Nova gramática explica a língua portuguesa sem complicação

  • Post category:CULTURA
No momento você está vendo Nova gramática explica a língua portuguesa sem complicação

O professor de Língua Portuguesa e de Literatura Brasileira em escolas públicas e
privadas de Salvador e professor de Metodologia e Prática de Ensino de Língua
Portuguesa I e II, na Faculdade de Educação da UFBA, José Felício de Oliveira
(também conhecido por Professor Felício) lançará este mês mais uma obra em que
esmiúça com clareza a língua portuguesa, explicando sobre as relações
estabelecidas entre duas ou mais palavras, seja no campo da coordenação ou da
subordinação das orações, que permitem a expressão do pensamento através da
linguagem.
Em “O processo de coordenação e de subordinação da língua portuguesa:
paralelismo de construção e hierarquização do pensamento”, o autor desperta o
gosto pela gramática ao levar o leitor a uma fácil compreensão das relações
semânticas e sintáticas criadas entre as diferentes classes de palavras,
desprezando por conseguinte o recurso da memorização, que é bastante usual entre
os alunos. O lançamento da obra acontece no dia 25 de outubro, na Biblioteca da
Faculdade de Educação da UFBA, no Vale do Canela (Av. Reitor Miguel Calmon),
em Salvador.
Baiano de Cícero Dantas, formado em Letras Clássicas: Português e Latim, o
professor Felício tem 81 anos e é autor da “Gramática do conceito e da relação”,
livro publicado pela EDUFBA, em 2019, além do “Curso prático de redação e
gramática”, elaborado em 1997, em parceria com Lúcia Gáspari, Lúcia Cardoso,
Virgínia Sampaio e Juvenal Serra. Ainda no domínio da língua portuguesa, prepara
“Desafios da linguagem”, livro que está em fase final de produção, previsto para ser
lançado em 2024. Também é de sua autoria “Contravento” (crônicas), publicado em
1978.
O professor Felício compôs também os cordéis “Ziza, a professorinha” (história de
uma saudade), “Não mate a vaca p’ra dar fim ao carrapato” (sobre a educação
brasileira), “Papai Noel nordestino” (sobre a desfiguração do velhinho ao chegar ao
Brasil), “Brasil verso e reverso ou Brasil de popa a proa” (sátira sobre a vida do
brasileiro), “Trocados e trocadilhos: filosofias do contraditório” (um jogo de palavras
que mostra as contradições do brasileiro), “O rico e o pobre”, “Sorte fugiu de mim”,
entre tantos outros. Nenhum deles ainda foi publicado, apesar de alguns deles terem
sido escritos no final do século passado.
Leia abaixo uma breve apreciação sobre “O processo de coordenação e de
subordinação da língua portuguesa: paralelismo de construção e
hierarquização do pensamento”, escrita pelo autor:
“Trata-se de um livro que foge ao imediatismo do aprendizado por memorização, ou
da apreensão do conhecimento através do que já está pronto (o prêt-à-porter), mas
de como as relações se estabelecem dentro da linguagem. Essas relações
independentes e paralelas são mostradas de forma muita clara, no campo da
coordenação, em que as ideias se somam, se opõem, se alternam, se concluem e
se explicam num sequencial ou num encadeamento de sucessão, enquanto as
relações dependentes se hierarquizam a partir de um eixo condutor que vai
estabelecer a função de cada uma delas como substantiva (e todas as funções que
o substantivo ocupa dentro do processo estrutural de linguagem), como adjetiva (e
as funções que o adjetivo ocupa, idem) e como adverbiais (e todas as funções
circunstanciais que o advérbio ocupa no eixo de sua hierarquização). No caso da
subordinação, não importa a forma com que apareçam: sejam elas desenvolvidas,
reduzidas, sejam elas na voz ativa, passiva).
Como se vê, não é um trabalho para a memorização, mas de compreensão de um
processo que se desdobra em outras possibilidades de construção, sempre premido
pelo campo semântico que essas relações exercem dentro do contexto, daí as
flutuações desses elementos passando de uma classe para outra.
O livro apresenta, após todo o aparato criado para essas distinções, um farto
exercício de fixação de todo o processo, seguido de respostas explicativas para
cada exemplo, sempre no encalço da compreensão ajustada a cada caso, para
aproximar todo aquele que quer se assenhorear do processo e fazê-lo fugir do
simples “decorar”, que não leva ninguém a qualquer aprendizado que mereça ter
esse nome.
Toda a linha de trabalho deste livro toma como base a relação que se estabelece
entre duas ou mais palavras. Com duas palavras já se estabelece uma relação
sintática entre elas. Quando digo “casa de farinha”, entre casa e farinha estabeleci
uma relação de subordinação entre elas, ou seja, uma relação de finalidade: a casa
serve para fazer farinha. Se digo “Juca promete e não cumpre”, estabeleci uma
relação de soma oposta entre duas informações: promete +`não cumpre. É uma
relação coordenativa adversativa, e não aditiva, porque elas se opõem. Mas se digo
“Seus olhos estão vermelhos porque você chorou”, estabeleci uma relação de
hierarquização, em que a causa se antecede à consequência (o choro gera as
lágrimas, é uma relação subordinativa de causa). E assim segue: em “Prometi que
você aprenderia sintaxe facilmente” e “O velhinho que distribui presentes chegou”,
vê-se que, no primeiro exemplo, a oração encabeçada por “que” é função
complementar da anterior; no segundo exemplo, o ”que distribui” é uma função
restritiva a velhinho, é como se dissesse “O velhinho distribuidor de presentes
chegou”. E assim é trabalhado todo o processo de coordenação e de subordinação
da nossa língua, mediante exemplos esclarecedores e firmados no domínio da sua
construção.
Entender acima de tudo, e nunca “decorar”. Isso é feito no campo da coordenação,
que é um processo de sequenciar informações independentes, quer no campo em
que o ordem de sequenciamento da estrutura é aleatório (catataxe), quer no campo
em que a ordem é obrigatória (parataxe), como também no da subordinação, em
que a hierarquização se estabelece num fluxo de dependência, em que uma oração
assume a função de agregadora de outra ou de outras da qual depende ou
dependem como função dela.
Não resta dúvida de que se trata de um livro para quem deseja mesmo aprender o
processo e não quer se enganar apenas com a memorização.”
Sobre sua obra anterior, “Gramática do conceito e da relação”, José Felício de
Oliveira comenta:
“Nesse trabalho, propôs-se juntar as 10 classes gramaticais em apenas duas:
conceito e relação. Ninguém pode construir sintaxe sem relação e, por isso, a
exemplo do jornalista-educador Gianni Rodari, criei um binômio lógico ou sintático
para trabalhar as relações que se estabelecem na língua portuguesa, assim como
criou Rodari o seu binômio fantástico para que as crianças pudessem criar eixos de
ligarão entre termos de campos semânticos bem diferentes (que não revelassem,
aparentemente, nenhuma relação de proximidade entre seus conceitos. A partir
dessa visão, construímos inúmeras possibilidades de relação no campo das
conexões intervocabular e interoracional de que se compõem a nossa língua.”