice-presidência, mas reforçou que a presidência deve permanecer com o PSD, mesmo em caso de vacância pós Adolfo.

Nesta segunda, uma reunião na sede do PSD será o palco onde essas decisões serão tomadas.

O que está em jogo não é apenas o comando da ALBA, mas o equilíbrio de poder dentro da aliança que sustenta o governo de Jerônimo Rodrigues. O PSD sabe que, ao abrir mão da presidência da Assembleia, corre o risco de perder terreno em outras negociações, como a composição da chapa para 2026. Com Jerônimo candidato à reeleição, Wagner e Rui Costa disputando vagas no Senado, resta aos aliados, como o PSD, cargos de menor expressão, como a vice-governadoria.

O PT, com seu já conhecido apetite pelo poder, tenta consolidar sua hegemonia, mesmo que isso signifique tensionar a relação com um aliado que tem sido fundamental para o sucesso eleitoral do grupo. Essa disputa interna reflete o desgaste natural de um grupo político que está no poder há quase duas décadas, mas também evidencia a habilidade do PT em movimentar suas peças para manter o controle.

A semana decisiva para o PSD será um termômetro para medir o futuro da política baiana. A manutenção ou retirada de Adolfo Menezes ou a adição oficial de Ivana com respectivas candidaturas à presidência da ALBA não são apenas questões regimentais; são demonstrações de força ou submissão em relação ao PT.

Uma coisa é certa: o resultado dessa disputa influenciará diretamente o equilíbrio de forças para 2026. A fumaça branca trará mais do que um nome, trará a definição do futuro político da base governista na Bahia.