Por Zédejesusbarreto
Um jogo marcado por acontecimentos lamentáveis, cenas de violência absurda na arquibancada antes de a bola rolar, irresponsabilidade da CBF que tinha a responsabilidade do espetáculo, uma vergonha internacional. Um jogo, que começou 35 minutos atrasado por conta da sujeira, tenso, nervoso, mais brigado que jogado todo o primeiro tempo, quando Brasil até foi melhor, criou algumas chances. Mas os campeões do mundo equilibraram no segundo tempo, mais jogado, e fizeram o gol, de cabeça, pra variar. No mais, fecharam-se bem, catimbaram como sempre, souberam vencer.
São quatro partidas da seleção brasileira, sob o comando de Diniz, sem um triunfo (um empate e três derrotas seguidas), algo nunca visto numa eliminatória. Não faltou garra, falta-nos aquele craque que possa desequilibrar. Ou achar um jeito de jogar que possibilite mais finalizações, jogadas de fundo, chutes de longa distância… E que se resolva o problema defensivo em bolas altas. Estamos longe de uma grande equipe, temos um time comum.
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Outros jogos da 6ª rodada:
– Paraguai 0 x 1 Colômbia; Equador 1 x 0 Chile; Uruguai 3 x 0 Bolívia;
Peru 1 x 0 Venezuela (em andamento) // Com os resultados, ate aqui, A Argentina lidera, com 15 pontos, dois a mais que o Uruguai. Seguem a Colômbia, Equador e Venezuela, todos à frente do Brasil, que tem apenas 7 pontos.
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No Maracanã / antes do jogo
– Casa cheia (68 mil presentes), muita expectativa, rivalidades históricas, o maior clássico sul-americano, a Argentina do astro ‘bola de ouro’ Messi, atual Campeã do Mundo, ‘Los Hermanos’ na liderança da competição, a despeito da derrota para o Uruguai, semana passada, em Buenos Aires.
– Talvez a última exibição de Messi, um ídolo planetário, no Maracanã, onde o ‘la pulga’ conquistou seu primeiro título com a camisa da seleção, a Copa América (2021), e onde sagrou-se vice-campeão mundial, na Copa de 2014.
– O Brasil, há três jogos sem vencer (um empate e duas derrotas seguidas) sob o comando de Diniz, sem Neymar, Casemiro e sem Vini Jr, numa fase de renovação de elenco e de estrutura de jogo. Foco total no jogo.
– Tempo limpo, calor, sem chuvas, gramado bom, arquibancadas tomadas com o amarelo predominando, argentinos presentes, Messi um atrativo especial; O Brasil de camisa canarinho e calções em azul, os argentinos de camiseta azul&branco, listras verticais largas, calções pretos.
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Notas tristes!
– Que chance teve a CBF de ter posto garotos&garotas pretos e pretas e mulatas e misturados todos, também, para entrar em campo com os jogadores. Um dia depois da chamada ‘consciência negra’.
Mas, a despeito de tanto mimimi racialista, os cartolas (racistas?) só selecionaram branquinhos e branquinhas. Hipócritas de ‘m’.
E teve coisa ainda pior…
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Pancadaria! Selvageria.
– Cenas lamentáveis, logo após a execução dos hinos nacionais dos dois países. Vaias, provocações e confrontos. Briga nas arquibancadas, antes de a bola rolar, entre torcedores argentinos e brasileiros. Sem que a ‘segurança’ desse conta, entrou em cena o policiamento, intervindo de forma descontrolada, com policiais despreparados descendo cacete. Selvageria e boçalidades de parte a parte. Os atletas argentinos e alguns brasileiros foram até lá, perto das arquibancadas, inicialmente, a implorar por calma, decência, esportividade… Absurdos! Cadê a CBF?
– Um atraso para o começo do jogo, a bola rolar… o tumulto parecia incontrolável. Mais uma prova da falta de competência da CBF para bancar um clássico com essa rivalidade. Sr Ednaldo! Nesses momentos, ele some, malandramente.
Os atletas argentinos, assustados, se retiraram para os vestiários, sem nenhum clima para o início do jogo. Messi, o capitão, tirou o time de campo.
– Teve um Brasil x Argentina, aqui, que nem aconteceu por conta de atletas argentinos que se recusaram a fazer o protocolo de controle contra a COVID, e agentes federais invadiram o gramado, provocando a suspensão do jogo. Lembram? Os ‘mafiosos’ / cartolas jogam tudo isso no baú do esquecimento e continuam a saga, as mamatas… é só o que interessa.
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A CBF será punida? Ah, o Rio de Janeiro continua lindo!
A deusa bola não merecia tamanha bandalheira. Imagina a repercussão internacional.
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Meia hora depois, os argentinos de olhos arregalados voltaram ao gramado. Um clima de guerra instalado. Imaginem o emocional desses atletas, em campo, no confronto, o sangue quente…
Enfim…
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Com bola rolando …
– O treinador argentino povoou o meio de campo, com 5 jogadores, para controlar as ações (Enzo, De Paul, MacAlister, Lo Celso, Messi …). E o jogo, óbvio, depois de tudo acontecido, começou pegado, com entradas duras de lado a lado. Catimbas e milongas. Seria necessário muita maturidade nessa hora. E serenidade da arbitragem chilena para o jogo não melar de vez. Os atletas estavam pilhados.
– Muita marcação, reclamações, botinadas maldosas e pouca criação. Mais brigado que jogado. Com o tempo passando, os jogadores foram se acalmando, sabiam que precisavam jogar bola, afinal … 20 minutos e nenhum chute a gol. O Brasil queria por ritmo, acelerar e a Argentina bem postada, travando, enervando, tocando, cadenciando, como gosta. Os canarinhos atuando mais no campo argentino, tramando mas sem conseguir penetrar, finalizar.
– Aos 37’. Raphinha bateu falta da entrada da área, a bola raspou na barreira e assustou o goleiro Martinez. Aos 43’, numa blitze brasileira, Martinelli achou espaço para bater, goleiro vencido, Romero salvou em cima da linha, cedendo escanteio. Foi só.
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O Brasil fez um primeiro tempo superior. Passada a tensão e o nervosismo inicial, aos poucos o time brasileiro foi tomando conta, empurrando, apertando, ganhando o duelo nas intermediárias… mas os campeões do mundo, bem entrosados, sabem se defender e usam bem a manha, os nervos… souberam administrar o empate, que lhes servia então. A segunda etapa já seria noutro clima, noutro tom. Quem sabe outro jogo?
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Segunda etapa, Nino no lugar do zagueiro Marquinhos (sentindo dores na coxa). Os argentinos sem pressa, óbvio, mas já com nova postura, linhas mais avançadas, desde o recomeço, aberto, mais jogado e equilibrado.
– Aos 9’, Raphinha entrou pela direita e tentou, meio sem ângulo, parou no goleirão Martinez. Aos 12’, os canarinhos entraram pelo meio, Gabriel Jesus rasgando, Martinelli ficou de cara mas chutou em cima de Martinez, chance perdida. Os ‘hermanos’, valorizando a posse de bola, tentando quebrar o ímpeto dos donos da casa. Aos 16’, o primeiro chute de Messi, da entrada da área, pelo meio, travado por André.
– Gol! 1 x 0 Argentina, Otamendi, de cabeça, subindo mais que toda a zaga brasileira, testando cruzamento de escanteio de Lo Celso, acertando o ângulo de Álisson. Aos 19 minutos. Mais um gol sofrido com bola alçada na área.
Outra Argentina na segunda etapa, perigosa, sobretudo nas bolas paradas. O time canarinho sentiu o gol sofrido. Era preciso mexer na equipe em campo, reagir. Diniz chamou o garoto Endrick e Joelington (saíram Gabriel Magalhães e Raphinha), aos 25’.
– Com o gol, os argentinos se fecharam inteiros, atrás, em linhas, apostando num contragolpe para matar o jogo. No mais, o cai-cai, a manha. Di Maria em campo, aos 30 (saiu Messi, que pouco tocou na bola, bem marcado)’.
– Aos 36’, o árbitro chileno expulsou Joelinton, que empurrou De Paul no peito e o argentino simulou mão no rosto, que não aconteceu (a milonga do manjado De Paul, decisivo quando o jogo é pegado). Claro ,não teve mais jogo. Aos 49’, um chute de longe de Douglas Luiz, Martinez catou no chão. Deu Argentina, campeã do mundo, e os jogadores festejaram como se fosse mais um título. Ganhar do Brasil tem outro sabor.
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Destaques
Que partida exuberante do baiano André, o substituto de Casemiro! O melhor do Brasil, disparado. Gabriel Jesus lutou muito, Rodrygo, Bruno… aliás, não faltou raça, nem aplicação. O melhor jogo com Diniz, mas o resultado foi amargo.
Na Argentina, o conjunto, a malandragem, a pegada. De Paul – o dono do jogo -, Romero, Otamendi pelo gol, seriedade, soberbo pelo alto; o goleirão Martinez, Lo Celso. Messi apagadão. O treinador Scalloni enxerga muito, sabe de futebol.
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Ficha técnica
– O Brasil de Diniz: Alisson, Emerson Royal, Marquinhos (Nino), Gabriel Magalhães (Joelinton) e Carlos Augusto; André, Bruno Guimarães (Douglas Luiz); Raphinha (Endrick), Rodrigo e Martinelli ( Rafael Veiga); Gabriel Jesus. (um autêntico 4 2 3 1)
– A Argentina do técnico Scalloni: Martinez, Molina, Otamendi, Romero e Acuña (Tagliafico); De Paul, Enzo Fernandez (Paredes), MacAlister e Lo Celso (Gonzalez); Messi (Di Maria) e Alvarez (Lautaro).
– Arbitragem chilena, Piero Maza no apito. Partida difícil, por todas as circunstâncias. Tentou levar na conversa até o final, mas não teve malícia para avaliar as milongas e simulações dos argentinos; a expulsão de Joelinton foi absurda. De Paul apitou.
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Jogo de seleção só paroano. Em março, faremos dois amistosos importantes, na Europa, contra Inglaterra e Espanha, duas equipes de ponta e com estilo de jogo bem diferentes. Bons testes.
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Foto: CBF