Por Victor Pinto
Na entrevista ao programa Boa Tarde Bahia, veiculada pela Band Bahia, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) fez uma cobrança pública ao adversário ACM Neto, revelando-se mais agressivo do que é habitual no tom petista moderado. Importante observação. Seja pela certeza da pancada ou por temer questões futuras.
O inquilino do Palácio de Ondina exigiu que Neto se pronunciasse sobre denúncias que envolvem Antônio Rueda, presidente nacional do União Brasil, acusando-o de relações com aeronaves utilizadas por membros do PCC. Também questionou o silêncio de Neto sobre a PEC da Blindagem, algo que Bruno Reis, aliado de primeira hora do netismo, destacou ser desnecessária a manifestação visto que Neto não é um congressista, mas transita tão bem em Brasília como fosse, diga-se de passagem.
E esse discurso invade o terreno duro da disputa que seguirá: a pesquisa Real Time Big Data, divulgada no início da semana passada colocou Neto com 40% das intenções de voto, contra 36% de Jerônimo. Na margem de erro de três pontos, estamos diante de um empate técnico. A pesquisa confirma que não há liderança consolidada, ainda, apenas contagem curta entre adversários de força.
Nesse contexto, as declarações de Jerônimo têm função dupla: antecipar terreno simbólico e forçar o debate antes que Neto domine a narrativa. O tom elevado, creio, se vale de um cálculo: mostra que não se intimida com acusações e que exige protagonismo, mas também expõe fragilidades, se, quem sabe, a retórica ultrapassar o controle, terá chumbo trocado. Na vibe: se me atacar, vou atacar.
Politicamente, na Bahia, essa estratégia pode funcionar em cidades médias e no interior onde o eleitor ainda responde forte a discursos de embate moral. Mas em Salvador, onde Neto tem mais penetração, creio que não tem tanta penetração. Importante: esse tipo de cobrança pública deixa clara que Jerônimo aposta não só em obras e gestão, mas em polarização no campo da disputa eleitoral.
Em suma: Jerônimo subiu o tom e não foi por acaso. Ao lançar o desafio na bancada da Band News, ele quis provocar e colocar Neto sob pressão, mesmo negando um debate cara a cara sugiro pelo colega Luís Filipe Veloso. Isso deve ficar para agosto do ano que vem, se nenhum dos pretensos candidatos fugirem do futuro e tradicional debate da Band. A conferir.