Mercado Modelo é tela da 5ª edição do SSA Mapping até domingo, 13

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Artes visuais, tecnologia, memória, espaço público: estas são as palavras-chaves do SSA Mapping, que chega este ano à sua 5ª edição. Maior festival do gênero do Nordeste do país, o evento segue sua itinerância por cartões postais da capital baiana e se instala agora em um dos cenários mais conhecidos da cidade: o Mercado Modelo. Até o dia 13 de outubro, a programação totalmente gratuita tem o final de semana como ponto alto, aos pés do Elevador Lacerda, na praça que agora leva o nome da guerreira Maria Felipa, com obras visuais projetadas na fachada do prédio histórico. Nos dias de semana, de terça a sexta, um ciclo de atividades de formação difunde conhecimentos sobre o universo do videomapping. Os destaques ficam nas performances de música-imagem, com os encontros da orquestra de berimbaus de mulheres Igbadu com VJs Vic Zacconi e Maribê, da banda Aguidavi do Jêje com yow! e do cantor Lazzo Matumbi com VJ Kelly Pires, além das mostras com participação de 180 artistas e outras variadas instalações e intervenções urbanas, numa concepção de “festa das luzes”. Idealizado e produzido pela Baluart Produtora e Agência Ilimitado, o SSA Mapping tem patrocínio do Nubank, com realização através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura e Governo Federal.

“A cada edição, o SSA Mapping ocupa uma diferente praça da capital baiana, voltando seus projetores para a fachada de um dos nossos patrimônios materiais. A tarefa não é simples, mas fazemos questão de caminhar pela cidade por acreditar que cada território traz diferentes memórias e diálogos com essa Salvador cheia de história para contar”, afirma Lívia Cunha, diretora criativa do projeto, que assina a sua gestão e curadoria ao lado de Fernanda Félix e Zé Enrique Iglesias. “Neste ano, ampliamos a programação, expandindo nossa ocupação da fachada para toda a praça, incluindo novas experiências interativas e imersivas com instalações de arte e tecnologia. Também criamos um ciclo formativo mais completo, com mentorias, debates, palestras, oficinas e rolés para todas as idades, de modo a qualificar, cada vez mais, a classe artística local”, completa Lívia.

No domingo, a agenda começa às 16h, com os chamados “Rolés”: passeios guiados que buscam aproximar o público ao território, com audiodescrição para pessoas com deficiências visuais também participarem. No primeiro dia, o “Rolé” se veste de “Rolezinho – Prosas da Baía”, para crianças e adolescentes de 11 a 17 anos, fazendo um roteiro pelo Comércio, finalizado na Casa das Histórias de Salvador, conduzido pela pesquisadora e fotógrafa Gal Meirelles (BA) e orientado por textos da literatura baiana, com autores como João Ubaldo Ribeiro, Damário Dacruz, Caetano Veloso, Jorge Amado, Kátia Borges, Deisiane Barbosa, Cuíca de Santo Amaro, Minelvino Francisco Silva, dentre outros. No segundo dia, a historiadora Naiara Natividade (BA) apresenta “Retratos da Bahia – História e Desenvolvimento da Região do Comércio”, propondo um mergulho nas memórias vivas do bairro.

Às 17h, a Feira Criativa, com arte e gastronomia, começa a funcionar na Praça Maria Felipa. Logo em seguida, às 18h, a programação artística começa. Na área, nos dois dias do final de semana, o público poderá ver a “Mostra 360º”, com 15 obras nacionais e internacionais, numa instalação Fulldome – estrutura geodésica com projeção interna. Também estará em ação a intervenção em projeção mapeada “Phoenix”, de VJ Spetto (SP), no Monumento à Cidade do Salvador, famosa escultura de Mário Cravo Júnior. A “Gangorra”, do artista visual Augusto Leal (BA), reelabora o brinquedo que a nomeia. Homem Gaiola (MG) faz a “Digital Landscape”, um lasermapping sobre o Elevador Lacerda e o frontispício do paredão que divide Cidade Baixa e Cidade Alta. A obra inflável “Ventura”, de Amanda Lobos (ES), será ostentada sobre o mar. VJ KÆ (BA) e Fino Finíssimo (BA) apresentam a instalação interativa “Particularidades do Movimento”, ativada pelo movimento de visitantes. Marcelo Zig (BA) performa “O Afrodef e A Cadeira de Som”, um super-herói ancestral e anticapacitista que transforma sua cadeira de rodas em um sound system. Para a criançada, garantindo que este seja um lugar perfeito para celebrar o seu dia, vai ter um espaço especial com muitas brincadeiras, incluindo pintura facial e pula-pula, junto com a obra infantil “ACASO SURREAL 2”, de Kelly Pires (SP), e a performance em perna de pau com bolha de sabão gigante de Bia Gigante (RJ).

A programação do SSA Mapping garante acessibilidade. Para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, idosos, gestantes, lactantes, com crianças de colo e outras prioridades, há setor de acolhimento, com audiodescrição de obras exibidas, distribuição de protetores auriculares, mobiliário adaptado, banheiro acessível e monitoria capacitada, além de acesso ao frontstage durante os shows, que terão tradução em Libras. A Praça Maria Felipa é totalmente plana e conta com rampa de acesso, e estará disposta a descrição sonora do espaço no mapa de entrada e nas instalações artísticas. Cardápios acessíveis estarão disponíveis na venda de alimentos e bebidas.

MOSTRAS DE VIDEOMAPPING E PERFORMANCES DE MÚSICA-IMAGEM

O volume de mostras de videomapping no 5º SSA Mapping é grande. O centro está na Mostra Principal, com curadoria de Spetto, o mais influente VJ do Brasil. Tem também a Mostra Aberta, com trabalhos inscritos do Brasil e do exterior, e a Mostra Especial, com dez trabalhos que incluem homenagens ao Cordel, aos 60 anos da Feira de São Joaquim e a Jayme Fygura. Como de costume do evento, uma performance de música-imagem encerra a agenda de cada dia – e, neste ano, é também uma apresentação do tipo que marca o início das mostras, sempre a partir das 19h.

“Para a Mostra Principal, a seleção de artistas procurou aprofundar os laços interestaduais, privilegiando encontros inusitados, porém coesos em sua forma de pensar e criar. Temos Hyfa Cybe e Sarah Ahab, que misturam corpo e programação em Touch Designer. Ou Keila Sankofa e Preto, que trazem a técnica do videomapping aliada à narrativa amazônica. Temos ainda o Coletivo Coletores, com linguagem forte e de protesto. Fixxa e Gabiru, com a voz das ruas junto à técnica primorosa. A psicodelia e a linguagem das raves de Bang e Bug e ainda os estudos avançados em inteligência artificial de Indução e Koba. Essas misturas que unem artistas de Norte a Sul, Leste a Oeste do país mostram uma riqueza que extrapola o convencional e afirma que a arte não tem fronteiras nem regiões. Quando ela tem discurso forte, aponta para caminhos que fazem a mente expandir, e isso é um dos grandes objetivos do SSA Mapping: fazer a mente voar”, descreve VJ Spetto.

Depois vem a Mostra Aberta, que exibe em dois dias um total de 36 trabalhos de realizadores de todo o país e do exterior, selecionados por meio de inscrição pública, e a abertura da mostra especial com “Homenagem ao Cordel”, com duas obras: “Cuíca de Santo Amaro” e “Bule-Bule”, ambas de Artur Soar (BA), VJ Koba (DF) e Klimt Publicidade (DF), sob direção de Cairé Tonelli (SP).

No dia 13, serão outras cinco obras na mostra especial: “TRAMA e Articulação dos Movimentos e Comunidades do Centro Antigo de Salvador”, do TRAMA (BA) e Articulação Centro Antigo (BA); “Salvaguarda”, de Cabokaji (BA), Áquila (BA) e Józá no Departamento de Gestualidades (BA); “60 Anos da Feira de São Joaquim”, de Anihaze (SP), VJ Grazzi (SP) e Arquivo Zumvi (BA); “Cerrado 2000ug”, do Corrocobó, formado por Igor Alves e Theo Lisboa (MG), e Cerrado Mapping (MG); e “Farpas Reluzentes – Homenagem a Jayme Fygura”, de Daniel Lisboa (BA) e VJ KÆ (BA). Fechando o festival, vem a performance de música-imagem que une Lazzo Matumbi, a maior voz da Bahia, com a VJ Kelly Pires (SP).