Camaçari e a desconexão entre planejamento da cidade, cultura e resgate da história 

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Por João Leite

Paisagem Segue sem respostas as denúncias sobre o cochilo, isso quando não atropela a legislação, por parte da prefeitura de Camaçari, na fiscalização do uso do solo em uma das regiões mais valorizadas de todo o litoral baiano.

Paisagem 2 A emblemática Guarajuba, que a Coluna chama de ´Condado`, tal a sua capacidade de atrair investimentos públicos pensados apenas numa elite privilegiada e longe do foco no interesse coletivo, segue acima de qualquer fiscalização. Não faltam exemplos de construções e/ou ocupações de áreas públicas sem os devidos esclarecimentos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Sedur), como é de sua obrigação legal. 

Paisagem 3 Na última edição a Coluna (Confira#mce_temp_url#) voltou a comentar sobre a rua transformada em área privada. Também citou a construção de um hotel em uma zona que deveria ser de preservação ambiental como contrapartida na construção de um loteamento na mesma Guarajuba.

Paisagem 4 Essa estranha conexão de ações entre a Sedur do governo do alcaide Antonio Elinaldo (2017/2024) e a nova Sedur da gestão 04 do petista Luiz Caetano, se reforça com licenças dadas e depois retiradas para empreendimentos. O PDDU prometido e não revisado pelo atual gestor é outro exemplo.

Paisagem 5 Dificuldades avançam em outra área, a da cultura, onde a direção da Secult, prestes a fechar seus primeiros 300 dias, nada informa sobre o novo cine-teatro. Construído sob os escombros do antigo cinema, demolido de forma criminosa e descompromissada no governo do alcaide Elinaldo, equipamento localizado no coração da cidade segue sem conclusão desde a gestão passada.

Paisagem 6 Nessa conexão, onde o planejamento se mostra precário, o descuido com a história da cidade só reforça o atestado de pouco entendimento sobre sentimento de pertencimento e compromisso com o passado, o presente e o futuro. Juntas e misturadas, aí incluídas a pasta da educação (Seduc), ações do governo continuam distantes da necessidade de resgate de outro pilar: os 467 anos de fundação da cidade, em 1558.

Paisagem 7 Diferença de 200 anos, que orgulha e mobiliza qualquer cidade, começou a ser sinalizada deforma modestíssima na gestão passada, mas foi totalmente ignorada durante os festejos de 267 anos de emancipação política, no mês passado, já no novo governo.

Paisagem 8 Infelizmente, Camaçari continua misturando fundação, ocorrida no aldeamento do Espírito Santo, com a emancipação política em 1758. Afinal, para ser emancipada, Camaçari precisou existir. 

Paisagem 9 Outras datas e marcos, como o sítio histórico de Vila de Abrantes, seguem longe do merecido e necessário cuidado como memória. Respaldo não falta. Universo ainda maior e com riqueza de detalhes e comprovações documentais podem ser conferidos nos livros do professor, pesquisador e historiador Diego Copque. É só querer.   

Paisagem 10 É nesse cenário de apagamento e poucas referências culturais que Camaçari prepara a eleição para o novo Conselho de Cultura. A eleição pelo voto direto de 11 representantes da sociedade organizada, nas cadeiras de música, teatro, literatura, artes e comunicação, está marcada para dia 29 de novembro. Os outros 10 assentos são de livre indicação do governo municipal.

Paisagem 11 Colegiado, com total de 21 representantes, infelizmente é conhecido pela sua passividade e omissão no debate e fiscalização das coisas da cultura, como determina seu estatuto. Agora, dá marcha à ré com nova configuração que subtrai dois assentos, quando deveria ampliar seu raio de ação.

Paisagem 12 As duas vagas, uma do CDL e outra do Cofic, foram abolidas por total ausência das duas entidades. O comitê de fomento do polo, provavelmente achando que não existe nenhuma conexão entre cultura e a atividade produtiva num dos maiores complexos industriais integrados do planeta, renunciou à vaga. Já o Clube de Diretores Lojistas de Camaçari, também sem entender a importância de participar do debate sobre a produção cultural numa cidade com mais de 300 mil habitantes e peso econômico diferenciado no mapa do país, deixou de comparecer às reuniões. 
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Do Camaçari Agora – joaoleite01@gmail.com – Editor