Michelle Bolsonaro e a cadeira da presidência

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Por Alessandra Nascimento
Em ano de eleição é sempre assim: idas e vindas de grupos políticos, tentativas de emplacar nomes, discussões com marketeiros e muito diálogo e convencimento para que o “casamento” siga dando certo. Este ano, menos mal, eleições municipais, mas 2026 serão eleições para cargos estaduais e federais, incluindo governador e presidente.

O que se está plantando em 2024 é para se colher em 2026 na politica. E esse pensamento vai se fortalecer mais até outubro. Na segunda semana de março, Salvador recebeu o ex-presidente Jair Bolsonaro, acompanhado de sua esposa e sua comitiva que estiveram no encontro do PL, no Centro de Convenções da capital.

Nem mesmo com o MST ocupando a Avenida Paralela, uma das principais avenidas da capital que tem seu percurso passando pelo Aeroporto da Cidade, foi capaz de impedir que o “mito” e seus eleitores se dirigissem ao espaço em que se realizaria o encontro do PL, no Centro de Convenções.

Mas saindo de Jair Bolsonaro vou falar de uma presença importante que cada vez mais ganha independência enquanto figura política: a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, dona de inteligência e muita perspicácia.

Michelle, na Bahia, grande celeiro político do PT, conseguiu arrebatar a Comenda 2 de julho, concedida pela Assembleia Legislativa da Bahia, com a após a proposta do deputado estadual Leandro de Jesus (PL). A Comenda é uma das maiores honrarias do Estado e sem deixar por menos Michelle aproveitou para defender pautas essenciais da direita como o posicionamento contra a legalização do aborto e das drogas, criticar abertamente a saída de famílias do Bolsa Família e não vamos nos esquecer que, no último dia 8, Dia Internacional da Mulher, sua declaração sobre o apoio das mulheres aos homens na chamada ‘política colaborativa’, expressão usada por ela em seu discurso, apresenta uma mulher madura, politicamente falando, e com um diálogo aparentemente mais calmo, controverso ao de seu esposo, o capitão, sempre duro com as palavras e, de certo modo, afastando muitos eleitores. Na fala Michelle sensibiliza. Não muda o tom de voz, não se exaspera. Ao contrário, ela não está mais à sombra de Bolsonaro. Sua passagem por Salvador mostrou sua segurança como “ser político” capaz de disputar qualquer cargo eleitoral. Sem contar a moção de aplauso aprovada por unanimidade pela Câmara Municipal de Camaçari. Isso, por si, mostra o peso do seu nome.

Michelle tem personalidade própria. Recebeu Moção de Aplauso por unanimidade pela Câmara Municipal de Camaçari, um dos maiores distritos industriais do Nordeste. Seu trabalho com Pessoas com Deficiência é uma pauta apolítica desculpem-me e é uma bandeira social e assistencial importante. Se ela já vinha com destreza atuando nas discussões de direitos das pessoas com deficiência, agora seu trabalho teve maior grau de relevância com a inserção das pessoas com deficiência oculta dentro do amparo da lei 14.624/23. Pautas de áreas de saúde e assistencial são de extrema relevância em nosso país cujo sistema público de saúde deixa a desejar e é preciso projetos de lei para obrigar o estado a cumprir a lei que ele mesmo aprovou.

Se numa ponta está Bolsonaro lutando para se defender dos atos do 8 de janeiro de 2023 correndo risco de prisão e inelegibilidade para um STF com pouca paciência temos Michelle se mostrando mais uma alternativa no cenário político. Recentemente questionado da participação da esposa nas futuras eleições presidenciais Bolsonaro habilmente descartou.

Uma coisa é certa: a direita vai ter muito o que discutir daqui para a frente. Além de Zema (governador de Minas Gerais) e Tarcísio de Freitas (governador de São Paulo), ambos nomes com grande resistência na própria direita, temos Michelle como uma possível apaziguadora e que deve ser cada vez mais “testada” politicamente para uma eventual possibilidade de ocupar um cargo público. Eleitor para elegê-la ela tem de sobra. Quem sabe até para uma possível candidatura presidencial de 2026.

Ainda é cedo para qualquer análise ou colocação. Como disse as peças começam a se apresentar no jogo político das eleições municipais que podem ou não ter relevância nas eleições majoritárias. Isso vai depender do que vai acontecer ate lá.
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Editora-chefe do Site Café com Informação; Articulista do Jornal Tribuna da Imprensa, do Rio de Janeiro; Correio Regional e Portal Noticia Capital; ex-correspondente Internacional