Por Alcione Bastos
Donatien Alphonse François de Sade, o Marquês de Sade foi um nobre, político revolucionário, filósofo e escritor francês famoso por sua sexualidade libertina. Nascido em 1740, O Marquês de Sade ficou bastante conhecido em todo o mundo por sua literatura erótica, sendo um dos seus principais escritos “ Os Contos Proibidos do Marquês de Sade”. Posteriormente, virou filme protagonizado por Geoffrey Rush e Kate Winslet. Foi dele a origem da palavra sadismo. Sade também teve experiências sexuais um tanto incomuns principalmente para a época. Passou um terço da sua vida preso e morreu em 1814.
Muitos autores e cineastas retratam a sexualidade no seu aspecto mais obsceno, expondo ao público o que não confessamos nem a nós mesmos. Alguns filmes eróticos sem serem considerados pornográficos, trazem temáticas importantes que em geral são desconfortáveis ao grande público mas não menos importantes na mensagem que eles podem transmitir. Temas como Pedofilia, Abuso sexual, Violência Sexual, Ninfomania, Fetiches, Fantasias Sexuais, Sado-masoquismo, Gerontofilia, Hebefilia, Ménage a Trois e, até mesmo a Infidelidade Conjugal podem ser consideradas desconfortáveis. A lista é muito maior do que esses poucos exemplos aqui citados.
É certo que a sexualidade não é nem de longe melhor descrita e vivenciada como algo asséptico, puro e recatado como gostariam os moralistas de plantão. Ao contrário, ela tem uma complexidade que surpreende até os psicanalistas e estudiosos da área. Origem de toda sorte de conflitos internos e conjugais, caso fosse vivenciada na íntegra e de forma explícita tal como pode alcançar a imaginação ou nas mais secretas fantasias masturbatórias.
Algumas vezes sou procurada por casais ou por homens e mulheres individualmente que estão insatisfeitos com sua vida sexual. Alguns deles possuem algo em comum. Mulheres com pouco desejo sexual pelo seu parceiro e homens queixosos da sua pouca frequência sexual. Existem diversos motivos que levam um casal a ter problemas na sua vida sexual. Podem ser disfunções de um ou de ambos, relacionadas à falta de desejo de um dos parceiros, problemas na excitação sexual, dificuldade de alcançar o orgasmo, inadequações no ritmo e na frequência sexual, problemas não relacionados aos órgãos sexuais. Cada um desses possuem variáveis que podem estar relacionadas com a parte orgânica, seja anatômica, fisiológica, hormonal ou causados por diversas doenças ( neurológicas, vasculares, degenerativas, auto-imunes, etc). Além dos problemas bastante comuns, relacionados à cultura, hábitos, crenças, religião, profissão, criação dos filhos, animais de estimação, situação financeira, valores etc.
Muito comum são as queixas das mulheres com relação à seus parceiros. Algumas dessas mulheres já me confessaram que gostariam que os parceiros tivessem mais “pegada”. Uma delas me falou que o marido a tocava como se ela fosse um “cristal”.
Alguns fetiches são comuns à maioria da população e fazem parte do repertório sexual, não devendo ser visto como perversão. Tudo o que for feito pelo casal, desde que haja consenso entre as partes e que não prejudique nem ofereça riscos à saúde dos praticantes, pode ser encarado como parte do jogo sexual.
Muitos homens e também algumas mulheres dizem que gostariam que sua parceria fosse mais aberta à fantasias e outras práticas sexuais variantes. As fantasias sexuais, quando compartilhadas com a parceria, ajudam a aumentar o desejo sexual entre os parceiros e apimentar uma relação que esteja morna e rotineira. Lembrando que nem toda fantasia pode ou deve ser realizada, sob o risco de comprometer o futuro do relacionamento. A maioria delas inclusive são mais interessantes apenas como fantasias, causando decepção ao serem realizadas. Não é raro algumas pessoas relatarem que a fantasia era melhor do que foi a sua realização.
No recente filme “Babygirl” protagonizado por Nicole Kidman e Antonio Banderas, a personagem não consegue se realizar sexualmente com seu parceiro e um dia confessa a ele que durante os 19 anos de relacionamento, nunca havia chegado ao orgasmo na relação sexual com ele. Essa mesma protagonista se vê completamente fascinada por um rapaz bem mais novo que ela que lhe submete a várias situações que poderiam ser consideradas humilhantes e no entanto ela não apenas gosta como se realiza sexualmente como nunca havia conseguido com o seu marido. O enredo pode deixar público com vários questionamentos. Imagino que seja essa mesmo a intenção.
Lembra muito uma série europeia chamada: “Amor e Anarquia” onde uma grande executiva se envolve com um rapaz bem mais novo, estagiário da editora onde ela trabalha. A trama é bastante interessante. Para quem não viu, recomendo.
A sexualidade por mais que possa ser estudada e explorada, sempre guardará segredos não revelados nem para a própria pessoa. Faz parte do mistério que a envolve e que muitas vezes tentamos desvendar. Tal como um poço artesiano, quanto mais cavamos mais água de lá sairá, resta saber se teremos recipiente adequado para contê-la.
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Médica e sexóloga/@dra.alcionebastos