Internacional Travessias, que opera o Ferry garante que vai operar também a Travessia Salvador-Morro de São Paulo

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Como se não bastassem os péssimos serviços do Sistema Ferry-boat, a população da Bahia pode ser “contemplada” com mais uma ação da concessionária Internacional Travessias, no Estado. A companhia do empresário Luiz Carlos Castanhede está anunciando que além do ferry-boat, que faz a ligação marítima entre Salvador e Bom Despacho, na Ilha de Itaparica, vai operar também uma linha de catamarã ligando Salvador ao Morro de São Paulo e outra de Salvador à Ilha de Itaparica, que ainda está em processo de licitação.

Isto mesmo: o dono da Internacional Marítimo (Maranhão), Luiz Castanhede, que é o mesmo proprietário da Internacional Travessias (Bahia), afirmou ao inaugurar um catamarã em São Luiz do Maranhão que a embarcação “vai para a Bahia” operar a Travessia Salvador-Morro de São Paulo, que é uma concessão do Governo do Estado.

Como é então que o proprietário da Internacional já está mandando para a Bahia catamarãs para operar na linha Salvador-Morro de São Paulo se a licitação ainda está em andamento? A afirmação feita pelo dono da Internacional Travessias, em vídeo gravado, é no mínimo polêmica e contraditória, levando-se em consideração que o processo licitatório da linha Salvador-Morro de São Paulo ainda está em curso e vai até o dia 28 de maio.

Batizado com o nome de “Ferry Catamarã”, a embarcação que Castanhede lançou ao mar em São Luiz e que está vindo para a Bahia, segundo ele garantiu, já chegará na Boa Terra com uma pintura bem chamativa e com as cores da Bahia – vermelha, azul e branca. Castanhede disse que serão dois catamarãs, cada um com capacidade para 230 passageiros.

Em Valença, cidade do Baixo Sul com transporte marítimo forte para o Morro de São Paulo e Boipeba, os operadores andam preocupados com as “pesquisas feitas” no local por prepostos da Internacional Marítima em embarcações e equipamentos. Há informações sobre a proposta para a compra de uma embarcação tipo catamarã, de um transportador de Valença, feita pela empresa de Luiz Castanhede.

Com um contrato de 25 anos com o Governo da Bahia, assinado em 2014 na gestão do então governado Jaques Wagner, a Internacional Marítima nunca investiu um centavo sequer no Sistema Ferry-boat, que está com as embarcações (todas pertencentes ao patrimônio público) completamente sucateadas. Todo o dinheiro aplicado no sistema sempre vem do contribuinte baiano, com o governo investindo milhões em um serviço explorado por uma empresa da iniciativa privada.

Nem mesmo nos dois navios usados que vieram da Grécia, batizados aqui de Zumbi dos Palmares e Dorival Caymmi, incorporados à frota do Sistema Ferry-boat em 2014, a Internacional Travessia investiu alguma coisa. Vale lembrar que na época a compra dessas embarcações pelo Governo da Bahia motivou uma série de denúncias sobre superfaturamento. Descobriu-se que o escritório da empresa que vendeu os ferries ao Governo da Bahia funcionava na verdade em um salão de beleza em Lisboa, capital de Portugal. A empresa Happyfrontier faturou na época a bagatela de R$ 56 milhões. Tudo sem licitação.

Queixas são constantes

Sujeira nos terminais e embarcações sanitários horríveis, baratas, descumprimento dos horários estabelecidos pelo governo, através da Agerba, falta de manutenção nos ferries e descaso, muito descaso para com as reclamações dos usuários contra a concessionária Internacional Travessias.

Esses problemas são enfrentados diariamente por milhares de pessoas que utilizam O Sistema Ferry-boat. Pessoas da capital e da Ilha de Itaparica, profissionais liberais e trabalhadores que precisam utilizar diariamente os ferries. O sistema também é muito utilizado por turistas que chegam à Bahia e saem cheios de queixas sobre a as péssimas condições dos equipamentos do sistema.

Inspeção do Ministério Público

A Internacional Travessias, que também quer operar serviços de transporte marítimo para Morro de São Paulo e Ilha de Itaparica, sofreu recentemente uma inspeção do Ministério Público da Bahia, que identificou uma série de irregularidades no Sistema Ferry-boat, no Terminal Marítimo de São Joaquim e em embarcações que realizam a travessia Salvador-Itaparica. A Internacional também recebeu multa de R$ 1 milhão da Prefeitura de Salvador por falhas constantes na prestação do serviço ao consumidor.

A fiscalização foi realizada pelo MP, por meio das promotoras de Justiça Leila Seijo e Thelma Leal, com a colaboração da Superintendência Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), Diretoria de Ações de Proteção e Defesa do Consumidor (Codecon), Corpo de Bombeiros, Polícia Civil, Vigilância Sanitária, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Divisão Nacional de Vigilância Sanitária (Divisa).

Também foram identificadas irregularidades quanto à acessibilidade e condições sanitárias. Segundo a promotora Thelma Leal, o contrato de concessão firmado, em 2014, entre o Estado e Internacional Marítima, está sendo descumprido pelas duas partes.