O caso da balsa de 201 toneladas e 27 metros de cumprimento, deixada à deriva no canal do Porto de Aratu, a 500 metros da Base Naval da Marinha e a 500 metros do terminal marítimo de gás da CODEBA, continua chamando a atenção das autoridades e colocou luz sobre um negócio operado pelo empresário Carlos Seabra Suarez, que teria utilizadou a prefeitura de um município baiano como instrumento para concretizar os seus avanços em negócios ligados à área portuária.
A Capitania dos Portos abriu inquérito para apurar o acidente da desatracação da balsa que ficou à deriva no Porto de Aratu. Convocou para prestar depoimento o dono da balsa, o sócio fundador da GDK, Cesar Oliveira, e o administrador judicial da construtora, o advogado Rodrigo Accioly, em sua sede. Accioly é para depor na próxima segunda-feira, 28 de julho, e terá de explicar como uma propriedade sob a sua guarda foi invadida por 20 mercenários, no último dia 17 de julho, desocupando todo o terreno; equipamentos, motores e banheiros químicos deixados na rua; e de forma irresponsável como desatracaram uma balsa de 27 metros e 201 toneladas a deixada à deriva no canal.
No depoimento à Marinha, ele terá de explicar se os brutamontes que chegaram na área, sem trazer uma ordem por escrito ou mandato judicial, eram realmente da Companhia Docas de Candeias – CDC ou estavam sob a tutela da sua gestão como administrador judicial nomeado pela 1a Vara Empresarial do Tribunal de Justiça.
Rodrigo Accioly, que é sócio do escritório Castro Oliveira Advogados – que atua em vários processos como patrono de Carlos Seabra Suarez – estará perante as autoridades do inquérito aberto na Capitania dos Portos para uma difícil explicação. Se as 20 pessoas estavam a seu serviço, de quem partiu a ordem de deixar a balsa, um verdadeiro iceberg de aço de duas centenas de toneladas à deriva, colocando em risco a navegação e com risco de acidentes? Se ele não tem relacionamento com esta tropa, quais providências tomou para a retomada do terreno e identificar o irresponsável que praticou este crime federal, já que a área portuária está sob a sua tutela?
O fundador da GDK prestará depoimento nesta quinta, 27 de julho, e entregará às autoridades da Marinha fotos e filmagens que demonstram que a gigantesca embarcação ficou à deriva durante toda a madrugada, sem luz ou sinalização, podendo causar uma colisão ou desastre ecológico.
O fato é que a área portuária foi ocupada por terceiros, houve o despejo de equipamentos, a balsa foi deixada à deriva no dia seguinte de uma decisão do Ministro Luis Felipe Salomão, que proibia a 1a Vara Empresarial do Tribunal de Justiça da Bahia a consumar a transferência da posse da área para a Prefeitura de Candeias.

O proprietário da Balsa, que teve de contratar dois rebocadores para a desencalhar, que parou ao lado da marina do navegador Aleixo Belov, dará o seu depoimento no dia 30 de julho, às 9 da manhã.
As atenções se voltam para um inusitado personagem desta confusão: o hoje diretor da Companhia Docas de Candeias, Carlos Antônio Ibiapina Júnior, irmão do ex-prefeito Dr. Pitágoras. Ele é o agente local dos interesses de Carlos Seabra Suarez. Estaria, segundo informações que circulam na cidade, envolvido diretamente na tomada a força do terreno, no último dia 16 de julho, já que os outros dois dirigentes da entidade, Gabriel Silva Suarez (filho de Carlos) e o presidente da empresa e executivo da família, Walter Nunes Seijo Filho, não são residentes em Candeias e nem se envolvem diretamente nas questões operacionais da empresas.
Se comprovado o papel do ZERO DOIS, como Carlos Ibiapina é conhecido na cidade baiana, ele estará novamente respondendo por uma ação criminal, já que o ZERO UM é o seu irmão, Dr. Pitágoras (Pitágoras Alves da Silva Ibiapina), ex-prefeito, médico e responsável por ter cedido o município para atender a intrigada engenharia que colocou a cidade a serviço do plano de exploração portuária de Carlos Seabra Suarez.
No processo n. 8005947-43.2023.8.05.0044 constam imagens de Ibiapina invadindo o consultório odontológico da ex-esposa, Raquel Lordelo, com uma arma em punho, dando coronhadas e destruindo o imóvel. A queixa foi registrada na delegacia da cidade, na região metropolitana de Salvador, conforme registrado no site Bahia. Ba. Segundo a mesma publicação, a justiça baiana constatou a prática de violência doméstica e familiar, cometida pelo secretário de Meio Ambiente de Candeias, determinando medidas protetivas de urgência para a vítima, entre elas: restrição do porte ou suspensão da posse de armas, proibição da aproximação da ex-mulher, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de 300 metros de distância entre estes e o agressor e proibição de frequentar a residência dos pais da vítima.
“Com um histórico deste não é difícil de acreditar que Carlos Ibiapina não tenha sido o mandante da invasão e autor da operação truculenta para contrariar as ordens do presidente do STJ”, afirmou um vereador de Candeias que faz oposição à criação da Companhia Docas do Município.
O ZERO DOIS, Carlos Ibiapina, também deverá ser chamado pela Marinha para explicar a atuação da CDC neste episódio, com um agravante: ele era Secretário de Meio Ambiente de Candeias na gestão do seu irmão e a balsa de 201 toneladas deixada à deriva poderia ter causado um acidente ambiental com graves danos ao município e aos manguezais com o derramamento de óleo.
A companhia foi instalada em 11 de junho de 2025, há pouco mais de um mês, tem o CNPJ: 61.263.156/0001-50, com NOME EMPRESARIAL: COMPANHIA DOCAS DE CANDEIAS – CDC e CAPITAL SOCIAL: R$32.549.000,00 (Trinta e dois milhões, quinhentos e quarenta e nove mil reais).O Quadro de Sócios e Administradores (QSA) constante da base de dados do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) é o seguinte: GABRIEL SILVA SUAREZ e CARLOS ANTONIO IBIAPINA como diretores; e WALTER NUNES SEIJO FILHO como presidente.
O ZERO DOIS, Carlos Ibiapina, e o ex-prefeito Dr. Pitágoras foram contatados pela reportagem do Correio da Manhã em telefonemas e mensagens por WhatsApp e até o fechamento desta edição não retornaram ao nosso contato. O prefeito atendeu a chamada, pediu que fosse enviada mensagem e depois não deu retorno. Como é praxe das normas editoriais do Jornal, fica franqueado o espaço para o contraditório.

Diretor de Redação do Correio da Manhã
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