Por Ernane Gusmão
Licor de anis, azul, embriagante,
A cada gole meus desejos trais.
O vulto da singela e doce amante,
Fluidos perfumes, densas espirais.
Eu sorvo a tona desse anil bacante
E me inebrio em delírios tais…
Ouço o murmúrio dela, soluçante,
Em sintonia com meus mudos ais.
A timidez me prende, relutante
O coração reclama- segue avante,
Por que não quebras o temor e vais?
E quêdo embora, bafejou-me a graça,
Licor de anis sumiu da minha taça,
Mas ela… dos meus olhos… nunca mais!
————————————————
Médico, poeta e instrumentista