Eleições de 2026, 3

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    Por Joaci Góes

            Para o advogado e amigo Frederico Machado Neto!

            A recente cascata semanal de ocorrências heterodoxas, no Brasil, que confunde os leigos em matéria de política eleitoral, cada vez mais, consolida a avaliação dos expertos, quanto a girarem as eleições gerais de 2026 em torno de eleger ou derrotar Jair Bolsonaro. Por ser, apenas, uma sombra das esperanças que um dia inspirou, Lula não passa do meio mais visível para reencarnar essa possibilidade, não existindo, portanto, a polarização Lula – Bolsonaro.

            O grande nó da questão reside na percepção das pessoas inteligentes, que compõem os diferentes partidos da aliança que levou Lula ao terceiro mandato, de ser suicida a exclusão de Bolsonaro, por qualquer meio, do processo eleitoral de 2026, seja por sua inelegibilidade, seja, pior, ainda, por sua eliminação física, como ocorreu ao engenheiro Celso Daniel, prefeito de Santo André, município paulista, assassinado em 18 de janeiro de 2002, aos 51 anos, em condições que levantaram a suspeita de ter sido vitimado por seus próprios  correligionários, inconformados com a decisão do alcaide de interromper a sangria do desvio de dinheiro do Município para financiar as atividades petistas, prática que se estendeu ao cerne do Governo Federal nas gestões do Partido dos Trabalhadores, levando Lula a reiteradas condenações, no processo penal mais acompanhado em toda a história humana.

            Para essas pessoas inteligentes, ao concorrer, Bolsonaro, por sua proverbial teimosia e olímpica incontinência verbal, tenderia a rachar o crescente espectro formado pela união do centro com a centro direita, em todo o território nacional, levando os dissidentes, resistentes ao seu nome, a somar com o candidato do continuísmo, ensejando-lhe a renovação do status quo. Por outro lado, mantida sua inelegibilidade, Bolsonaro teria ainda mais força eleitoral para assegurar a vitória do candidato que o substituísse na corrida presidencial, a exemplo de Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado, governadores, respectivamente, de São Paulo e Goiás, por sua maior capacidade de ampliar a união das forças da direita democrática. Observe-se que os crescentes índices de rejeição do Governo Lula, paralelamente ao declínio gradual e seguro de sua minguante aprovação, já suscitam discussões sobre quem deverá substitui-lo, como condição para ser mantida a atual aliança, daí emergindo o nome do vice-Presidente Geraldo Alkmin, precedido da experiência de haver governado, com êxito, o Estado de São Paulo ao longo do recorde de 14 anos. A cogitada hipótese da eliminação física de Jair Bolsonaro transformá-lo-ia numa força ainda maior, para eleger governadores, deputados estaduais, federais e senadores. Como condição para ter o seu apoio, vivo ou morto, seria cobrado o compromisso de reduzir o mandato dos membros do STF, acompanhado do de votar, favoravelmente, ao impeachment do Ministro Alexandre de Moraes, força motriz do ódio que hoje divide a Nação. Haja fôlego!

            Quem participou da entrega da Medalha Thomé de Souza ao Presidente do PSD, Gilberto Kassab, na última segunda-feira, na Câmara de Vereadores, por iniciativa do vereador Edvaldo Brito, pôde ver, pela heterogeneidade ideológica dos presentes, que o Partido campeão de votos nas últimas eleições municipais pode marchar, em 2026, ao lado de qualquer dos polos políticos, hoje em conflito.

Francisco Wanderley Luiz, o homem que morreu na Praça dos Três Poderes, na noite de quarta-feira, 13 de novembro, aparentemente, vitimado pela explosão dos fogos de artifício que levava, não para matar ninguém, mas para iluminar seu desesperado gesto, não merece ser cognominado de “Bestão”, mas reconhecido como um patriota brasileiro que se ofereceu em auto holocausto para expressar o seu inconformismo  com o fato de sermos um país tão abaixo de nossas grandes possibilidades, por causa, precisamente, da má qualidade predominante entre os representantes maiores do povo brasileiro, no centro da Praça batizada em sua homenagem.