Faustão: 38,9 mil brasileiros esperam um rim no Brasil; entenda como funciona a fila desse órgão e por que ela é diferente

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O apresentador Fausto Silva, o Faustão, foi submetido a um transplante de rim no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, na última segunda-feira. Segundo boletim médico, ele foi indicado para receber um novo órgão devido ao agravamento de uma doença renal crônica.

Segundo nota da Central de Transplantes do Estado de São Paulo, o apresentador foi incluído em 6 de fevereiro na fila do transplante. De acordo com o painel do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), atualizado nesta terça-feira, há 38,9 mil pessoas – 20,5 mil delas apenas em São Paulo, de onde é Faustão – na espera por um rim no Brasil.

Porém, por cumprir critérios de prioridade, o apresentador estava em 13º na lista para o procedimento quando foi chamado, diz a nota.

Quem tem prioridade na fila de transplante de rim?
No caso de transplantes de rim, há o diferencial de existirem dois tipos de doadores que podem viabilizar o procedimento: os vivos (parentes ou não) e os falecidos. No caso de pessoas que faleceram, o órgão entra no SNT e segue a fila de espera nacional.

Essa fila é única e engloba pacientes da rede pública e privada. Porém, não funciona apenas por ordem de chegada. São levados em conta critérios técnicos, como tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade, distintos para cada órgão.

A cada novo órgão doado, um novo ranking é gerado. O doador, por exemplo, precisa ter o mesmo tipo sanguíneo do paciente que vai ser transplantado. Logo, se o tipo for B, como o de Faustão, todos os que estão na fila que tenham tipos diferentes serão descartados daquele rim.

“Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica”, explica comunicado do Ministério da Saúde.

— No caso do rim, a alocação dos órgãos é feita predominantemente por compatibilidade imunológica, e não mais por critério cronológico. Salvo situações em que existem uma prioridade devido à gravidade, como pacientes pediátricos e pacientes que esgotaram as possibilidades de acesso à diálise — explica Pedro Túlio Rocha, coordenador do Programa de Transplante Renal dos Hospital Adventista Silvestre, no Rio, e presidente Sociedade de Nefrologia do Estado do Rio de Janeiro (Sonerj).

A diálise é um procedimento artificial que remove os resíduos e a água em excesso no sangue quando os rins não conseguem mais realizar essa função de forma adequada.

Porque Faustão teve prioridade?
Além disso, ele cita que, no Estado de São Paulo, há um outro critério que beneficiou o apresentador Faustão:

— Existe uma portaria vigente desde 2014 que prioriza também receptores de outros órgãos sólidos que se encontram em diálise. É o caso do apresentador Fausto Silva, que após o transplante de coração permaneceu dependente de hemodiálise e, por esse motivo, recebeu o órgão em situação prioritária — diz o especialista. Faustão realizava diálises desde o ano passado, antes de se submeter ao procedimento do coração.

Como funciona quando o doador é vivo?
Já quando o novo rim é de um doador vivo, ele não entra na fila, e vai direto para o paciente. No entanto, é necessário que a pessoa doadora manifeste o desejo de forma espontânea e voluntária, já que a comercialização de órgãos é proibida no Brasil, e que seja concedida uma autorização judicial.

Além disso, são realizados exames que devem comprovar a compatibilidade sanguínea e genética do doador com o paciente e certificar que os rins estão em bom funcionamento e que não há doenças que possam ser transmitidas ao receptor.
De O Globo