Por Victor Pinto
Nos últimos dias, as declarações do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, geraram uma onda de repercussões. Foram várias críticas à gestão estadual e também ao governo Lula. Neto chegou a dizer que a gestão do inquilino do Planalto “cheirava a mofo”. O senador Jaques Wagner (PT) e o governador Jerônimo Rodrigues (PT) vociferaram para rebater o cacique do União Brasil. E a movimentação intensa e rápida mostra que nas urnas eletrônicas ACM Neto se configura como o maior inimigo a ser combatido neste jogo de poder. E que as palavras do político botaram dedo na ferida. Como os mais jovens dizem: Neto tá on e roteando.
Jerônimo, por exemplo, na entrevista concedida a mim e ao colega Luís Filipe Veloso na Band News FM, disparou: “O mofo é a tática de um ex-prefeito que ameaça seus correligionários. (…) Espero que ele reveja os conceitos dele. Isso é do tempo do avô dele: tempo do chicote. Isso tá ultrapassado. Isso aí que é mofo”, disse.
A aproximação das eleições municipais tem levado ACM Neto a adotar uma postura mais incisiva em suas críticas, não só à gestão estadual, mas também ao governo federal. Essa movimentação estratégica sugere um reposicionamento político significativo por parte de Neto e do União Brasil, partido ao qual pertence, principalmente em nível nacional. Localmente a oposição está posta.
Mesmo que o União Brasil possua ministérios no governo federal e não se declare formalmente parte da base aliada, suas características e a presença no Executivo indicam uma relação próxima com o Planalto. No entanto, a meu ver, as recentes declarações e a postura combativa de Neto indicam um possível processo de distanciamento do União Brasil em relação ao governo federal. Isso sinaliza uma tentativa de reposicionar a sigla e buscar maior autonomia política para agilizar negociações.
ACM Neto já está mirando além das fronteiras da Bahia, pensa em um cenário nacional e busca um nome no campo da direita que possa rivalizar diretamente com o PT. Essa estratégia sugere que Neto pretende buscar, diferente do que alguns pensavam com seu distanciamento recente, desafiar a hegemonia petista.
E convenhamos: a postura de Wagner e Jerônimo frente a esse cenário é considerável, uma vez que a crescente influência de ACM Neto representa uma ameaça à continuidade do projeto político do PT na Bahia e, potencialmente, em âmbito nacional. A batalha eleitoral que se avizinha promete ser intensa, em questão de meses e daqui a dois anos também.
A articulação de ACM Neto para criticar tanto o governo estadual quanto o federal não é apenas uma manobra eleitoral, mas um indicativo de suas ambições maiores. Em suma, a movimentação de ACM Neto já está moldando o jogo político, sinalizando um rascunho de confrontos nas urnas no futuro. A resposta de Wagner e Jerônimo indica que eles estão cientes que não se chuta cachorro morto e muito menos se subestima a ameaça e, ambos, que até então são os únicos nomes que estão na futura chapa governista de 2026, se preparam para um embate que poderá redefinir as forças políticas na Bahia.