A área que contempla o complexo fabril da BYD, na cidade de Camaçari, a 50 quilômetros de Salvador, teve, oficialmente autorizado, o início das obras para instalação da gigante chinesa na Bahia, nesta terça-feira (5). O governador Jerônimo Rodrigues e os secretários da Fazenda (Sefaz) e de Desenvolvimento Econômico (SDE), Manoel Vitório e Ângelo Almeida, respectivamente, participaram da cerimônia e assinaram contrato preliminar de compra e venda do imóvel, pertencente ao Estado, que concederá, a partir da data, o uso da área pela fabricante.
De acordo com Almeida, titular da SDE, essa venda acontece dentro do programa de desenvolvimento de áreas destinadas aos empreendimentos industriais da Bahia, permitindo seu uso por tempo indeterminado pela BYD. “A política de desenvolvimento econômico e industrial do Estado garante um ecossistema para a atração de empresas e ampliação das que já existem nos seus distritos industriais”, explicou.
Um dos impactos sociais previstos é a geração de emprego e a descarbonização do segmento automobilístico. O governador Jerônimo Rodrigues afirma que esse momento foi muito aguardado pela população de Camaçari.
“Estamos falando de 10 mil empregos e, ao mesmo tempo, empregos que descarbonizam o meio ambiente. E, além do mais, é a imagem do Brasil. Quando a BYD se instala na Bahia, em Camaçari, os carros que serão exportados deste local levarão a imagem e o nome de Camaçari. Muita gente virá a Camaçari para fazer negócio, para conhecer a planta, entender como funciona. Precisamos reconceituar os polos industriais do Brasil, principalmente aqueles que tinham e têm ainda uma base muito carbonizada. Então, o Governo do Estado também voltará a Camaçari para dar ordens de serviços, licitar obras, dirigidas ao povo de Camaçari, mas muitas delas em função dos investimentos da BYD”, expôs Jerônimo Rodrigues sobre os projetos elaborados para os próximos anos na cidade conhecida pelo desenvolvimento industrial.
O chefe do executivo também compartilhou que, antes da BYD chegar a Bahia, já estavam sendo feitos aportes em segurança pública, educação para formação de mão de obra para atuar nas obras e fábrica, em água e esgotamento sanitário e estruturas de saúde. “A cidade vai ganhar um novo perfil de público, estimulando, inclusive, através da Secretaria da Fazenda, novos investimentos em pousadas, hotéis, restaurantes, bares”, completou.
A partir de agora, a fábrica será construída do zero nos 330 mil metros quadrados do complexo fabril sem edificações e, a partir da segunda etapa do projeto, o antigo complexo da Ford será reformado para ser utilizado para atração e a implantação da cadeia de fornecedores. Segundo Alexandre Baldy, conselheiro da BYD no Brasil, a ideia é criar uma rede de fornecedores locais.
“A BYD tem como política de progresso, de investimento, atrair para dentro do seu polo fabril o maior número possível de fornecedores locais e nacionais. Em alguns modelos nossos, existem mais de 73% de fabricação de partes e peças dentro da planta industrial e aqui esse objetivo será nessa direção. Portanto, os investimentos de mais de 3 bilhões de reais, que somarão em torno de 10 mil empregos diretos gerados, farão com que esses modelos sejam fabricados aqui [em Camaçari] em 2025. Nosso objetivo é que, ao fim deste ano, consigamos ter, na primeira fase, carros sendo montados nessa planta, que nós tenhamos a fabricação completa saindo para Camaçari, para a Bahia, para todos os estados do Brasil”, declarou Baldy.
No complexo, serão produzidos veículos elétricos e híbridos de passeio, chassis de ônibus e caminhões elétricos a partir de 2025. Também está entre os objetivos, nos próximos cinco anos, o processamento de lítio e ferro fosfato, que vão ser usados nas baterias dos veículos.
“Em cinco anos, almejamos o processo de nacionalização de componentes locais e, certamente, um dos objetivos é a fabricação das baterias de lítio. Esse é um dos investimentos que não estão mencionados nesse pacote aqui anunciado, dentro de um planejamento para que, em uma discussão com os governos federal e estadual, consigamos aumentar, pelo menos, 70% os componentes locais em solo brasileiro”, detalhou o conselheiro da BYD.
Em outubro de 2023, a empresa foi autorizada a realizar estudos ambientais e de viabilidade na área. Nesse período, lançou, ainda, a pedra fundamental do conjunto de fábricas