Extração de sal-gema pode ter causado cratera gigante na Bahia

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A cratera gigante que se formou perto da vila de Matarandiba, na cidade de Vera Cruz, Ilha de Itaparica, na Bahia, pode ter sido causada pelo antigo modelo de extração de sal-gema em poços desativados na década de 1980, além de características tectônicas regionais, ou seja, a presença de pequenas fraturas e fissuras na região.

É o que aponta a segunda etapa do estudo geomecânico realizado pela empresa alemã IFG (Institute for Geomechanics), concluída em maio de 2023, segundo informações divulgadas pela Dow Química, empresa responsável pela área onde o buraco apareceu, em maio de 2018.

Na época, a cratera, que fica a 1 km da vila de pescadores de Matarandiba, tinha 46 metros de profundidade, 69 metros de comprimento e 29 metros de largura. O primeiro aumento na estrutura foi divulgado em janeiro de 2019, quando cresceu quase quatro metros.

Em abril de 202, o buraco tinha 111 metros de comprimento, 48,9 metros de largura e 24,4 metros de profundidade. No entanto, houve uma pequena ampliação no comprimento e uma redução na largura e na profundidade.

De acordo com a empresa, as medidas atuais são 116 metros de comprimento, 43 metros de largura e 22 metros de profundidade.

Conforme os pesquisadores, essas mudanças estavam previstas e são características deste fenômeno geológico. Ainda não é possível prever quando a situação se estabilizará, uma vez que depende de uma série de fatores geológicos e ambientais que não foram detalhados.

Segundo o estudo da empresa alemã, a vila de Matarandiba está segura, assim como a atual área de exploração de sal-gema da Dow Química e o acesso à ilha. Além disso, a formação de um novo sinkhole – fenômeno geológico conhecido como “vazio subterrâneo” – é remota nessas três áreas.

A Dow Química destacou que utiliza, atualmente, um novo modelo de extração de sal-gema em Matarandiba, com tecnologia para parâmetros de segurança e estabilidade. Dessa forma, “a atividade de mineração no local atual está fora da área do sinkhole e da zona de risco, com estabilidade a longo prazo, e não apresenta os fatores de risco para a formação de um vazio subterrâneo”.

Um inquérito civil público foi aberto pelo Ministério Público Federal na Bahia (MPF) para apurar o surgimento do fenômeno. Em perícia técnica, foi concluído que a empresa adotou medidas para a segurança da população local.

Em 2019, o MPF chegou a debater com representantes da Dow e integrantes do Instituto Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) acerca do possível aparecimento de outras crateras que pudessem oferecer risco à população e ao meio ambiente na região, além do aumento da cavidade.

Na ocasião, a Dow apresentou estudos que apontaram que não há risco para a população da vila, ou na área de operação da multinacional.

Desde a descoberta do sinkhole, a empresa já investiu mais de R$ 20 milhões em estudos, tecnologias de monitoramento em tempo real e outras medidas preventivas como:

Dados de satélite de alta precisão: essa tecnologia monitora e recupera a história do movimento do solo em toda a região da ilha com precisão milimétrica, e permite identificar qualquer variação no solo da região. Em operação desde 26 de junho de 2018, o sistema não registrou alterações;
Microssísmico: microssensores foram instalados para monitorar continuamente qualquer movimento ou possibilidade de novos eventos geológicos na região. A capacidade de cobertura de cada equipamento atinge um raio de 4 km, o que significa que o conjunto de equipamentos cobre toda a ilha de Matarandiba, segundo a Dow Química. Este sistema está em operação desde agosto de 2018, sem atividade anormal do solo identificada até o momento;
Câmera: capta imagens do sinkhole 24 horas por dia monitoradas a partir de uma sala de controle;
Drone: mensalmente capta imagens para verificação de estabilidade do sinkhole.
Uma outra medida de segurança adotada pela empresa foi a interditar o acesso ao sinkhole por meio de barreiras de segurança.
A empresa ainda detalhou que, desde a descoberta da cratera, a comunidade da Vila de Matarandiba recebe atualizações sobre o buraco em encontros periódicos com representantes da Dow.

Da Gazetaweb.com/Metropoles