Por Gilson Nogueira
Acordo com a voz de uma das filhas e corro para o celular da mãe delas. A saudade boa de sentir chora e o beijo do vovô mistura-se com o dengo do americaninho torcedor do Baêa.
Com o peito nu, visto uma lacoste velha e corro para a janela da sala de onde aprecio estrelas nas brechas do Céu mais bonito do Brasil.
” Ôbá, vai fazer sol, amanhã!”, exclamo, com a boca fechada. Falei com a alma, fitando as Três Marias, silenciosamente, no brilho de Deus.
Veio-me uma tristeza retada, no ato, ao lembrar a notícia da tragédia marinha ouvida, horas antes, na televisão.
O sono empurra-me para a cama. Não consigo dormir, de novo. Há uma tragédia aquática assombrando o velho de alguns anos de praia na Capital di Berimbau. A alegria que ensaiava os passos carnavalescos no Farol da Barra, abre os braços da solidariedade para chorar junto aos que perderam parentes e amigos na tragédia do dia.. A noite ficou de luto!
A dor da perda de irmãos em Cristo tira a graça do momento. O luto é a cor da fanrasia.
“Adeus !”, ouve-se a noite da Bahia em bloco. Alegria e tristeza caminham juntas na avenida do paradoxo. O silêncio calou a bateria que ensaiava. “A alegria chora!”,
Falo, sozinho.
Deus conforte os que sofrem!
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Jornalista