Por Zédejesusbarreto
A renovada e boa equipe do Uruguai quebrou um tabu de mais de 20 anos (não nos vencia), impôs-se no histórico e monumental Estádio Centenário e enfiou 2 x 0 no Brasil, jogando bola, sem pancadaria ou canganchas. A equipe de Fernando Diniz ainda jogou um pouco, equilibrou no primeiro tempo, mas, depois da saída de Neymar e em todo o segundo tempo levou um banho coletivo dos uruguaios. O goleiro da Celeste praticamente espiou a partida, o Brasil chutou uma bola no gol apenas, de falta (Rodrygo acertou a trave), e só.
Pra piorar, no final da primeira etapa, Neymar disputou um lance e caiu, sentindo o joelho, torção grave segundo as primeiras avaliações. O astro-celebridade pouco apareceu, fora de forma, sem tempo de bola.
Os fazemos uma reformulação geral nessa seleção ou … passamos mais uns 20 anos sem vencer uma copa do mundo, nem uma copa América.
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Outros jogos da rodada 4
– Venezuela 3 x 0 Chile (tá vendo?); Paraguai 1 x 0 Bolívia; Equador 0 x 0 Colômbia.
Fechando a rodada, Peru x Argentina (depois do Uruguai x Brasil, em andamento).
– Classificação
A Argentina, que ainda joga, lidera, com 10 pontos(pode ir a 12 se vencer o Peru); Uruguai, Brasil e Venezuela com 7 pontos e Colômbia com 6. São os 5 primeiros na competição.
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Em Montevidéu
– Estádio Centenário, construído para a Copa do Mundo de 1930, a primeira, à época o maior do mundo, palco histórico. Noite fria, 12 graus (caindo), arquibancadas quase lotadas, gramado de primeira linha. Um grande clássico, rivalidades… ninhos de futebol.
– O Uruguai, a Celeste Olímpica, belo azul, uma seleção renovada, talentosa, e vem jogando bem. O Brasil com sua amarelinha tradicional, canarinha.
– No time de Diniz, três novidades: Yan Couto começando, lateral direita, 21 anos; Carlos Augusto, 24 anos, da Inter de Milão, estreante, e a volta do manjado Gabriel Jesus como centroavante no lugar do atrapalhado Richarlison. O time empatou com a Venezuela (1 x 1) em Cuiabá e não tem convencido.
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Com a bola rolando …
– A seleção de Diniz começou naquele totozinho defensivo, ariscado, e os donos da casa marcando adiantado, tentando dificultar, provocar um erro na saída de bola brasileira e criar chances de gol. Na pressão. A pegada uruguaia é dura. As ações rolando pelo miolo de campo, nenhum lance de área perigoso até os 25 minutos. Os Canarinhos a tocar, trocar passes, a Celeste pondo correria, a ‘pelear’.
– A pressão inicial uruguaia controlada, os brasileiros saíram pro jogo, achando mais espaços para atacar. Muita marcação, movimentação e pouca inspiração. Trinta minutos, nenhuma finalização, nem lá nem cá. O Brasil tinha mais a bola, sem conseguir penetrar.
– Gol! 1 x 0 Uruguai, aos 42 minutos. Nuñes, escorando de cabeça na frente da pequena área o cruzamento de Maxi Araújo, da esquerda. A primeira finalização real dos uruguaios.
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… e Neymar estourou o joelho
Antes do final do primeiro tempo, após uma disputa de corpo no meio de campo, Neymar caiu, sentindo o joelho. Saiu de maca, chorando. Torção e ligamentos afetados, pelas primeiras notícias. Isso significa uns seis meses fora dos campos … ou fim de linha. Fora de forma, pesado, músculos frouxos… pisou mal, a perna não suportou.
Diniz pôs Richarlison em campo. Um 4-2-4, pois. Casemiro e Bruno Guimarães no meio campo, só, e quatro avantes… Ora, Bielsa deve ter adorado.
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O Uruguai voltou bem melhor, mais confiante, na segunda etapa, ocupando mais os espaços ofensivos e chutando, tentando o gol. O Brasil aberto, perdendo o duelo de meio-campo, criando muito pouco. Mais na vontade, correria, nas tentativas individuais que no coletivo. O padrão Diniz, de trocas de passes foi pro brejo. Os uruguaios com o controle do jogo, administrando bem a vantagem no placar e mantendo a pegada.
– Aos 23’, Rodrygo (o melhor dos canarinhos) bateu falta frontal, distante e acertou, balançou o travessão de Rochet, na jogada mais perigosa até então do time brasileiro. Aos 25’, placar adverso, Diniz foi pro tudo ou nada: lançou Arana e Neres, saíram Yan Couto e Carlos Augusto, ao ataque! Na louca.
– Gol! 2 x 0 Uruguai, De La Cruz, aos 33 minutos. Bola enroscada na linha de fundo, Casemiro, Marquinho e Gabriel não resolveram, a bola sobrou na pequena área e o jovem (22 anos), livre, detonou. Justo, a Celeste melhor em campo.
Um Brasil decepcionante, até o final, tropeçando na bola. O único chute a gol foi a falta cobrada por Rodrygo.
Destaques
-Rodrygo, o melhor dos brasileiros, buscando, criando, girando… Vini Jr apagado, Richarlison trapalhão, Casemiro já foi, Marquinhos idem, Gabriel Jesus? Acorda, Diniz!
No Uruguai, Araújo na zaga, Valverde e o De la Cruz.
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Ficha Técnica:
– O Uruguai escalado pelo experiente e manhoso Bielsa: Rochet, Nandez (Bruno Mendez), Araújo, Cáceres e Oliveira (Piquerez); Ugarte, Valverde e De La Cruz; Pellistri, Nuñez e Maxi Araújo.
– O Brasil do treinador ‘interino’ Diniz: Ederson, Yan Couto (Neres), Marquinhos, Gabriel e Carlos Augusto (Arana); Casemiro, Bruno Guimarães (Rafael Veiga), Neymar (Richarlison) e Rodrygo: Gabriel Jesus e Vini Jr. (Matheus Cunha)
– Arbitragem venezuelana, Alexis Herrera no apito.
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Vai deslanchar?
– O Bahia joga nesta quarta-feira, 21h30, na Fonte Nova, contra o Internacional de Porto Alegre. Parada dura. Mas, depois dos 6 x 4 em cima do Goiás, em Goiânia, o Tricolor projeta uma arrancada, agora sob comando de Rogério Ceni, uma vida de boleiro, com dois objetivos: escapar de vez dessa zona de perigo, somando pontos; e, quem sabe, até almejar um lugar na Sul-Americana.
Para tanto, é preciso vencer o Inter e, no sábado, o Fortaleza, também na Fonte Nova. Jogos que devem ser disputados como se fosse uma final de Copa, seis pontos.
Ou deslancha ou desmancha, periga cair para a Segundona em 2024. Chegou a hora.
Dois jogos que vão decidir a sorte do Bahia City/2023.
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O Leão quer mais
Líder isolado e absoluto da Série B, com 5 pontos à frente do segundo colocado, o Vitória joga na sexta-feira à noite em São Luiz do Maranhão contra o tinhoso, encardido Sampaio Corrêa. Viagem, temperatura, campo fofo, torcida… jogo duro.
O Leão baiano está praticamente classificado entre os quatro primeiros que sobem para a Série A. Mais um triunfo e pode comemorar, o grande objetivo do ano está cumprido. Mas a torcida, indócil, quer mais, quer o título da Campeão da Série B, histórico, pois será (?) o primeiro título nacional do Rubro-negro baiano.
O sábio e esperto Osório Villas-Boas, deixou escrito: “Jogo se ganha dentro de campo, mais título se ganha fora de campo”. Esse Vitória da Série B/2023 fez bem a lição:
– Salários em dia, treinador e vestiários, união, preparação e foco, aplicação, sem crises, muito pragmatismo, metas, mais arquibancadas, arbitragens, noticiários… os ventos soprando favoráveis.
Sim, é um título importante. Tá bem encaminhado. É só manter a pegada.
Foto: Vitor Silva / CBF