A Alban anunciou que vai representar o artista Arthur Palhano (Rio de Janeiro, 1996). O jovem artista carioca, baseado em São Paulo, é um dos nomes mais promissores do cenário da pintura atual, tendo participado de diversas exposições coletivas e individuais. Formado pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, o artista contou com nomes como o da crítica e curadora Clarissa Diniz em sua formação, resultando em uma prática artística que se dá majoritariamente no campo da pintura, mas que também realiza incursões pela escultura, pelo vídeo e além.
Conforme folder da galeria se todo processo de pintura é como um verdadeiro palimpsesto em que se acumulam técnicas, modos de utilização e operação das tintas e outros aparatos próprios do fazer artístico, na prática de Palhano tal conjunto de procedimentos ganha contornos expressivamente sofisticados e complexos, instaurando, no espectador, uma experiência ótica e cognitiva de ordem insuspeitada, mais próxima da decifração do que da simples contemplação.
Estar diante de uma de suas telas é, portanto, colocar-se frente a uma superfície onde o acúmulo – de inúmeras camadas de tinta a óleo e mais – revelam, sutilmente, o que repousa por baixo de cada uma delas, por vezes nos apresentando vestígios de cores, por vezes nos permitindo ver, quase inteiramente, traços e desenhos de objetos ou outros elementos figurativos que se encontravam velados sobre estas pinturas. Troféus, naturezas-mortas, utensílios cotidianos banais, estruturas geométricas não acabadas e afins.
Tal processo de “revelação” destes vestígios figurativos, dá-se, sobretudo, por meio de um intenso e peculiar processo de subtração realizado pelo artista, em que utiliza ferramentas diversas para escavar suas próprias telas, em um exercício similar ao de um “pintor-arqueólogo”, em busca daquilo que ele sabe que está a repousar escondido ou velado sobre os estratos de tinta ali depositados por ele mesmo. O resultado, assim, revela-se em obras que se erguem tão robustas quanto frágeis – espessas em matéria acumulada, ainda que quase nuas pelo processo de revelação e redescobrimento do que ali estava escondido e, agora, mais uma vez desnudado.
“Meu processo começa com uma primeira camada de pintura onde crio figuras, sejam figuras humanas ou figurações diversas, como naturezas-mortas. Depois venho com outra camada de tinta e depois ainda outra camada… E assim as coisas vão se elaborando. No mínimo, eu costumo fazer cerca de cinco camadas até chegar a esta superfície robusta de tinta a óleo sobre a tela. São pinturas que demoram, há um ritmo que o trabalho pede, é algo que mexe com o próprio tempo do fazer artístico e o tempo da pintura”, afirma o artista, consciente da engenhosidade de seu processo pictórico.