Caetano vence em Camaçari: um triunfo para o PT e um revés para o “cinturão azul” de ACM Neto

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A vitória de Luiz Caetano (PT) no segundo turno das eleições em Camaçari representa mais do que uma simples mudança de liderança local. Em meio a uma campanha acirrada e carregada de disputas políticas de proporções estaduais, Caetano se consolidou como o nome que, além de recuperar um reduto histórico do PT, desestabilizou o sentimento de fortaleza que o grupo de ACM Neto vinha construindo na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Esta vitória tem um peso, pois transforma Camaçari em um ponto de resistência ao chamado “cinturão azul” que Neto tanto aspirava consolidar.

A unidade do grupo governista foi um fator determinante para essa conquista. O apoio de lideranças importantes do PT, inclusive do presidente Lula, que participou diretamente da campanha ao lado de Caetano, conferiu um simbolismo importante ao projeto. O empenho do governador Jerônimo Rodrigues e de figuras históricas como Jaques Wagner e Rui Costa fortaleceu ainda mais a candidatura, destacando a articulação e unidade que o grupo conseguiu manter ao longo de toda a disputa. Com uma base sólida, Caetano conseguiu atrair e mobilizar forças políticas locais, revertendo apoios que antes eram de seu adversário, Flávio Matos, e angariando a confiança da população com promessas de retomada do desenvolvimento local.

Entretanto, o que deveria ser uma eleição focada em solucionar as demandas de uma cidade que abriga um dos principais polos industriais do Estado acabou se transformando em uma “guerra de território” político. A super estadualização da campanha deixou em segundo plano questões fundamentais para Camaçari, que sofre com desafios como segurança, mobilidade urbana e melhorias nos serviços públicos. Ao invés de discutir as soluções para esses problemas, a eleição foi tomada pelo debate sobre qual grupo político estadual sairia fortalecido.

A estratégia de ACM Neto de consolidar uma hegemonia na RMS, ancorada na continuidade de Flávio Matos em Camaçari, sofreu um golpe. A cidade, que ocupa uma posição estratégica na região, é peça-chave para qualquer planejamento político de longo prazo. Agora, com Caetano no comando, o PT reafirma sua presença e ganha um território estratégico para fortalecer a base governista.

Embora a presença de Lula tenha sido um impulso simbólico para Caetano, o resultado não dependeu exclusivamente disso. O que pesou foi a articulação com as lideranças locais, a capacidade de atrair apoio de vereadores e grupos de influência e, principalmente, a atenção voltada aos interesses e necessidades específicas da população. Ter uma pastora na vice também causou um impacto considerável.

Camaçari reafirma sua importância não apenas como base eleitoral, mas como um centro econômico e social de destaque, merecedor de uma política focada em resultados. A política em Camaçari não pode se resumir a um pêndulo entre interesses de poder. A cidade exige e merece atenção voltada às suas reais necessidades, e a vitória de Caetano pode ser um sinal de que o foco precisa voltar a ser, acima de tudo, Camaçari e seus cidadãos.

Adendo: este jornalista, após uma correria eleitoral intensa, tirará alguns dias de férias e dentro de duas semanas estará de volta. Se compadeça desse escravo da notícia política que precisa recarregar as energias. Claro, se uma excepcional justificar uma extraordinária, cá estarei.