Por Zédejesusbarreto
Com um gol do garoto Kennedy, já na prorrogação, expulsões e muita dramaticidade até o apito final, o Fluminense venceu (2 x 1) o Boca Juniors da Argentina, no Maracanã lotado, e sagrou-se pela primeira vez Campeão da Libertadores da América. A geração Fernado Diniz – com Fábio, Marcelo, Ganso, o baiano Keno, o artilheiro Cano, Arias, André, Fábio Melo.. – escrevendo história do Tricolor Carioca.
Merecido. O Rio de Janeiro em festas, tricolorido, em pó de arroz.
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Rio de Janeiro/pré-jogo
– Uma tarde de sábado, primavera com sol e calor maneiro, clima de decisão e festa, Maracanã cheio, lotado. Rivalidade histórica, Brasil x Argentina.
– O Fluminense em busca de seu primeiro título continental, o Boca Juniors em busca do sétimo título, para igualar-se com o Independientes, rival argentino, a equipe que mais venceu Libertadores. O Boca Juniors já disputou 12 finais.
– A cidade carioca, seus points – como Copacabana -, tomados desde o feriadão de finados pela massa de torcedores do Boca, azul & amarelo, mais de 100 mil argentinos no Rio. Somente 30 mil deles teriam ingressos para ver o jogo no Maracanã; uma multidão de ‘hermanos’ pois, na pressão, fora do estádio, pelas ruas, praças e bares da cidade. Torcedores, de um e outro, mobilizados, concentrados, telas e telões espalhados.
– Pra variar, os argentinos aprontam. Berram, dançam, bebem, provocam, brigam, fazem arruaças, xingam os ‘brazucas’ de macacos e escravos… nenhuma novidade, o de sempre. Eles adoram sacanear brasileiros. E, como estamos em tempo de ‘amar os argentinos’, muitos brasileiros – torcedores de outros times cariocas e a dita ‘esquerda’ – achando tudo lindo, viva Messi, Maradona … Não é?
– Muita confusão antes do jogo, na entrada do estádio. Ingressos falsos, outros invalidados, cambistas vendendo entradas fajutas, muto empurra-empurra, ameaças de invasão… riscos. A segurança e a polícia tendo muito trabalho.
– Segurança reforçada dentro e fora do estádio, bloqueios em várias ruas, policiais civis, militares, federais… prontidão total. Esperamos que o pós-jogo, qual seja o resultado, não resulte em confrontos violentos e mortes noite afora.
A bola, o futebol não merecem isso. Chega de insanidades!
– O presidente da CBF, Ednaldo (ednada) Rodrigues feliz da vida com a presença do presidente da FIFA e da Conmebol na decisão, sentindo-se prestigiado.
– Uma cerimônia/espetáculo de abertura do encerramento da Libertadores/2023, com desfile de bandeiras, dança/coreografias, música ao vivo, cores, a Taça/o troféu, os gritos-comandos das torcidas, as arquibancadas agitadas…
– Gramado nos trinques, o Flu de camisetas listradas/ verticais; e o Boca com seu azul forte e faixa, detalhes amarelos.
Jogo histórico para nomes consagrados como Marcelo, Cavani e o goleiro Fabio, recordista de jogos em Libertadores.
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Com bola rolando …
– Começo nervoso, cauteloso, estudado. O time de Diniz tentando impor seu estilo, de pose de bola e troca de passes; o Boca bem postado, marcando duro, na espera do bote. O Flu chegou primeiro, numa bola parada, aos 13 minutos; Marcelo cobrou rasante e Felipe Melo raspou de cabeça, nas mãos de Romero. Aos 14’, a resposta do Boca numa arrancada em contragolpe de Merentiel, pelo meio; o chute forte mas nas mãos de Fabio. Dois estilos, equilíbrio de ações.
– Muita disputa pela bola, pegada, mas poucos lances de área; mais transpiração do que criação; 30 minutos e nenhuma grande chance de gol. Sobram catimbas e milongas, falta futebol. Aos 34’, num escanteio levantado da direita, o zagueiro Nino testou, fora. O jogo parecia encrencado, morno, travado, daí …
– Gol! 1 x 0 Fluminense, aos 36’, Cano. Keno fez ótima jogada pela direita, de ponta, e rolou pra finalização de primeira do argentino, principal goleador do Tricolor Carioca; acertou o canto, rasteiro, abrindo o placar. Os ‘hermanos’ acusaram o golpe.
O Fluminense terminou melhor a primeira etapa, com o controle das ações, mais assentado depois do gol de Cano. Os argentinos ousaram pouco. Meio caminho andado.
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A torcida do Boca não calou um só instante, puro incentivo, acreditando. As mesmas equipes na volta do intervalo. A mesma pegada. Os argentinos precisavam adiantar suas linhas, ousar em busca do gol. O Flu fechadinho, saindo de boa, trocando passes. Aos 6 minutos, o veteraníssimo Felipe Melo sentiu desconforto muscular, entrou Marlom. O Boca em cima, apertando.
– Aos 10’, Advíncula projetou-se pela direita e bateu cruzado, na rede, por fora. Aos poucos, os cariocas voltaram a jogar, valorizando a posse de bola. Os ‘hermanos’ no corpo-a-corpo, beliscando, atropelando. Aos 23’, chute de André, da entrada da área, por baixo, defesa de Romero. Resposta argentina com chute de meia distância de Fernandez, Fábio catou, bem colocado. Aberto e indefinido.
– Gol! 1 x 1 Boca! Advíncula, de fora da área, de canhota, acertou um chute forte e de curva, rente à trave, empatando, aos 26’. Quando o lateral Samuel Xavier estava fora de campo, o Flu com 10.
O Boca cresceu, ganhava as divididas, com mais gana, parecia mais inteiro. A saída de Felipe Melo foi muito sentida, até por sua postura, liderança, garra.
– Depois dos 30, substituições: Saiu Cavani, com dores na panturrilha, entrou Benedetto; Fernandez deu lugar a Langoni. No Flu, saíram Ganso, Martinelli e Marcelo, entraram Lima, Diego barbosa e Kennedy. Saiu Samuel Xavier, entrou Guga. Sangue novo, o Flu tentava equilibrar a disputa física.
– Aos 43’, Merentiel aproveitou uma saída de bola errada de André e disparou de longe, uma bomba, passou rente à trave de Fábio. Aos 47’, Diego Barbosa tabelou pela esquerda e entrou livre, ficou de cara com o goleiro e … chutou pra fora, desperdiçou a ‘bola do jogo’.
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Com o empate no tempo regulamentar, a decisão foi para uma prorrogação de 30 minutos, dois tempos de 15. Muita cautela, qualquer erro seria fatal e um gol praticamente decide. Haja pernas. E nervos. O Boca, então, mais fechadinho, mas…
– Gol! 2 x 1 Fluminense, o menino Kennedy, pegando de prima um bom passe de cabeça de Keno, acertou uma bomba da entrada da área, sem defesa. Aos 11 minutos.
O goleador fez o gol, empolgado e emocionado foi pra torcida, sufocado pelos torcedores. Por conta disso, levou cartão / dois amarelos e foi expulso. O Flu ficou com um atleta a menos em campo, metade da prorrogação. Diniz tirou Keno e colocou Braz, zagueiro, pra assegurar a vantagem. Então, o Boca foi pro tudo ou nada. Passou a querer melar o jogo, como bem lhe apetece. Empurrões, tapas… sujou. Fabra foi expulso por conta de um tapa na cara de Nino, o VAR chamou e as imagens mostraram.
Uma segunda etapa de prorrogação com os dois times iguais, com 10 homens cada.
Dramático! Mas a melhor chance foi do Fluminense, com Arias puxando o contragolpe pela esquerda, em velocidade, deixando Guga, do lado oposto, livre; o chute saiu rasteiro, colocado, e a bola caprichosa bateu no poste, por dentro e não entrou. Pressão total do Boca, levantando, alçando bolas, chutando de longe e os cariocas suportando.
Deu Flu, campeão da Libertadores!
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Ficha Técnica
– O Fluminense do treinador Fernando Diniz : Fábio, Samuel Xavier, Nino, Felipe Melo e Marcelo; André, Martineli, Ganso; Arias, Cano e Keno.
– O Boca Juniors do técnico Jorge Almirón: Romero, Advíncula, Figal, Valentini e Fabra; Medina, G Fernandez, E Fernandez e Barco; Cavani e Merentiel.
– Arbitragem do colombiano Wilmar Roldán.