Por Silvana Coelho
O ser humano tem prazo de validade. Esta é uma verdade inexorável. No ritmo natural da vida, as pessoas nascem, crescem, passam pela infância, adolescência, “adultecência”, velhice e depois morrem.
Mas parece que, na atualidade, em que o tempo médio de vida do ser humano – e, portanto, o prazo de validade – foi estendido, está havendo uma enorme incapacidade de refletir sobre este fluxo.
O cérebro parece não aceitar que o aumento do tempo de validade não se dá equitativamente nas etapas de crescimento e amadurecimento. O tempo que se prolonga é o final, o período da velhice.
“Não sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece de aprender
Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr”
Envelhecer ou não envelhecer? Eis a questão.
A opção para não envelhecer é morrer antes. O cérebro parece rejeitar esse entendimento e teima em enganar o envelhecimento. Externamente, as pessoas enchem o rosto e partes do corpo de substâncias que arredondam os contornos, em uma ilusão de aparência jovial. Esquecem que, para os órgãos e sistemas internos, não existem tais substâncias. Esses órgãos exigem certos cuidados.
Na tentativa de enganar o envelhecimento, o mais angustiante é o peso sentimental. A construção emocional da nossa existência traz referências de uma época, com conceitos e simbologias próprias. O esforço para negar ou se adaptar a outras referências é tenso, muitas vezes insuportável e adoecedor.
Quem aceita e quer envelhecer quer ver o que vai acontecer, quais as dores e delícias desta nova fase. Não precisa ser só dores e nem tampouco serão só delícias.
O equilíbrio entre dores e delícias, que ocorre em qualquer fase da vida, no envelhecer vai depender dos cuidados que se têm com esta fase. Não se pode negar as necessidades desta fase, os cuidados específicos de um corpo e uma mente que já viveram muito.
Esses cuidados requerem reflexões individuais, discussões na sociedade e debates de políticas públicas. É um tema que, mais cedo ou mais tarde, vai impactar todas as pessoas que tiverem a oportunidade de envelhecer.
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Ortodontista e Doutora em gestão