Socorristas e indígenas colombianos encontraram na sexta-feira (9) as três crianças e um bebê que estavam perdidos na Amazônia há 40 dias, após sofrerem um acidente aéreo. Todos estavam vivos, segundo governo e mídia local.
Às 18h30, 20h30 em Brasília, um helicóptero se deslocava para o local onde as crianças foram encontradas. De acordo com o jornal El Tiempo, elas serão enviadas para San Jose del Guaviare, onde serão tratadas por um grupo de médicos militares. Elas estariam desnutridas, levemente desidratadas e afetadas por picadas de insetos.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, comemorou a notícia e disse se tratar de “uma alegria para todo o país”. As três crianças têm 13, 9 e 4 anos; já o bebê, 11 meses -todos fazem parte da comunidade indígena Muinane, considerados Uitoto, e vivem nas proximidades dos rios Cahuinarí e Araracuara, na Amazônia colombiana.
As crianças estavam desaparecidas desde 1º de maio, quando o monomotor Cessna 206 decolou em Araracuara com destino a San Jose del Guaviare. Já na região onde deveria pousar, emitiu um alerta devido a uma falha no motor e desapareceu dos radares.
Além das crianças, estavam a bordo três adultos -o piloto, Hernando Murcia Morales, o líder indígena Herman Mendoza e a mãe dos menores, Magdalena Mucutuy. Os três morreram, e seus corpos foram encontrados no avião.
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No último dia 18, a avó das crianças, Fátima Valencia, disse que as autoridades não vinham informando ela sobre as buscas. Um dia antes, Petro escreveu em suas redes sociais que as crianças haviam sido encontradas. Ele, porém, precisou desmentir a informação, o que naturalmente incomodou familiares. Na ocasião, o presidente colombiano disse que não havia outra prioridade que não avançar as buscas até encontrá-las. “A vida das crianças é o mais importante”, afirmou.
Já naquela ocasião, o órgão que forneceu a informação equivocada sobre o estado das crianças a Petro, o Instituto Colombiano pelo Bem-Estar da Família (ICBF), responsável pela proteção de menores de idade no país, afirmou que a notícia de que as crianças haviam sido encontradas vivas e saudáveis veio de fontes locais, mas que os envolvidos nas buscas não conseguiram confirmá-la em razão de condições meteorológicas adversas e das dificuldades próprias da mata.
No mesmo dia, a diretora do ICBF, Astrid Cáceres, disse que habitantes locais contataram o órgão pedindo que se preparasse para acolher as crianças, mas que a comunicação entre as autoridades e os moradores, feita via satélite, era difícil. Questionada se as crianças estavam bem, Cáceres respondeu: “É a informação que temos. Eles estão em algum lugar da floresta”.
Valencia, por sua vez, gravou uma mensagem na língua huitoto avisando os netos que eles estavam sendo procurados e pedindo que não avançassem pela floresta. As equipes de busca reproduziram o áudio em um alto-falante ao sobrevoar a área.
Mais de cem militares, bombeiros e autoridades da aviação civil foram mobilizados para as buscas, que tiveram o auxílio de aviões e helicópteros do Exército e da Força Aérea colombiana.
Durante as buscas, as equipes de resgate, apoiadas por cães farejadores, encontraram restos de frutas que as crianças teriam comido para sobreviver, assim como abrigos improvisados construídos com plantas. Segundo a Organização Indígena da Colômbia (ONIC), os huitotos vivem em harmonia com as condições hostis da floresta amazônica e preservam tradições como a caça, a pesca e a coleta de frutas silvestres.
Da Folha