Por Victor Pinto
O partido Avante, sem sombra de dúvidas, fez o seu dever de casa sobre a realização do Encontro Nacional da legenda em solo baiano. Mais do que o diretório, esse dever de casa citado fica para Ronaldo Carletto. Não muito adepto às entrevistas, declarações polêmicas ou até mesmo movimentos políticos agressivos, foi numa conversa aqui e acolá que o ex-deputado do PP resultou no crescimento da sigla em número de prefeitos e filiados, diga-se de passagem. Diferente de um partido antes nas mãos do Pastor Sargento Isidório e do secretário da Agricultura, Tum, forjado apenas para seus interesses de nicho.
Carletto, preterido da presidência do PP, quando queria fazer o movimento de tomada das rédeas, inclusive conduzindo a sigla de retorno à base governista em detrimento ao grupo Netista, migrou para o Avante e fez da sigla, com as bênçãos, principalmente do ex-governador Rui Costa (PT), uma legenda pujante no arco de aliança do governo Jerônimo Rodrigues. O Avante supre a lacuna deixada pelo PP que abandonou o antigo teodolito, batizado por João Leão, e atua na fórmula do freio e contrapeso ao tamanho do PSD de Otto Alencar no mesmo grupo.
A teoria dos Freios e Contrapesos é da esfera político-jurídica, mas pode ser facilmente equiparada no caso narrado. O princípio originário implica na regulação do poder através de uma interação entre os diferentes poderes, garantindo que cada um possua a capacidade de exercer suas funções de forma autônoma, ao mesmo tempo em que é sujeito ao controle dos demais. Esse arranjo visa prevenir abusos de autoridade por parte de qualquer dos poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário. Assim, embora cada um detenha sua independência e autonomia, é essencial que trabalhem em conjunto, em prol da harmonia e equilíbrio do sistema.
Embora cada partido aliado tenha sua vida própria, um ajuda a controlar abusos do outro, por exemplo. O PT, sabiamente, não quer ser refém de uma sigla. Foi essa a história mostrada em 2022 quando houve o rompimento com o PP. Nessa conduta também aconteceu o contra-ataque com o MDB, mas que não tem a musculatura do PSD. O partido de Otto cresceu muito em nível nacional. Para tanto, em solo baiano tem uma das maiores bancadas na Assembleia, tem baianos filiados em posição de destaque no Congresso, sem contar as prefeituras e as interferências regionais. Para tanto, para “ter” assim, tem que existir uma sigla que possa, minimamente, carregar as mesmas características para rivalizar. O PP fez isso antes, o Avante faz isso agora.
Fiz essa analogia, mesmo que sucinta, ao senador Jaques Wagner (PT), o líder político do grupo governista que abriu o caminho em 2006. Ele é defensor da tese de que seu grupo está no poder porque compartilha troféus e não é somente um quem ganha. Isso se deve ao crescimento das siglas. Sobre o Avante, negou uma disputa tácita por 2026 no espaço da majoritária, alegou ter crescimento com todos próximos e lembrou o MDB e o PP, mas evitou traçar cenário com o PSD. Assim, alijou os aliados de Otto da chapa de 2026, quando disse que os únicos nomes postos são do governador Jerônimo Rodrigues (PT) e o dele para reeleição no Senado.
A eleição de 2024 será importante para o crescimento do Avante, que possui ramificações suas em outras legendas também, vide o PP. Se essa força do Avante prosperar em 2024, poderá, quem sabe, ameaçar até a concentração mais densa, no âmbito nacional, que fica em Minas Gerais, terra de Luis Tibé, deputado federal e presidente nacional da sigla que aqui também esteve. Carletto está de olho na majoritária de 2026, isso é inegável. Seu contraponto ao PSD será colocado à prova. A conferir.