Por Joaci Góes
(Ao casal amigo Rebeca e Márcio Barreto!)
A iniciativa do Presidente Lula de conferir dignidade à infeliz decisão do STF de atribuir ao 08 de janeiro de 2023 uma tentava de golpe, como meio de melhorar seu baixo nível de aprovação perante a sociedade brasileira, revelou-se um tiro que saiu pela culatra, de tal modo fria foi a repercussão, inclusive junto ao Congresso Nacional e o próprio Judiciário, como se infere da ausência dos seus respectivos dirigentes máximos ao ato de populismo oportunista.
De fato, seria cômico ou ridículo, se não fosse trágico, supor que um grupo de insurgentes, frustrado com a volta ao poder do chefe dos cleptocratas (governantes ladrões) que pilharam a Nação, composto em sua esmagadora maioria por pessoas sem qualquer antecedente criminal e sem dispor, como arma, sequer de um canivete, pudesse representar perigo a uma ordem constitucional que conta, em sua defesa, com o segundo maior aparato militar de todo o Continente Americano. Recorde-se que a qualificação de cleptocracia aos governos do PT foi dada por ministros do STF, com pompa e circunstância.
É fora de dúvida que os autores dos excessos que resultaram em inaceitável vandalismo devem ser responsabilizados pela devolução de todo o prejuízo material que ocasionaram, além de outras penas previstas em Lei, com a óbvia excludência, em nome da decência e dos mínimos conhecimentos jurídicos, da “tentativa de golpe de estado”, por representar, tal diagnóstico, anomalia que enodoa a rica biografia de nossa Suprema Corte, por sua vexatória atuação como milícia partidária de uma República de Bananas ou de terceira classe, posto a que temos sido içados, neste momento, singularmente infeliz da vida nacional, quando passamos a figurar como um pária internacional, em razão, também, dos erros primários praticados pelo Presidente da República, cujas festejadas habilidades, do início de sua vitoriosa carreira política, parecem tê-lo abandonado, tão completamente.
Vencida a primeira metade do seu Governo, Lula nada tem a festejar, muito ao contrário, como tão bem exposto pelo competente Senador Rogério Marinho, no último dia 7, na longa entrevista que deu à CNN. A dimensão mais grave dos atuais e elevados índices de reprovação é a ausência de qualquer perspectiva de melhora nesta fase final, independentemente do que possa advir do efeito Trump, gratuitamente provocado e ofendido por um Lula delirante. A desesperada tentativa de pousar como o Guardião da Democracia Brasileira, no episódio de ontem, ao evocar o 08 de janeiro, não convence, sequer, ao mais baixo clero intelectual brasileiro, onde se abroquela a grande maioria dos seus seguidores, não obstante o empenho da bem azeitada mídia que, ao preço de perda de credibilidade, audiência e leitores, tanto se aforçura para defender o indefensável.
Como sinal de uma completa desorientação, a terceirização dos erros, agora, recaiu na opinião de Lula, nos defeitos de comunicação das ‘maravilhas’ do seu governo, pelo ministro da respectiva pasta, que passa ao comando de experiente marqueteiro.
Numa prova de como é difícil saber quando é a arte que imita a vida ou a vida que imita a arte, veja-se como a decisão de mudar o comando da comunicação, pelo governo, semelha ao conto em que a pessoa, decidida a acabar com o adultério do cônjuge, flagrado nos braços do amante, no sofá da antessala, resolveu a questão retirando o sofá daquele espaço, transferindo-o para outro lugar.