Na quinta-feira (5), o escritor Ailton Krenak fez história ao ser eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL), tornando-se a primeira pessoa indígena a ocupar uma cadeira na prestigiada instituição.
Krenak anunciou sua candidatura em agosto e, desde então, era considerado o favorito, competindo com outros candidatos notáveis, como a historiadora Mary Del Priore e outro líder indígena, Daniel Munduruku. Na votação realizada entre os acadêmicos, Krenak obteve 23 votos, enquanto a historiadora recebeu 12 votos e Munduruku apenas quatro. No total, havia 15 candidatos disputando a cadeira número 5, anteriormente ocupada pelo historiador José Murilo de Carvalho, que faleceu em agosto aos 83 anos.
Durante o processo de eleição, Munduruku, em sua segunda tentativa de ingressar na ABL, acusou Krenak de traição. Munduruku disse à Folha que se sentiu “abalado” pela atitude de Krenak de se candidatar, mesmo sabendo do seu interesse na vaga. Segundo Munduruku, os dois haviam combinado previamente de não concorrerem um contra o outro. “Ele se inscreveu primeiro”, afirmou Munduruku. “Fiquei abalado. Tínhamos um acordo de que, se houvesse um representante indígena na ABL, esse alguém seria eu. Ele minou essa possibilidade”, completou.
Nos últimos anos, Ailton Krenak consolidou seu nome no cenário intelectual com o lançamento da trilogia de livros “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, “A Vida Não É Útil” e “Futuro Ancestral”. Esses livros adaptam suas palestras em textos curtos, buscando disseminar sua visão de mundo e suas ideias.