Ba Vi: o que esperar para 2024

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Por Zedejesusbarreto
O melhor do futebol baiano neste 2023 que se finda foi a torcida. Baiano gosta de ver futebol, torcer. O Bahia, mesmo capengando, tropicando, encheu as arquibancadas da Fonte Nova em seus jogos pela Série A, uma média de público em torno de 40 mil. Devotamentos. O Vitória, que começou o ano com fracassos seguidos, ganhou tesão na disputa da Série B e o torcedor rubro-negro transformou o Barradão num salão de espetáculos em vermelho e preto. Pura vibração, show.

  Não seria leviano dizer que a torcida tricolor foi responsável direta para que o time, num sobe e desce mambembe, não caísse para a segundona. Empurrou, cobrou, derrubou treinador, chacoalhou jogadores, motivou e sofreu até o apito final. A torcida do Vitória jogou com time, mesmo em dias opacos no gramado, acreditando, chamando a sorte, vencendo jogos absurdos. Bonito de ver.

  Agora, perguntamos: o que esses torcedores, rivais e amantes, esperam ou podem esperar para 2024?

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   Rubro-negros e tricolores estão juntinhos, na elite da Série A e também no Baianão, no Nordestão, na Copa do Brasil… Teremos muitos Ba x Vis e Vi x Bas na temporada, o primeiro em fevereiro, tempos de folia, pelo Campeonato Baiano, no Barradão. O Leão, que faz tempo mal disputa a competição, está de volta, querendo brigar de novo pelo título. O Bahia vai começar a competição com um time B, mas para o torcedor, ‘mais um título de glória’ é obrigação. O clube já papou 50 baianos desde a fundação em 1931.

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  Calcula-se que em toda a temporada 2024 cada equipe poderá jogar mais de 70 partidas, o que exige plantel, elenco com saúde, preparo atlético, mental e qualidade.

Planejamento, objetivos bem definidos e traçados, vontade, investimentos. Temos um bom começo de conversa, de lado a lado, mantidos os treinadores (Rogério Ceni e Leo Condé) e a base dos elencos desse ano findante. Mas o torcedor sabe, tem consciência e exige reforços, há lacunas nas duas equipes, faltam craques – um Douglas, um Bobô, um Osni, Mario Sérgio, Paulo Rodrigues, Petkovic…  Cadê?

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 Quem chega?

 Sabemos que o futebol se transformou muito dentro e fora das quatro linhas do jogo. Virou espetáculo pra tevê, negócios, indústria de entretenimento, muitos intere$$es, disputas, leilões, empresários, agentes, dirigentes espertalhões, atletas celebridades, marketings, especulações, visibilidades… essas coisas do mundo da modernagem, globalizações…

  Assim, mais que nunca contratar jogadores é uma engrenagem complexa, uma façanha, sempre um tiro no escuro. Como já dizia o lendário Neném Prancha: “Contratação boa é aquela que dá certo”. Nada adianta nome, camisa, currículo, fama … se a bola não entra.

 Daí, vamos esperar pra ver.

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 Até agora, só blábláblá, algumas saídas previstas nas duas equipes, de atletas emprestados, outros que não aprovaram, alguns que não quiseram mais continuar, acharam propostas melhores…  normal, faz parte. Muitos nomes especulados, tidos como certos, mas nada amarrado e oficializado, melhor esperar janeiro, com martelos batidos. A diretoria do Vitória acena com umas 10 caras novas, o pessoal do Bahia City fala nuns oito novos contratados. Veremos.

 Entendemos que o Leão precisa reforçar a zaga, laterais, um meia armador e centroavante para fazer sombra ao rodado Gamalho. No Bahia, alguém de bom nível para substituir Acevedo, machucado, um meia armador que vista a 10 e, mais que urgente, um centroavante com fome de gol. E um líder dentro de campo.  

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  Pré-temporada ou passeio?

  A novidade pelas bandas do ‘Tricolor City’ é uma pré-jornada de treinamentos, em janeiro, lá pelas bandas de Manchester, na Inglaterra. Puro marketing, agá. Quatro dias perdidos, em viagens e bagagens, uma mudança climática absurda (lá muito frio e aqui pleno verão), diferente profissionalismo, outros comprometimentos, salários e uma comunicação difícil (lá o City joga em inglês, com Guardiola no comando, cá jogamos em baianês, na quentura de Dias d’Ávila, com Ceni tentando).  Tomara que funcione bem na cabeça/mentalidade dos jogadores, que o ‘passeio’ sirva pra alguma coisa. Se…

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  A bola murcha do atraso 

  Por falar em City … ainda repercute pelas bandas de cá a derrota do (4 x 0) do Fluminense de Diniz (treinador da Seleção Brasileira) na final do Mundial de Clubes. Um chocolate. Tem carioca que gostou da atuação do Flu. Pois.

  O placar, que poderia ter sido bem maior se o City forçasse mais no segundo tempo, diz tudo do abismo que há, hoje, entre o futebol jogado no Brasil, na América do Sul e o da Europa.  Temos um atraso de, no mínimo, uns 20 anos. Perdemos nosso jeito de jogar, que era um diferencial, e tentamos imitar os gringos, que são mais aplicados, mais bem preparados e obedientes tática e coletivamente.

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 Perdemos o encanto. Não temos mais um Garrincha, um Gerson, Ronaldinho, nem um Rivaldo. Nosso mais famoso na Europa, hoje, é Vini Jr. Ora, esse moleque velocista não amarrava a chuteira de um Biriba, um Marito, Osni, Mario Sérgio, Jésum… 

  Não temos hoje na seleção um apoiador da qualidade de um Paulo Rodrigues, tampouco um meia como Douglas, Almiro …   Nossa seleção é ‘nutela’, timeco de tatuados, sem gana, sem manha, nem pegada, nem malícia… 

 O atraso do nosso futebol tem a ver com o atraso em tudo mais – educação, saúde, segurança, saneamento, infraestrutura, tecnologias …   Precisamos reencontrar nosso jeito brasileiro de ser.

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 Seleção baiana 2023

  Mudando de prosa, vou escalar minha seleção Ba Vi/2023. Aprecie e palpite.

 – Lucas Arcanjo, Zeca, Wagner Leonardo, Rezende e Camilo Cândido; Acevedo, Rodrigo Andrade, Thaciano e Cauly; Osvaldo e Biel.   Treinador, Leo Condé.

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Que tenhamos um 2024 melhor, sem tantas agonias, uma bola mais redonda. 

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1 de janeiro é aniversário de fundação do Bahia. Será que os marqueteiros do City/Bellintani se lembram?

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Foto: EC Bahia