Bahia e indústria baiana crescem acima da média nacional em 2025, mas ritmo deve desacelerar

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Mesmo em um cenário econômico marcado por incertezas, a Bahia mantém posição de destaque no contexto nacional e regional. Os indicadores econômicos apontam para um crescimento de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia em 2025, segundo estimativas do Observatório da Indústria da FIEB. Com esse resultado, o estado alcança o quinto ano consecutivo de expansão econômica, superando o desempenho médio do país, projetado para 2,25%.

O estado segue como a sétima maior economia do país, responde por 29% do PIB do Nordeste e lidera a indústria regional, concentrando 33,4% do Valor da Transformação Industrial (VTI) da região. A relevância baiana também se reflete no comércio exterior: no primeiro semestre de 2025, a Bahia foi responsável por 45,2% das exportações nordestinas, consolidando-se como o principal polo exportador do Nordeste.

De acordo com o superintendente da FIEB, Vladson Menezes, o desempenho da economia baiana chama atenção por se manter acima do cenário nacional. “A variação do PIB da Bahia deve se confirmar maior do que o brasileiro, assim como a variação do PIB industrial do estado (1,5%)”, destacou. Ele ressalta ainda que o emprego industrial também apresenta um resultado expressivo, com crescimento de 1,1%, o maior nível já registrado, impulsionado principalmente pela construção civil.

O mercado de trabalho acompanha essa trajetória positiva. No terceiro trimestre de 2025, a taxa de desemprego na Bahia caiu para 8,5%, a menor da série histórica iniciada em 2012, refletindo a geração líquida de empregos e o aumento da massa salarial, fatores que sustentam a demanda interna. Ainda assim, Vladson Menezes alerta que o bom desempenho não elimina os desafios estruturais enfrentados pela indústria local. Segundo ele, a competitividade da indústria baiana segue pressionada por altos custos, gargalos de infraestrutura e pela crescente concorrência de produtos importados, sobretudo da China. “A China se tornou o maior exportador de produtos do mundo, inundando mercados planeta afora, o que também atinge o Brasil”, explicou.

A análise setorial de 2025 mostra que a agropecuária deve apresentar o melhor desempenho entre os grandes setores, com crescimento estimado de 8,1%, impulsionado pelo recorde na produção de grãos, que deve avançar 12,3% ao longo do ano. O resultado reforça o peso do agronegócio na dinâmica econômica do estado. A indústria, por sua vez, deve crescer 1,5%, com destaque para a construção civil, que tende a avançar 3,9%, refletindo tanto a expansão do mercado de habitação de interesse social quanto a realização de investimentos em infraestrutura. A indústria de transformação deve crescer 1,1%, enquanto os Serviços Industriais de Utilidade Pública devem avançar 2,6%. Em contrapartida, a indústria extrativa deve registrar retração, influenciada pela queda na produção de magnesita, cobre e pedras britadas.

O setor de serviços segue em processo de recuperação, ainda que de forma moderada. O comércio deve permanecer praticamente estável, com crescimento estimado em 0,8%, enquanto segmentos como transportes, comunicações e serviços prestados às famílias tendem a apresentar desempenho mais favorável. Com isso, a expectativa é de crescimento de 2,0% do setor de serviços em 2025. Esse cenário positivo, no entanto, convive com restrições importantes, sobretudo a política monetária ainda apertada, com juros elevados, que limita uma retomada mais robusta da atividade econômica.

Para o presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos, o principal ponto de atenção está justamente nas empresas que enfrentam essas dificuldades para se manter competitivas. “O que mais preocupa a FIEB são as empresas que têm dificuldades para competir no mercado. Instituições como a nossa existem para apoiar a indústria, que é o setor que mais contribui para o desenvolvimento econômico quando um novo empreendimento chega a uma região”, afirmou.

2026: desaceleração e Indústria com avanço contido

Para 2026, a expectativa é de desaceleração do crescimento da economia baiana, com avanço projetado de 1,4% do PIB estadual, refletindo um ambiente macroeconômico mais restritivo, tanto no Brasil quanto no exterior. Ainda assim, alguns segmentos devem apresentar desempenho relativamente melhor, como o refino de petróleo e biocombustíveis, beneficiados pelo aumento da demanda regional, e a construção civil, impulsionada pelo programa Minha Casa Minha Vida e por grandes obras de infraestrutura na Região Metropolitana de Salvador. Também há perspectivas positivas para os segmentos de minerais não metálicos, máquinas e materiais elétricos, além do setor automotivo, que deve começar a sentir os efeitos do início das operações da BYD em Camaçari, já com impactos positivos sobre o emprego.

Por outro lado, setores ligados a bens de consumo, como alimentos, bebidas e calçados, devem enfrentar maiores dificuldades em função da desaceleração da demanda interna. As energias renováveis também seguem limitadas por gargalos de transmissão e pelo curtailment, enquanto a extração mineral sofre com o declínio natural da produção de petróleo e gás, reforçando a necessidade de novos investimentos em infraestrutura.

No cenário nacional, embora o mercado de trabalho permaneça aquecido — com taxa de desemprego de 5,6% em outubro de 2025, a menor desde o início da série histórica em 2012 —, a atividade econômica brasileira dá sinais de perda de fôlego. O crescimento projetado é de 2,25% em 2025 e de apenas 1,8% em 2026, segundo o Relatório Focus do Banco Central. Entre os principais riscos estão o elevado nível dos juros reais, a dificuldade do governo em gerar superávits primários, o aumento da dívida pública e a tendência de redução dos saldos comerciais.

No plano internacional, o ambiente segue marcado por tensões geopolíticas, disputas comerciais e políticas protecionistas, embora ainda apresente crescimento resiliente. As projeções do Fundo Monetário Internacional indicam que a economia mundial deve crescer 3,1% em 2026, com desaceleração nas economias avançadas e desempenho ainda relevante das economias emergentes, apesar da perda de fôlego da China.

Apesar desse conjunto de desafios, a Bahia deve crescer abaixo de seu potencial histórico em 2026, mas mantém bases sólidas para uma retomada futura. A diversidade da sua estrutura produtiva, a força da indústria regional e os investimentos em infraestrutura e novos empreendimentos colocam o estado em posição estratégica para acelerar novamente o crescimento quando as condições macroeconômicas se tornarem mais favoráveis.