Canadá retalia EUA com tarifa de 25% sobre importações

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De acordo com informações da equipe de Donald Trump, pouco após a publicação do decreto que impôs taxas sobre as importações canadenses, mexicanas e chinesas para os Estados Unidos, os governos de Claudia Sheinbaum e Justin Trudeau deram uma declaração, prometendo cada um se vingar com suas próprias tarifas.

Sábado (1), as intenções de Donald Trump foram oficializadas, informando assim uma taxa de 25% para produtos mexicanos e canadenses e 10% para os chineses.

Como resposta, no sábado mesmo o primeiro-ministro canadense anunciou uma taxa de 25% sobre 155 bilhões de dólares em produtos norte-americanos. Segundo Trudeau, parte desse valor – 30 bilhões de dólares – vai entrar em vigor no dia 4 de abril. O restante, de 125 bilhões, será aplicado dentro de 21 dias. Ele se proclamou sobre a medida e disse que “afetarão vários produtos dos Estados Unidos, incluindo: cerveja, vinho, bourbon, frutas, sucos, roupas, equipamentos esportivos e eletrodomésticos”.

“Essa posição não foi pretendida. Ninguém pediu isso. No entanto, em nome dos canadenses e da forte parceria entre o Canadá e os Estados Unidos, não daremos um passo atrás”, explicou Trudeau, já prevendo que a mudança será dura para ambos os países.

Claudia Sheinbaum, presidenta do México, também se manifestou pela rede social X (ex-twitter), onde indicou que a senhora presidenta deu instrução para que esse secretário da Economia adotasse “medidas”.

O governo chinês, por sua vez, anunciou que contestará as tarifas de Trump junto à Organização Mundial do Comércio (OMC). O Ministério do Comércio da China afirmou, em comunicado divulgado no domingo (2), que a imposição tarifária “viola seriamente” as regras da OMC e instou os EUA a se engajarem em um “diálogo franco” para fortalecer a cooperação econômica.

As novas tarifas podem encarecer os produtos desses países para os consumidores americanos, impactando negativamente as vendas e os lucros das empresas canadenses e mexicanas.

Embora Trump já tivesse sinalizado anteriormente a possibilidade de impor tarifas à União Europeia, nenhum anúncio nesse sentido foi feito no sábado.

Antes mesmo do anúncio oficial das novas tarifas, o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, já havia interrompido o ciclo de cortes na taxa de juros do país. O Fed iniciou a redução dos juros em setembro do ano passado, marcando a primeira queda desde 2020, com três cortes consecutivos até dezembro.

Segundo o economista Paul Ashworth, o aumento do custo dos empréstimos pode reduzir o padrão de vida dos consumidores americanos e desencorajar investimentos empresariais. Além disso, pode prejudicar governos e indivíduos que contraem empréstimos em dólares ao redor do mundo.

Trump justificou a imposição das tarifas alegando a “grande ameaça” representada por imigrantes ilegais e drogas, incluindo o fentanil. Especificamente em relação ao México, afirmou que as tarifas continuarão até que o país “coopere com os Estados Unidos na luta contra as drogas”. Ele acusou grupos de narcotraficantes de comprometerem a segurança nacional e a saúde pública dos EUA e afirmou que os cartéis possuem “aliança com o governo do México”.

Em uma publicação na rede social X, o governo americano também associou a China ao problema das drogas e às tarifas impostas, alegando que o país asiático colabora “ativamente com essa indústria”.

Claudia Sheinbaum reagiu à acusação dos EUA chamando-a de “calúnia”. Já Justin Trudeau, ao ser questionado se acreditava que as tarifas estavam de fato motivadas pelo combate ao fentanil, ressaltou que a fronteira entre EUA e Canadá é “uma das mais seguras do mundo”.

“Menos de 1% do fentanil que entra nos Estados Unidos vem do Canadá. Menos de 1% dos migrantes ilegais que entram nos Estados Unidos vêm do Canadá”, declarou Trudeau em coletiva de imprensa.

Nos dias seguintes ao anúncio das tarifas, economistas e líderes empresariais expressaram preocupações sobre os impactos dessas medidas na economia global. Especialistas apontam que a escalada tarifária pode desencadear represálias adicionais, ampliando a incerteza nos mercados e afetando cadeias de suprimentos internacionais.