Expert em que?

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Por Silvana Coelho

Tem uma característica destes anos 2020, que as redes sociais reforçam, que é curiosa. Todo mundo se sente à vontade para falar com autoridade de expert, sobre qualquer assunto.

Jovens recém saídos de uma faculdade, falam sobre como ter sucesso na vida.

Pessoas longevas, o que pode ocorrer por diversas razões desde genética até hábitos de vida, políticas públicas para o idoso nas cidades onde moram, redes de apoio, ou muitas destas situações juntas, explicam os segredos para se viver mais. 

Indivíduos que vivem a experiência de morar em outro país, ou cidade, se apressam em apresentar os melhores restaurantes, espaços de lazer, a partir de suas experiências, sem nenhum conhecimento de turismo, gastronomia, etc.

Um tema que atrai muitos pretensos experts é terapia ou estilo de vida.  Jovens que viveram alguns anos em outros países, fazendo de tudo um pouco, desde entrega de pizzas à serviços sexuais, apresentam-se como terapeutas. Mulheres que nunca estudaram ou trabalharam resolvem dar dicas de como eliminar traumas, utilizando frases já consagradas pelo senso comum.  Homens ou mulheres com dificuldade para se inserirem no mercado de trabalho, se dedicam a ensinar, nas redes sociais como ser rico e feliz utilizando diversas estratégias, que podem até ser vendas de milhas de viagem. Os exemplos são muitos.

Toda classificação já é limitante. Toda verdade é relativa. O que se considera sucesso varia entre as pessoas. Segredo é o que não se revela. Os melhores lugares de uma localidade dependem do interesse pessoal e de uma referência, que se estuda nos cursos de Turismo, História, entre outros. Terapia séria exige anos de estudo.

É sempre interessante quando vamos ouvir opinião ou sugestão de alguém, saber o lugar de fala desta pessoa. Por exemplo, se um médico geriatra fala sobre longevidade, vale a pena ouvi-lo, porque é pressuposto que este profissional tem vivência e conhecimento sobre o tema. Se um professor de História, ou um agente de viagem apresenta sugestões de lugares para visitar em uma cidade, certamente vai justificar sua escolha, o que facilitará ao ouvinte ou leitor avaliar se as sugestões se afinam com seu interesse.

Na maioria das vezes o que os pretensos experts apresentam não é fruto de um estudo ou análise sistemática. São suas opiniões pessoais, muitas vezes baseadas em observações superficiais, que podem até  coincidir e/ou interessar ao ouvinte ou leitor, ou não.
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Ortodontista e Doutora em gestão