EXPECTATIVA X REALIDADE

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Por Alcione Bastos

O casal estava pronto para realizar sua fantasia secreta e picante. Se prepararam psicologicamente, compraram os ítens necessários e escolheram o terceiro participante. Verdade que houve certa dúvida entre eles quanto ao fulano. Um era mais bem dotado, porém o outro parecia ser um cara mais boa praça, ambos foram contactados, afinal quem tem dois tem um e quem tem um não tem nenhum. Pensaram em tudo, até sacaram dinheiro em espécie para não deixarem vestígios seus. Dora iria ficar de máscara o tempo todo.

No dia escolhido, fizeram contato com os dois rapazes, um deles estava indisponível, o outro não respondia. Começava a gerar um clima de suspense no ar. Será que vai rolar?

Alfredo a título de consolo, disse a ela que poderiam apenas se divertir juntos a sós, na intimidade de casa. Utilizar os brinquedos entre eles mesmos, afinal seria de bom tom, saber como iriam se sentir sob os olhares de outras pessoas.

A tarde já estava caindo e o segundo rapaz não respondia a mensagem. Tentavam disfarçar entre si, a frustração que estavam sentindo em meio a um certo alívio.

Noite adentro, decidiram tomar um drink e iniciaram eles mesmos, a brincadeira de adultos. A noite foi criativa e interessante. Dora se colocou como dominatrix enquanto Alfredo fazia as vezes de seu escravo. Dentre as idiossincrasias deles, Alfredo ficou de quatro, com o plug vibratório enquanto Dora lhe aplicava pequenas chicotadas nas nádegas. Segundo eles, o prazer foi tanto que eles elegeram essa como uma das suas fantasias prediletas.

Enquanto isso, a outra fantasia com a terceira pessoa, ia sendo adiada. Assim foi indo até que resolveram experimentar uma outra mais light que Dora havia compartilhado com ele, meses antes. Dessa vez, eles iriam para uma casa noturna mais liberal. Chegariam juntos mas deveriam entrar separadamente. Dora iria pegar um drink no balcão e olhar o ambiente. Ficaria lá sozinha enquanto Alfredo daria uma volta para ver o ambiente e os frequentadores. Cada um poderia conversar e dançar com quem bem lhes aprouvesse e caso o clima ficasse mais quente, antes de chegarem aos toques e beijos, buscariam no outro um sinal verde para seguir em frente.

Decidiram fazer um pequeno teste drive numa boate de uma cidade metropolitana onde eles estavam passando uns dias. Seria uma boa oportunidade para verem como se sairiam nessa outra situação digamos assim, com menos privacidade. Já que estavam numa outra cidade, dificilmente seriam abordados por alguém conhecido.

O dia era sábado, o local escolhido pareceu bastante arrumado mas eles decidiram experimentar assim mesmo. Afinal, Dora não havia conseguido adquirir uma peça de roupa mais sensual como ela gostaria. Entraram juntos, percebendo os ambientes. havia no mínimo três. Como Alfredo não saía de perto dela, Dora resolveu lembrar-lhe como era o combinado. Ele assentiu e enquanto ela adentrava o salão principal, ele decidiu subir as escadas que davam para o piso superior. Dora deu uma olhada para ver as pessoas do local e se alguém teria potencial para lhe agradar. Se surpreendeu ao se perceber olhada e desejada por alguns rapazes do salão. Começou a dançar sozinha e volta e meia trocava olhares com um dos rapazes. Não deu tempo de dançar a dois, pois viu Alfredo parado no meio da escada observando ela. Se sentiu desconfortável sob o olhar dele e foi ao seu encontro. Eles trocaram meia dúzia de palavras e resolveram ir para outro ambiente. Subiram e foram para um outro salão, pediram um drink e dançaram juntos. Ele perguntou se ela havia visto alguém interessante no salão de baixo  e ela desconversou sem querer ser explícita. Conversaram que aquele não era exatamente um ambiente propício a algo mais picante e depois de um par de horas, voltaram para o hotel. Terminaram a noite nos braços um do outro, com direito a massagem e sexo de qualidade.

Mas eles não iriam desistir de realizar as suas fantasias, então, resolveram tentar mais uma vez. Desta feita, estavam numa praia paradisíaca e exótica onde havia uma casa noturna que prometia ser picante. – Agora vai dar certo, né amor? comentou Alfredo. Um ambulante na praia, havia aconselhado a eles irem para um outro local onde havia um forró, porque segundo ele, a boate era meio suspeita. Eles comentaram entre si: É essa mesmo que queremos, né meu bem?

Chegaram à meia noite em ponto. Demoraram um pouco para entrar no local que lhes pareceu vazio. Depois de um tempo aguardando, decidiram entrar. A casa estava realmente um pouco vazia demais. Poucos casais, algumas poucas mulheres e uns nativos que iam chegando bem à vontade. Um deles estava descalço. Dora e Alfredo riram e imaginaram que ainda não seria dessa vez!!! Divertiram-se com tudo ao seu redor, mas não saíram de perto um do outro. Permaneceram a noite toda, sentados, bebendo whisky e se beijando.

Assim são as fantasias. Servem ao nosso desejo e podem mudar a dinâmica de uma relação. Torná-la criativa e movimentada. Melhorar a cumplicidade do casal e satisfazer desejos escondidos. Desde que o acaso assim o permita, por enquanto para nosso casal, ainda não foi possível. Mas eles não desistiram de tentar e também não deixaram as tentativas frustradas, lhes abater.
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Médica e Sexóloga – @syl.bastos