Por Joaci Góes
Ao amigo Plínio Moscozo Barreto de Araujo Filho
A grande novidade da política brasileira é a percepção geral do que os mais atentos já sabiam: uma aliança explícita entre o atual governo e a criminalidade, em geral, com cuidados especiais dedicados ao crime organizado que, segundo o Ministério da Justiça e a Polícia Federal, já envolve entre um quarto e um terço da população brasileira, alcançando entre 53 e 74 milhões de pessoas, quase uma Alemanha inteira. Como se viu nas últimas eleições presidenciais, o fator decisivo para a vitória atribuída a Lula foi o voto da população carcerária, 82% dos quais manifestaram opção por ele, percentual que multiplicado por, apenas, 4 pessoas entre os familiares, alcança números sensivelmente maiores do que os 2,1 milhões de votos da vantagem final petista.
Os sucessivos erros cometidos pelo terceiro governo lulista tornaram clara a compreensão de que esse contingente de marginais já não será suficiente para garantir a renovação do atual mandato, de modo a assegurar a manutenção do poder, como finalidade única, clamando, portanto, por sua ampliação para compensar as perdas dos que em Lula votaram, com o nariz tampado, por rejeitarem, ainda mais, os destemperos de Jair Bolsonaro, mas que, agora, estão dispostos a retornar ao leito liberal, necessariamente, democrático.
Como prova da estupidez e do caráter criminoso da aliança entre o STF e Lula, descondenado pelo argumento descarado de incompetência de foro, o Brasil vem titubeando, de crise em crise, perdendo credibilidade, a ponto de tornar-se um pária internacional que só Deus sabe aonde vamos esbarrar, quando já, perigosamente, nos encontramos um passo à frente da degradação moral da Colômbia quando, na terra de Gabriel Garcia Marques, emergiu a legendária figura de Pablo Escobar, cujas ações criminosas inundaram de sangue o solo colombiano. Elevando a ingênua crença de muitos de que Deus é brasileiro, o Governador Cláudio Castro, cansado de receber negativas de colaboração do Governo Federal, resolveu recuperar espaços da cidade do Rio de Janeiro, governados pelo crime organizado, onde só os “cumpanheiros e ministros amigos” são benvindos. Recebidos à bala, os agentes da polícia do Rio reagiram e, mesmo com a lamentável perda da vida de quatro dos seus agentes, aniquilaram uma centena de delinquentes, armados até os dentes, e prenderam outros tantos que se renderam. Para o Governo Lula e alguns dos seus aliados na Suprema Corte é imperativo enquadrar o Governador e criar uma nova lei que submeta os estados à autoridade federal, no combate ao crime organizado, um modo de tranquilizar, ainda mais, os já tranquilos marginais, muitos dos quais, com dezenas de prisões, têm assegurada sua imediata soltura, tão logo concluída a audiência de custódia, pantomima para iludir a opinião pública, dando-lhe a impressão de que Lula e seus seguidores estão certos ao assegurarem que o delinquente é vítima do capitalismo selvagem, assim como o traficante é vítima dos usuários de drogas. Explica-se, pois, a defesa que Lula faz do crime organizado, como, ao protestar em seu recente discurso na ONU, contra a tentativa, no Brasil, de equiparar o crime organizado ao de terrorismo. Para desespero de Lula e de seus sequazes, as pesquisas revelam que a grande maioria da população é contrária à leniente postura do Governo no combate ao crime de todo jaez.
A tenaz resistência oposta pelo Governo ao projeto de lei das oposições que equipara o crime organizado ao terrorismo, não impediu que o Relatório Derrite avançasse muito para assegurar um sistema punitivo que atende, em grande medida, as atuais e inquietantes preocupações da sociedade brasileira.

