Por Joaci Góes
(Ao casal amigo Kika e José Acácio Ferreira)
A muito contragosto, temos repetido, à saciedade, que, comparado com o que poderia ser, tendo em vista suas óbvias potencialidades, o Brasil é um dos países de mais baixo desempenho econômico-social do Planeta. Para estar à altura de suas possibilidades, o povo brasileiro deveria usufruir de um padrão de vida comparável ao de países como os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia ou outro qualquer do Primeiro Mundo.
A descontinuidade de boas gestões é a causa principal desse mau desempenho que, desgraçadamente, depois de um próspero interregno de quase sete anos, volta a repetir-se, agora, no atual governo, fracasso previsível desde quando o Presidente, no início de sua gestão, declarou que vingar-se dos que o mandaram para a prisão seria sua meta principal, promessa que, até o momento, vem cumprindo, com a indispensável ajuda do Poder Judiciário, fato que vem contribuindo para o acirramento dos ânimos entre brasileiros, metade dos quais vive nível de vida terceiro-mundista.
Entre aliados do Presidente – ministros de Estado, políticos, mídia amiga, empresários de copa e cozinha, e importantes membros do Judiciário – o desânimo é geral e crescente, panorama que a mídia remunerada tenta mitigar com contorcionismos exegéticos dos dados que emergem da realidade econômico-social, o que não impede de circularem versões que atribuem a incorrigibilidade do Chefe do Executivo a um aparente estado inicial de demência, tamanhas as incontinências verbais que já superam as do seu antecessor. O esporro que deu, publicamente, nos seus principais Ministros de Estado não tem precedentes nos anais de nossa História. Como se não fosse dele a responsabilidade pelo inchaço da máquina pública, com o aumento de 60% do número de ministérios para atender aos aliados, ao lado de políticas populistas que comprometem as contas públicas, e açodadas declarações que derrubam a imagem do Brasil no plano internacional. Para colocar o Congresso Nacional do seu lado, o Executivo oferece emendas parlamentares que representam mais do dobro das mais altas de nossa experiência republicana. O resultado de tanto esbanjamento, como previsível pelo mais elementar conhecimento de Economia, é o desequilíbrio das contas públicas de um modo que compromete um programa mínimo de infraestrutura física e espiritual sem o qual o País caminhará para trás.
Com o mendicante padrão de qualidade de nossa educação pública, do fundamental ao superior, e sem recursos para estender saneamento básico de qualidade à metade da população brasileira que não dispõe desse benefício, a saúde da nossa população carente permanecerá de mal a pior. Basta saber que enquanto a média da longevidade do brasileiro com acesso a saneamento básico de qualidade é de 79 anos, os que não têm acesso a esse requisito vivem, apenas, 54 anos, segundo a Oxfam, ONG inglesa especializada em estudar a desigualdade entre os povos e apontar soluções.
Freud e Einstein já acordaram em que loucura é querer obter uma consequência distinta da causa que a gerou. Daí não constituir cassandrismo a previsão do que se chama futuro presente ou futuro que já aconteceu, de tal modo deriva da realidade atual. Algo como calcular o tempo de chegada ao solo de um objeto lançado de uma determinada altura.
Do jeito que vai, não há como o atual governo não terminar muito mal.