Por Zédejesusbarreto
Um clássico com quatro gols, equilíbrio e alternativas no placar. O Leão abriu 2 x 0 em dois gols de cabeça (pra variar) e falhas do goleiro tricolor. Quando parecia definido, na segunda etapa, Ceni lançou o time à frente, empurrou o Leão pra trás e em 4 minutos fez dois gols, empatando (2 x 2) e encurralando. Foi emoção até o final. O torcedor rubro-negro, mesmo sem perder em casa para o rival, mantendo a escrita, saiu com um gostinho amargo na garganta. Clássico é clássico, quase sempre tem surpresas.
Com o resultado, o Bahia vai a 4 pontos ganhos e o Vitória tem um, com um jogo a menos.
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No Barradão
– Tarde de domingo de outono, um 21 de abril de significados nacionais históricos, tempo instável (começo com sol maneiro), casa cheia (cerca de 28 mil presentes), o quinto clássico do ano – o Leão venceu dois em casa, de virada (3 x 2); na Fonte Nova, o Bahia empatou um de (1 x 1) e ganhou outro (2 x 1).
– É a volta do confronto valendo pela Série A, o último tinha acontecido em 2018. O rubro-negro estreou perdendo em casa (1 x 0) para o Palmeiras, o Bahia perdeu para o Inter, em Porto Alegre, e venceu de virada o Fluminense (2 x 1) na Fonte.
– Clássico não tem favoritos, na maioria das vezes é decidido por detalhes. A rivalidade é grande, torcida única nas arquibancadas, duas equipes com estilos de jogo diferentes. O Leão, sobretudo na sua Toca, costuma se impor fisicamente, é um time que marca duro, gosta dos contragolpes agudos, e tem o apoio constante, às vezes decisivo, da torcida. O Tricolor troca mais passes, gosta de tramar no chão, valoriza a posse de bola. Terceira rodada do Brasileirão.
– O Vitória com seu uniforme um, em vermelho e preto. O Bahia inteiro de branco, detalhes em vermelho e azul.
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Com a bola rolando …
– Começo cadenciado, estudado. As duas equipes se respeitam em campo. Primeiro chute foi de Ademir, do meio da rua, errou o alvo, aos 3 min. Jogo morno, nenhum grande lance de área até os 15min, as ações se desenrolando mais no campo defensivo dos donos da casa, mais retraído, sem pressa, como se o Leão estivesse apostando num segundo tempo mais acelerado, com o adversário já mais cansado – como Condé gosta.
– Gol! 1 x 0 Vitória, Mateuzinho, aos 22 minutos. Cruzamento largo de Zeca, da direita, o pequenino Manteuzinho testou livre na frente da pequena área, o goleiro Marcos Felipe deu rebote (pra variar) e o mesmo Mateuzinho brocou. O Leão cresceu.
– Aos 26’, Mateuzinho costurou e bateu firme, Marcos Felipe mais uma vez deu rebote, pra frente, Leo Naldi tentou e o goleiro mandou a escanteio. Um Bahia meio apático, sem mobilidade, gramado alto e fofo, bola mais lenta, o time da casa mais à vontade, pois. O Tricolor meio perdido, depois que levou o gol, e pouco agressivo.
– Aos 38’, boa trama de Juba com Jean Lucas, Everton Ribeiro ficou lipo, de cara, mas chutou fraco, nas mãos do goleiro. Aos 39’, Jean Lucas bateu de entrada da área, bola desviou na zaga, passou raspando o poste de Lucas Arcanjo, só espiando. O Leão se encolheu, fechou-se atrás, postando-se para o contragolpe. O Tricolor em cima, com suas linhas avançadas, mas… Antes do apito, belo chute de longa distância de Caio Alexandre, defesa em rebatida de Lucas Arcanjo.
Uma primeira etapa sem tanta intensidade, morna mas bem jogada, equilibrada. O Vitória foi mais eficiente, desceu pra merenda com a vantagem (1 x 0), aproveitando-se das bem conhecidas vaciladas do rival – zaga que não chega nos cruzamentos alçados e um goleirinho reboteiro, inseguro. No final, uma pressão do tricolor que nada rendeu. Nada definido no intervalo, mas uma vantagem bem à feição do Rubro-negro, bom de retranca e contragolpes. O Tricolor tem de correr e acreditar mais, ou… a freguesia vai continuar no Barradão.
Segunda etapa – Mesmo vencendo, Leo Condé mexeu, pôs Matheus Gonçalves em campo, pondo mais velocidade, correria, surpreendendo. Ceni, nada. Aos 3’, falta alçada da esquerda, Wagner Leonardo testou e a bola raspou o poste tricolor, jogadinha bem treinada, eficiente. Um Bahia desconcentrado, perdido e envolvido. Aos 6’, Osvaldo recebeu livre na área, de cara com Marcos Felipe, deu o goleiro, salvando. Só dava Leão, inteiro, fustigando.
Aos 10’, Marcos Felipe espalmou cobrança de falta, e, na cobrança do escanteio …
– Gol! 2 x 0 Vitória. Mateuzinho cobrou escanteio fechado, Wagner Leonardo antecipou-se ao goleirinho (não disputou pelo alto, teme o corpo-a-corpo) e testou, em cima da linha, ampliando, fácil. Aos 12 minutos.
E caiu o toró. Com o placar mais que desfavorável, Ceni resolveu trocar três: Rezende, Everaldo e Biel em campo (saíram Cuesta, com cartão amarelo; Everton Ribeiro, sem pernas; e Ademir, que pouco rendeu). O Bahia em cima, na frente, e o Vitória recuou …
– Gol! 2 x 1, Bahia, Biel, aos 23 minutos. Thaciano recebeu na área, após chute travado de Everaldo, encobriu o goleiro, que saiu às tontas, bola no travessão e Biel escorou para as redes, já na pequena área, diminuindo e pondo fogo no jogo.
Aos 25’, Thaciano cruzou da direita, Biel escorou, a bola passou pelo goleiro mas bateu na trave, no rodapé e não entrou. O Bahia acuando, sufocando…
– Gol! 2 x 2 Bahia, Everaldo, golaço! Recebeu de Biel e deu uma bomba da entrada da área, a bola bateu no travessão e entrou. Aos 27 minutos, empatando. Calou o estádio.
Com o empate, Leo Condé arriscou tudo na frente. Pôs Lepo, Luis Adriano e Iury em campo, saíram Zeca, Osvaldo e Alerrandro. O Bahia continuou em cima, querendo a virada, e o Leão atrás, na moita, segurando e já sem contragolpear. Sentiu a pancada. Leo Condé tirou Rodrigo Andrade e lançou Luan, reforçando a pegada no meio-campo. Ceni respondeu, lançou Oscar Estupinan e De Pena, saíram Caio Alexandre Thaciano. Jogo aberto e indefinido, lá e cá, até o final. Claus acrescentou 5 minutos.
Um empate justo. O Vitória foi melhor em boa parte do primeiro tempo, o Bahia superior no segundo.
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Destaques
– No Vitória, Wagner Leonardo, Mateuzinho, Matheus Gonçalves.
– No Bahia, Biel, decisivo; Everaldo, golaço; Thaciano, sempre; Jean Lucas, Juba…
No mais, o goleirinho Marcos Felipe é um entregador de bavi, inseguro, não é confiável, reboteiro.
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Ficha técnica
– Vitória: Lucas Arcanjo; Zeca, Bruno Uvini(estreante), Wagner Leonardo e Lucas Esteves; Willian Andrade, Léo Naldi (Matheus Gonçalves), Rodrigo Andrade (Luan) e Matheuzinho; Osvaldo (Iury) e Alerrandro (Luis Adriano). Técnico: Léo Condé (aniversariante do dia).
– Bahia: Marcos Felipe; Arias, Gabriel Xavier, Cuesta (Rezende)e Juba; Caio Alexandre (De Pena), Jean Lucas, Éverton Ribeiro (Biel) e Cauly; Thaciano (Everaldo) e Ademir (Oscar Estupinam). Técnico: Rogério Ceni.
– Árbitro: Raphael Claus/Fifa-SP. No VAR, Rodrigo Guarizo Ferreira do Amaral/SP.
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Pela 4ª rodada
– Bahia x Grêmio, sábado, dia 27, às 21h, na Fonte Nova.
– Cruzeiro x Vitória, domingo, dia 28, 16h, no Mineirão/BH.
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Outros jogos da rodada
– Fluminense 2 x 1 Vasco; Grêmio 1 x 0 Cuiabá; Bragantino 1 x 0 Corínthians;
Atlético Mineiro 3 x 0 Cruzeiro; Criciúma x Fortaleza (data indefinida)
Palmeiras 0 x 0 Flamengo; Athlético/PR 1 x 0 Internacional; Botafogo x Juventude;
Atlético/GO x São Paulo.
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Pela Copa do Brasil, o Bahia enfrentará o Criciúma, campeão catarinense, primeiro confronto na Fonte Nova. O Vitória pega o Botafogo/RJ, primeiro jogo no Rio. Os jogos devem acontecer nas primeiras semanas de maio.
Foto: EC Vitória/Victor Ferreira